O cartel não parou
Cade analisa documentos apreendidos e conclui que esquema tucano em São Paulo funcionou até 2013
Pedro Marcondes de Moura (pedro.marcondes@istoe.com.br) e Alan Rodrigues (alan@istoe.com.br)Ao analisarem documentos apreendidos pela Polícia Federal na sede de 13 companhias acusadas de montar um cartel durante governos tucanos, técnicos do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) concluíram que o esquema não teve freio. Ao contrário do que se imaginava até agora, a máfia dos trilhos não lesou os cofres públicos do Estado de São Paulo apenas entre 1998 e 2008. Foi além. Com base em e-mails e outros
documentos, o Cade afirmou que o cartel bilionário se perpetuou “até, pelo menos, o momento da realização das operações de busca e apreensão, em julho de 2013”. Isso quer dizer que as empresas continuaram a agir na atual gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB). As provas apresentadas, além de depoimentos feitos ao Ministério Público, trazem informações arrebatadoras. Todas as cinco linhas do Metrô de São Paulo teriam sido alvo de alguma fraude, e a maior parte dos contratos firmados pelas empresas investigadas com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) apresenta sobrepreço.
Réu no escândalo dos trens, Arthur Teixeira – que nega ser lobista – é considerado por promotores o elo entre as companhias do cartel e o pagamento de propina a diretores de estatais e políticos ligados ao PSDB. Por meio de suas empresas Procint e a uruguaia Gantown, Teixeira recebia recursos de serviços simulados às companhias do cartel e os endereçava a agentes públicos paulistas em troca dos contratos superfaturados, como ISTOÉ antecipou em julho. Em depoimento à Polícia Federal, o ex-diretor da área de transportes da Siemens Everton Rheinheimer declarou que entre os beneficiados estariam os secretários estaduais tucanos Edson Aparecido (Casa Civil) e José Aníbal (Energia), além do deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) e do secretário do Desenvolvimento Econômico Rodrigo Garcia (DEM). Eles negam qualquer envolvimento com as irregularidades.
Foto: Alf Ribeiro
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