CNI/Ibope gera desconfianças, mas alerta para o método buscado pelo PIG
Por: Zé Augusto
A pesquisa CNI/Ibope divulgou hoje pesquisa dizendo que a popularidade da presidenta Dilma Rousseff caiu. Nada assustador, mas também não deve ser negligenciada, porque a pesquisa segue uma metodologia muito sob medida para avaliar a eficiência do bombardeio do PIG (Partido da Imprensa Golpista).
Os números geram muitas desconfianças, e cito só um tópico onde se vê que ou tem erro grosseiro ou maracutaia.
É onde diz que "O descontentamento aumentou mais notadamente com relação às políticas econômicas, refletindo a maior preocupação com relação à inflação e ao desemprego".
Não dá para levar muito a sério falar que aumentou em 10% a desaprovação com o combate ao desemprego, quando a geração de empregos bate recordes. Mesmo que a divulgação da notícia de 261 mil empregos em fevereiro tenha saído praticamente após o fechamento da pesquisa, no mínimo tem algum erro de metodologia na pesquisa.
Mas não se deve desconsiderar que tal pesquisa registrasse uma oscilação para baixo da popularidade geral, pela data em que foi feita.
Os questionários foram aplicados entre os dias 14 (sexta-feira) e 17 (segunda-feira). O noticiário naqueles dias e nos que antecederam era um terrorismo só sobre a conta de luz, dizendo que estava tudo errado e que haveria um grande aumento das tarifas em decorrência do uso maior das termoelétricas. Isso pode ter afetado um pouco.
O noticiário mentia em boa parte da história. Se falasse a verdade, enfatizaria que Dilma havia resolvido essa situação de estiagem anormal com uma solução que merece aplausos, pois planejou tudo com a engenhosidade de fazer um ciclo de fluxo de caixa de dois anos, para não sacrificar o povo. Os custos maiores de agora serão compensados com os custos menores da energia no próximo ano, quando as hidrelétricas antigas, com custos já amortizados, que estão com a concessão vencendo, serão renovadas com o custo do Megawatt mais baixo, compensando em parte o impacto do maior uso das térmicas. As autoridades do Ministério das Minas e Energia explicaram isso, mas o noticiário bombardeou com informações ao contrário.
Na semana também houve a troca de ministros e turbulências com o PMDB da Câmara, liderado pelo deputado Eduardo Cunha. Parte dos cidadãos que não acompanham o noticiário político pode ter pensado que alguma coisa não estaria indo bem.
É curioso analisar as notícias mais lembradas, como são quase todas ligadas à agenda negativa.
O noticiário estava bombando com manifestação na Ucrânia e Venezuela. E "manifestações pelo Brasil" foi um dos assuntos mais lembrados.
Chama atenção que a pesquisa foi na semana do início da campanha de vacinação contra o HPV em meninas de 11 a 13 anos, e só foi lembrado por 3% dos pesquisados, mesmo percentual da notícia "Financiamento para construção do Porto Mariel, em Cuba". Ou a pesquisa foi feita só com leitores da Veja, ou isso mostra o quanto o PIG consegue impor uma agenda negativa absurda e a SECOM tem dificuldades de passar até a agenda positiva de serviço público.
O "Mais Médicos" nem aparece citado, e a pesquisa ainda diz que a avaliação de Dilma piorou mais nos pequenos municípios, pois nos médios e grandes a popularidade continuou estável. Dá para entender?
Outra coisa é a parte "Aprovação do governo por área de atuação". Educação, saúde e até segurança pública aparecem com aumento da desaprovação no governo federal, quando grande parte são problemas municipais e estaduais. Não dá para saber se é erro da pesquisa ou se a percepção da população está sendo errada mesmo, sob influência do noticiário. O que se conclui é que se não tomar cuidado, até a falta de água da SABESP vão dizer que a presidenta é a culpada.
A guerra pela pauta no noticiário, seja econômico, seja político, vem desde o governo Lula. Sabemos que a falta de democratização da mídia é a grande causa de uma visão deturpada da realidade. Mas também não dá para ficar só esperando o que a base governista conservadora não aprova no Congresso.
Ano de eleição é ano de debate o tempo todo (ano que não tem eleição também deveria ser). Todo mundo, todo o governo, todo o PT, todo o PCdoB, e mesmos os conservadores de boa vontade da base governista precisam disputar a agenda positiva do noticiário, desde os pequenos municípios até palmo a palmo no plenário da Câmara e do Senado, como faz a senadora Gleisi Hoffamann (PT-PR).
É preciso que, desde vereadores e militantes mostrem para a população o dinheiro que tem para creche e o prefeito está atrasado na construção, os médicos chegando, as verbas que vem para o município, cobrar do governador a segurança pública, o controle de frequência dos médicos brasileiros que batem o ponto e não cumprem a jornada de trabalho nas unidades de saúde municipais e estaduais, o zelo com a educação e com o dinheiro público no custo das obras, e o impacto positivo no emprego presente e futuro no turismo e na economia do entretenimento causado pela Copa 2014 e Olimpíadas. Foi para isso que estes eventos foram trazidos para o Brasil.
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