Em entrevista, professores comentam o romance histórico "O Homem que Amava os Cachorros", da editora Boitempo.

Gilberto Maringoni (UFABC), Valério Arcary (IF-USP) e Osvaldo Coggiola (FFLCH-USP) falaram à Carta Maior sobre o romance "O Homem que Amava os Cachorros" 

Da Redação

Fábio Nassif
Por ocasião do lançamento do romance de Leonardo Padura Fuentes, "O Homem que Amava os Cachorros", a Carta Maior entrevistou os professores Gilberto Maringoni (UFABC), Valério Arcary (IF-USP) e Osvaldo Coggiola (FFLCH-USP). Eles nos contaram um pouco sobre o contexto histórico onde se passa a narrativa e indicaram as linhas mestras que compõem o romance.
 
 
Leia abaixo um trecho do livro:



“– Sim, diga-lhe que sim. Ramón Mercader recordaria pelo resto de seus dias ter descoberto a densidade doentia que acompanha o silêncio no meio da guerra segundos antes de pronunciar as palavras destinadas a mudar sua existência. O estrépito das bombas, dos tiros e dos motores, as ordens gritadas e os uivos de dor entre os quais tinha vivido durante semanas tinham se acumulado em sua consciência como os sons da vida, e a súbita queda daquele mutismo espesso, capaz de provocar um desamparo muito parecido com o medo, transformou-se numa presença inquietante quando compreendeu que, atrás daquele silêncio precário, podia esconder-se a explosão da morte. Nos anos de prisão, dúvidas e marginalização a que o conduziram aquelas cinco palavras, Ramón se dedicaria muitas vezes ao desafio de imaginar o que teria acontecido com sua vida se tivesse dito que não. Insistia em recriar uma existência paralela, um trajeto essencialmente romanesco no qual nunca deixara de se chamar Ramón, de ser Ramón, de agir como Ramón, talvez longe de sua terra e suas lembranças, como tantos homens de sua geração, mas sendo sempre Ramón Mercader del Río, de corpo e, sobretudo, alma.”



Créditos da foto: Fábio Nassif

 

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