Mujica e Lula compartilham visão sobre integração, economia complementar e democracia



Da Presidência do Uruguai

José Mujica recebeu na residência de Suárez y Reyes o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula Da Silva, de visita no país. A integração latino-americana, a construção de uma economia regional complementar e a afirmação da democracia na América Latina foram os temas mais destacados pelo presidente uruguaio à Secretaria de Comunicação ao término da extensa reunião.
“Lula é uma amigo do nosso país e é uma amigo da América, que sofre os problemas da América do Sul e dos latino-americanos em geral”, comentou Mujica.
“Ele sente uma profunda preocupação pelas dificuldades que temos no funcionamento do Mercosul (Mercado Comum do Sul), da Unasul (União das Nações Sul-americanas), pela pouca conversa entre os presidentes, e está pedindo vontade política para nos aproximarmos para superar as dificuldades e ver que temos uma agenda comum determinante”, acrescentou.

Entre os temas de “profunda preocupação” que apontou encontram-se o acordo do Mercosul com a União Europeia, questão na qual Lula enxerga uma oportunidade, assinalou Mujica.
A relação bilateral entre ambos os países também esteve presente nesse extenso diálogo. Em tal sentido, Mujica reconheceu a boa disposição de Lula para “sempre ativar seus ofícios” a favor de ambos os países.
Como parte de sua visita ao país, o ex-presidente brasileiro (2003-2009) terá um encontro com empresários na terça-feira, dia 18.
Mujica mencionou que a “briga” de Lula é pela construção de uma economia complementar entre os países e relembrou que “ele está levando adiante esta luta antes de começar a campanha eleitoral no Brasil”. Nesse sentido, recordou a mensagem de unidade e complementariedade entre ambos os países durante sua visita a São Paulo, que girou em torno das mesmas preocupações que hoje traz o ilustre visitante.
Lula y sua preocupação pela unidade latino-americana
Prosseguindo com o capítulo da unidade latino-americana, Mujica expressou: “Por alguma razão fomos colônia durante tanto tempo. Talvez, subliminarmente, é muito provável que nossas cabeças coletivas, sem perceber, ainda estejam dependendo dos gestos do mundo central. De se a Europa nos atende ou não, de se os Estados Unidos nos atendem ou não. E temos dificuldades para nos atendermos entre nós e, talvez, estejamos mais prestes a atender os de fora”.
“¡Sei lá! Pode ter tudo isso sim. É bom que tenhamos olho crítico de nós mesmos, porque nunca superaremos o que não começarmos a reconhecer que acontece”, pontuou.
E complementou: “O mundo, com muitos tropeços, se aglutina ao redor de gigantescas unidades. O Brasil é um país continental, mas sozinho é muito pouco perto do que está se insinuando neste mundo”.
“Qual será o nosso poder no futuro das negociações nas quais for jogada a sorte dos nossos povos? Acredito que, atomizados, o nosso papel será testemunhal. Lula representa todas essas pessoas que pensam nessa profunda preocupação. Mas não é fácil contagiar isso nas nossas sociedades”, sublinhou o presidente Mujica.
Democracia e crescimento com equidade
Para Mujica, estes problemas devem encontrar solução no contexto dos sistemas democráticos.
Sobre os desafios da América Latina, o presidente uruguaio ressaltou que “a democracia tem que atender as demandas crescentes da nossa gente. Nossas democracias não podem dar as costas para o sucesso econômico, mas o sucesso econômico sozinho pode ser para muito poucos e não necessariamente para o conjunto do povo. Aí está o verdadeiro dilema. Mas tudo bem, vamos vivendo e vamos andando”, refletiu.

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