Escândalo Pasadena é primeiro fracasso da nova gestão da SECOM
Traumann |
por Miguel do Rosário
É chato criticar a Secom porque as intrigas são altas.
Logo me acusarão de fazê-lo por alguma razão menor: porque, por exemplo, a Secom não mandou anunciar nos blogs. Mas isso não seria verdade. Ao contrário, as perspectivas da nova gestão da Secom mudar a política de publicidade oficial, reduzindo as verbas para a grande mídia e aumentando para os pequenos, continuam positivas. Eu não deveria estar criticando a Secom neste momento.
Entretanto, tenho de fazê-lo, em nome da minha consciência.
O novo ministro-chefe da Secretária de Comunicação da Presidência da República, Thomas Traumann, começou mal.
A saída encontrada por Dilma Rousseff para lidar com recente reportagem do Estadão, segundo a qual a presidente (então ministra de minas e energia e presidente do conselho da petrobrás) assinou documento que chancelava a compra, pela Petrobrás, da refinaria de Pasadena, foi a pior possível.
Um desastre completo.
A culpa maior é da própria Dilma, que indicou Traumann, ex-porta voz da presidente, para chefiar Secom. Como porta-voz, Traumann deve estar acostumado a apenas obedecer Dilma, ao invés de impor uma opinião própria, independente, crítica. Com isso, ele não ajuda em nada. Ao contrário, ao invés de corrigir a presidente, Traumann a estimula a errar ainda mais.
Além disso, deve ter contribuído para o erro essa visão submissa à mídia, que deixa a cúpula do governo inquieta com qualquer notícia de jornal. Ao invés de rebater com serenidade e inteligência, o faz de forma atabalhoada, nervosamente.
Ao culpar um relatório falho, ela criou um fato novo e jogou fogo num escândalo que tinha tudo para esfriar em alguns dias, visto que é uma notícia velha. Lançando a culpa em terceiros, passa uma rasteira na Petrobrás e transmite a imagem de que a presidente está fugindo de suas responsabilidades.
A compra de Pasadena foi equivocada, à luz do que aconteceu depois, mas poderia também ter sido um sucesso. A mudança nas variáveis, como a descoberta do pré-sal no Brasil, um ano depois, e a crise financeira mundial em 2008, produziram uma inversão do cenário.
Se aceitarmos culpar Dilma pelo fiasco de Pasadena, é justo então que ela mereça o crédito pelo sucesso da empresa nos anos seguintes, com as descobertas sucessivas de novas reservas de petróleo e a aprovação de uma lei própria para assegurar a nossa soberania sobre o petróleo descoberto. A própria Dilma, se quiser levar crédito pelos trunfos da Petrobrás, terá também que aceitar o ônus de seus erros.
A obrigação da presidência da república é defender a Petrobrás, não atacá-la! A mídia está distorcendo as informações sobre a refinaria. Uma das falácias é falar que a Astra Oil comprou-a por US$ 42,5 milhões em 2005, sem contextualizar como se chegou a esse preço. Incluía estoques, dívidas, impostos atrasados?
O preço pago pela Petrobrás em 2006 era um preço competitivo de mercado, até mesmo abaixo da média, conforme demonstrou cabalmente Sergio Gabrielli em sua audiência pública no Senado.
Em última instância, caberia à presidente, num gesto de nobreza, assumir a responsabilidade pelo erro, explicando à sociedade porque ele foi cometido. A população perdoa quando entende que não foram erros cometidos por má fé ou incompetência, mas porque houve mudança brusca nos cenários, e o mercado de petróleo sempre envolve algum risco.
Quando será que os governos do PT entenderão que uma política de comunicação é a mãe de todas as batalhas, e não pode ser improvisada?
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