Geraldo Alckmin do caos a lama
24 de março de 2014
O governador Geraldo Alckmin está desesperado. Com a proximidade das eleições, não sabe mais o que fazer para resolver o problema da falta de água. O mandatário quer evitar o racionamento de qualquer maneira. Essa ideia absurda de retirar água do fundo da represa - literalmente da lama - é uma prova de onde o governo se encontra. Mas não é só o governador que vem se atolando. Tem uma cidadezinha de 30 mil habitantes que se divide entre a Região Metropolitana e o Vale do Ribeira e que vive a mercê do descaso do governo estadual.
Terra de Muitas Águas
Esse é o significado de Juquitiba, uma cidade localizada nas
extremidades da Rodovia Regis Bittencourt, dotada de 100% de áreas de
mananciais. Porém, assim como o governador, se encontra na lama.
Juquitiba tem um dos menores IDH’s do estado. As possibilidades de se
desenvolver são escassas por causa das rígidas leis ambientais. Exige
custos que o orçamento pífio de pouco mais de 57 milhões anuais não
cobre. Mal dá para tampar os buracos. Obriga o executivo a seguir
empurrando com a barriga. Sem falar nos 27 milhões em dívidas. Não
existe pesquisa de taxa de desemprego, mas também não precisa. É só
perguntar para qualquer cidadão como está a cidade. Falta saneamento
básico. Falta a maioria do básico. Falta quase tudo.
Apesar do seu rico potencial turístico e suas belezas naturais, em
Juquitiba há muita miséria. Famílias inteiras vivem em condições
sub-humanas as margens do Rio Juquiá e alocados na periferia que invade
nascentes, reservas e consome os recursos naturais que deveriam ser
preservados. Parte por causa disso, parte pela ingerência municipal ou
corrupção. Sei lá, né? Vai saber!
Para ter noção, o município não conseguiu definir suas leis especificas
por não se ver capaz de realizar essa elaboração, afinal, exige estudos e
as condições orçamentárias do município têm outras prioridades. Se é
que me entende.
Água com reflexo da miséria
Em um contrato de 2,2 bilhões fechado com a SABESP o governo do estado
vai realizar a transposição de 4,7 mil litros de água por segundo da
bacia do Rio Ribeira para Barueri, Cotia Carapicuíba, Jandira, Itapevi e
Santana do Parnaíba. A contrapartida social do projeto é o saneamento
básico do município (O que deveria ser obrigação e já ter sido feito).
1,5 milhão de famílias serão abastecidas e beberão água com gosto da
miséria.
Em outras cidades há movimentos contra a realização da transposição, sob
a justificativa que causa um enorme impacto ambiental. O que é a mais
profunda verdade. Em Juquitiba, o projeto é aceito devido às condições,
as migalhas são signos de esperança. Os guardiões da água estão
submetidos ao descaso e a negligência do governo do PSDB.
A negligência dos tucanos
O artigo 200 da constituição estadual obriga o estado a compensar
financeiramente municípios em área de mananciais e preservação
ambiental. Há mais de 30 anos que o governo do estado não realiza essa
compensação. É um estado caloteiro que consome os recursos naturais
pelas beiradas, transformando a metrópole em um imenso sangue suga.
Autodestruidor.
Da “Terra de Muitas Águas” nasceu o movimento “COMPENSAÇÃO JÁ!” com o
objetivo de cobrar essa dívida do estado. Visto por parte da população
mais otimista como um meio de colocar as coisas no lugar e garantir
recursos básicos para a população, além de assentar a cidade no rumo do
desenvolvimento, parto do pressuposto que estamos falando de
Desenvolvimento Sustentável. O movimento ganha força vagarosamente
porque boa parte da região metropolitana não está muito interessada nas
mazelas do interior.
Da lama ao Caos
A miséria que o governo dissemina consumindo todos seus recursos
naturais, sem um pingo de preocupação, onde o receio é não prejudicar-se
na próxima eleição, culmina em outras lutas árduas. Como por exemplo, o
beneficio do governo federal de 1.200 casas populares que Juquitiba
recebeu. Mas o que isso tem a ver com a transposição? O terreno que foi
indicado pela prefeitura para a construção das casas populares vão tirar
aquelas famílias que vivem em condições sub-humanas das margens do Rio
Juquiá em Juquitiba, porém as obras estão travadas pela CETESB. As
famílias estão esperando.
O terreno liberado pela CETESB para as obras da transposição não é muito
diferente em tamanho com o terreno das 1.200 casas que a instituição
travou. Enquanto isso o sonho de 1.200 famílias pobres podem ir por água
abaixo. O movimento “COMPENSAÇÃO JÁ!” questiona o estado: se pode
liberar terreno para a construção da transposição, porque não pode para
as casas populares? Afinal, a população que vive na miséria precisa ser
contemplada. Porém, permanece a velha máxima: o de cima sobe e o de
baixo desce. Só que agora está mais claro o que o governo tucano quis
dizer quando apareceu com a ideia ridícula de retirar água da lama.
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