O procurador Janot e o discurso de ódio de Sheherazade

publicado em 27 de março de 2014 às 20:15


Do Viomundo

PROCURADOR ACEITA REPRESENTAÇÃO DO PCdoB E INVESTIGARÁ OPINIÃO DE SHEHERAZADE
da assessoria da deputada, por e-mail
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, aceitou hoje (27) a representação da bancada do Partido Comunista do Brasil contra os crimes de incitação ao ódio praticados pela apresentadora Rachel Sheherazade através de telejornal do Sistema Brasileiro de Televisão.
Em audiência com a líder na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), o chefe do Ministério Público Federal concordou com os argumentos expostos, pediu celeridade ao caso junto do sub-procurador responsável e analisará a partir desta semana os vídeos da âncora do SBT que fazem menção ao episódio “Adote um bandido”.

Para a parlamentar, o discurso de ódio não pode legitimar atos contra o Estado democrático: “A sociedade está cansada da inoperância dos governos e da morosidade do judiciário, sabemos disso. Mas as pessoas não podem se sentir legitimadas por um discurso neofascista e sair por aí julgando e executando outros cidadãos. E no geral, os executados em sua maioria são os mais pobres e negros. Isso vai contra o mais básico e precioso de nossa democracia”, argumentou Jandira Feghali na audiência.
Ainda segundo a deputada, a representação vai no caminho de prevenir que outros veículos de comunicação preguem discursos de intolerância e preconceito no Brasil: “A opinião jornalística é livre e a defendemos, mas não se pode criar um paradigma na televisão de incitação à violência na busca da audiência e do lucro. É pra ter uma algema em cada poste? E a polícia? A justiça? É preciso repensar o que está sendo feito e disseminado na sociedade”, critica.
O procurador-geral da República concordou com a preocupação da parlamentar: “Não se pode pregar contra o Estado democrático. Isso é muito sério. Vamos agilizar o caso junto do sub-procurador responsável pela representação”, afirmou, acrescentando que irá reunir esta semana a equipe da PGR para colher informações e analisar o material audiovisual de Sheherazade frente ao SBT.
Ainda segundo Janot, um veículo de comunicação não tem controle do discurso que emite em massa: “Se você faz um discurso de ódio para a sociedade, não há como controlar o que ocorre depois por aí, como isso se dá”, concluiu.

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