A piedade de Cantanhêde é tão real quanto o coelho da Páscoa. Barbosa ficou “over”
Autor: Fernando Brito
O artigo de Eliane Cantanhede hoje, na Folha, quase suplicando que o Ministro Joaquim Barbosa cumpra a lei e execute a pena dada ao ex-ministro José Dirceu tal como ela foi decidida: em regime semi-aberto e não em reclusão absoluta, como vem sendo há seis meses(!), não é, infelizmente um espírito pascoal que tenha amolecido sua alma dura…
Á própria colunista o entrega, ao final do texto: o que a preocupa é que o comportamento de Joaquim Barbosa já o desqualificou como magistrado equilibrado e como ser humano zeloso da dignidade de seus semelhantes.
“Não transforme o réu em vítima, Excelência. Até porque isso teria, ou até já tem, o efeito inverso ao que queremos e precisamos.”
Se efeito que “queremos e precisamos” é o da prisão de quem se corrompa, esperamos para ver as ardentes e apaixonadas colunas da jornalista defendendo-a para os implicados no “trensalão” paulista e aqueles que, pela mesma lógica do “domínio do fato” com a qual se inculpou Dirceu, dirigiram estas operações.
Ou que ela se refira a Aécio Neves patrocinar, pessoalmente, uma candidatura ao Governo de Minas Gerais de algém que recebeu um bom dinheiro de Marcos Valério para prestar uma “consultoria jurídica” que não se expressa em um parecer, em uma petição, sequer em uma procuração destas que se manda o modelinho para ser preenchido.
Está claro, porém, que “o efeito que queremos e precisamos” é o alijamento de Dirceu e de Genoíno porque são quadros políticos capazes de dar espinha vertebral a um partido político que se desmilinguiu organicamente, o PT, ao ponto de este André Vargas, como um pateta, ficar brincando de desgastá-lo com este “renuncio-não renuncio”.
Esta, talvez, seja a percepção mais nítida que se esteja formando nas pessoas que vêem as caretas, as chicanas, os expediente de que vem se servindo Joaquim Barbosa para “perpetuar” a prisão fechada de Dirceu.
Barbosa tornou-se “over”. Demais, além da conta.
Está pondo em risco uma trabalhosa e demorada processo de erosão da imagem da esquerda brasileira.
Adoraria poder louvar o espírito humano da colunista – e o faço, se houver um decigrama disso em seu motivação – mas na idade em que estou, coelhinho da Páscoa não faz mais parte do meu imaginário.
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