EUA discutem riscos do Google Glass no trânsito

Discussão é se óculos conectados à internet, que têm um monitor no campo de visão periférico, podem distrair motorista. Americana que testava invenção foi multada.
Nos Estados Unidos, o Google Glass está sendo testado em grande escala: quem desembolsa 1.500 dólares obtém um par dos desejados óculos e pode fazer parte do experimento.
Cerca de 10 mil americanos participam do teste. Mas a ideia de que carros estão sendo dirigidos por motoristas que olham ao mesmo tempo para a rua e para o monitor dos óculos têm deixado muitos, incluindo especialistas em tráfego, preocupados.

Uma motorista americana já chegou a ser multada por usar os óculos conectados à internet. Mas ela não teve que pagar a multa, já que o tribunal considerou que não se poderia comprovar que os óculos estavam ligados quando ela dirigia.
Três estados americanos estão planejando proibir o uso do Google Glass ao volante. Ainda em 2014, a fase de teste do novo aparelho deve ser concluída, e os óculos podem chegar ao mercado americano.
Monitor periférico
Jan-Keno Janssen é uma das poucas pessoas na Alemanha que já olharam através das lentes do Google Glass e testaram o dispositivo. O editor da revista de informática c't Magazin achou a experiência menos espetacular do que parece.
Ele se adaptou rapidamente à novidade e achou "um pouco irritante" o fato de a tela ser relativamente pequena. Segundo Janssen, ela não só é pequena como também não está diretamente no campo de visão, mas no campo periférico – na parte superior à direita.
"Isso significa que, um pouco fora da nossa visão do mundo normal, há um pequeno monitor vagando à nossa frente", conta.
Leve e elegante. Seria o Google Glass algo tão perigoso?
O especialista em automóveis Ferdinand Dudenhöffer, da Universidade de Duisburg-Essen, diz não se surpreender com a ideia de usar o Google Glass no trânsito. Segundo ele, isso faz parte de uma tendência, "em que 'carros conectados' despejam um monte de informação sobre os motoristas".
Janssen sugere que os óculos seriam úteis para motoristas quando, por exemplo, indicam a velocidade do carro ou auxiliam os mecanismos de navegação. "Eles funcionam extremamente bem nessa função", diz.
A preocupação de que os óculos atrapalhariam motoristas principiantes, já que os olhos têm que ajustar o foco para a tela e, logo em seguida, olhar para a pista, não afligem o especialista: "Isso não foi um problema para mim, ou para todos que eu conheço que testaram os óculos."
Como um smartphone
Para Dudenhöffer, o verdadeiro problema com o Google Glass é que nele tudo pode ser gravado, tocado e utilizado, o que pode gerar um alto nível de distração.
Os óculos possibilitam a leitura de e-mails ou checar a conta do Twitter – quase tudo o que se pode fazer também com um smartphone. Estar desconcentrado atrás do volante é, naturalmente, um risco para a segurança. Mas, para Dudenhöffer, isso pode acontecer tanto com os óculos como com um telefone celular.
Tanto Dudenhöffer quanto Janssen não veem razão para proibir os óculos no trânsito, como está sendo discutido também no Reino Unido.
Janssen, que diz não sentir grande necessidade de usar o Google Glass quando dirige, afirma que a invenção não oferece grande risco ao trânsito. Já Dudenhöffer aponta que não há dados suficientes para avaliar os riscos. Ele é a favor de dar uma chance ao progresso, mas ao mesmo tempo, investigar se esse progresso pode ser perigoso.

DW.DE

  • Data 07.03.2014
  • Autoria Dirk Kaufmann (mas)
  • Edição Rafael Plaisant

Comentários