Em sua primeira aparição ao vivo desde as delações, Snowden faz um "chamado às armas"

Snowden escolhe conferência sobre tecnologia para encorajar "inovadores, fabricantes, hackers, nerds" a construir um sistema mais seguro. 

Lauren McCauley, do Common Dreams

sxsw
Edward Snowden fez sua primeira aparição ao vivo, em vídeoconferência, desde suas revelações que chocaram o mundo sobre o esquema de vigilância norte-americano. O ex-analista de computação da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) falou diante do público na conferência de tecnologia, música e filmes South by Southwest (SXSW) na cidade de Austin, no Texas, nesta segunda-feira (10/03).

Por livestream fornecido pelo Texas Tribune, o mundo pode testemunhar a conversa entre Snowden e Christopher Soghoian, principal especialista em tecnologia da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), ONG norte-americana que busca garantir aos cidadãos seus direitos e liberdades individuais garantidos pelas leis e Constituição dos Estados Unidos. A conversa se focou, especificamente, no impacto da vasta operação da NSA sobre redes de informação da comunidade tecnológica e em como os usuários podem se proteger da vigilância em massa.

De acordo com a programação do evento, a plataforma serve para “encorajar os empreendedores, inovadores, fabricantes, hackers, nerds, fundadores, investidores e pensadores que estejam assistindo à videoconferência do SXSW para construir sistemas mais eficientes na proteção da privacidade do usuário”.

A conversa teve a moderação de Bem Wizner, assessor legal de Snowden e diretor da projeto da ACLU “Speech, Privacy & Technology”.

Numa entrevista publicada no domingo (9) na Revista Forbes, Wizner contou à jornalista Kashmir Hill que Snowden escolheu a conferência SXSW para “se reintroduzir”, especialmente na comunidade de pessoas que estão interessadas – e que potencialmente podem ter a solução – no modo como a segurança foi comprometida pelas agências de inteligência.

“A comunidade tecnológica, especialmente pessoas preocupadas com a segurança, está mais radicalizada depois das revelações [de Snowden]. Elas agora veem que seus sistemas de segurança precisam incluir a NSA como adversária se querem proteger seus sistemas”, disse Wizner. “Nós esperamos que aqui nós poderíamos ter uma conversa mais elevada do ponto de vista tecnológico [de debates com relação à vigilância da NSA]. O que a comunidade tecnológica precisa saber? Como eles deveriam responder? É uma causa perdida ou não? Existem coisas no nível tecnológico que podemos fazer e que não vão requerer que esperemos por legislaturas deficientes que consertem o problema por nós?”

“Eu penso que essa é uma comunidade que dará boas-vindas à chance de conversar com Ed Snowden”, continuou Wizner. “Ed ainda pode dar entrevista para Oprah um dia caso ele queira. Mas nós não estamos aqui para falar de sua vida pessoal, ou o que ele faz no dia-a-dia, ou o que qualquer rede jornalística iria perguntar. Nós estamos aqui para falar dos problemas. É um chamado à luta”.

À frente na discussão, a ACLU lançou uma petição online convocando o presidente Obama a conceder a Snowden “imunidade plena pelos seus atos patrióticos”.

“Quando Snowden denunciou a NSA, ele por conta própria reacendeu o debate global sobre vigilância governamental e os nossos direitos mais fundamentais como indivíduos”, diz a declaração anexada à petição, que na manhã de segunda já havia atingido a marca de 44.582 assinaturas.
___________

Tradução de Natália Natarelli.

 

Comentários