A propaganda domina as notícias
Traduzido por João Aroldo
Gerald Celente chama a mídia ocidental de presstitutes, um termo sagaz que eu uso
frequentemente. Presstitutes
vendem-se a Washington para acesso e fontes do governo e para manter seus
empregos.
Desde que o regime corrupto Clinton permitiu a concentração
dos meios de comunicação dos EUA, não há independência jornalística nos Estados
Unidos, exceto para alguns sites da Internet.
Glenn Greenwald |
Glenn Greenwald ressalta a independência que a RT (Russia Today), uma organização de mídia
russa, permite a Abby Martin, que denunciou uma suposta invasão da Ucrânia pela
Rússia, em comparação com os destinos de Phil Donahue (MSNBC) e Peter Arnett
(NBC), ambos os quais foram demitidos por expressar oposição ao ataque ilegal
do regime Bush ao Iraque.
O fato de que Donahue tinha o programa com a maior audiência
da NBC não lhe deu independência jornalística. Qualquer pessoa que fale a
verdade na imprensa americana ou em rede de TV ou na NPR (National Public Radio) é imediatamente demitida.
A RT da Rússia parece realmente acreditar e observar os
valores que os americanos professam mas não honram.
Concordo com Greenwald. Você pode ler o artigo em: “What Russia
Did Is Wrong”- RT Host Abby Martin Condemns Russian Incursion Into Crimea – On
RT.
Greenwald é totalmente admirável. Ele tem inteligência,
integridade e coragem. Ele é um dos bravos, a quem meu livro recém-publicado, How America Was Lost, é dedicado. Quanto
a Abby Martin da RT, eu a admiro e tenho sido um convidado em seu programa
várias vezes.
Minha crítica de Greenwald e Martin não tem nada a ver com a
sua integridade ou seu caráter. Eu duvido das alegações de que Abby Martin fez
exibicionismo quanto à “invasão da Ucrânia pela Rússia”, a fim de aumentar suas
chances de passar para a “grande mídia” mais lucrativa. Meu ponto é bem
diferente. Mesmo Abby Martin e Greenwald, que nos trazem tanta luz, não
conseguem escapar totalmente da propaganda ocidental.
Por exemplo, a denúncia de Martin de que a Rússia “invadiu”
a Ucrânia é baseada em propaganda ocidental de que a Rússia enviou 16.000
soldados para ocupar a Crimeia. O fato é que esses 16 mil soldados russos estão
na Crimeia desde os anos 1990. Sob o acordo russo-ucraniano, a Rússia tem o
direito de basear 25.000 soldados na Crimeia.
Abby Martin |
Aparentemente, nem Abby Martin nem Glenn Greenwald, duas
pessoas inteligentes e conscientes, sabiam desse fato. A propaganda dos EUA é
tão penetrante que dois dos nossos melhores repórteres foram vitimados por ela.
Como já escrevi várias vezes em minhas colunas, os EUA
organizaram o golpe de estado na Ucrânia a fim de promover sua hegemonia
mundial, capturando a Ucrânia para a OTAN e colocando bases de mísseis na
fronteira da Rússia, a fim de degradar a dissuasão nuclear da Rússia e forçar a
Rússia a aceitar a hegemonia de Washington.
A Rússia não tem feito nada além de responder de uma forma
muito discreta a uma grande ameaça estratégica orquestrada pelos EUA.
Não é só Martin e Greenwald que caíram pela propaganda de
Washington. A eles junta-se Patrick J. Buchanan. A coluna de Pat convidando os
leitores a “Resistir ao partido da guerrana Crimeia” abre com a afirmação propagandística de Washington: “Com o
envio de Vladimir Putin de tropas russas na Crimeia...”.
Tal envio não ocorreu. Putin teve permissão da Duma russa de
enviar tropas para a Ucrânia, mas Putin já declarou publicamente que o envio de
tropas seria um último recurso para proteger os russos da Crimeia de invasões
pelos ultranacionalistas neonazis que roubaram o golpe de Washington e se
estabeleceram no poder em Kiev e na Ucrânia ocidental.
Então, temos aqui três dos jornalistas mais inteligentes e
independentes do nosso tempo, e todos os três estão sob a impressão criada pela
propaganda ocidental de que a Rússia invadiu a Ucrânia.
Parece que o poder da propaganda dos EUA é tão grande que
nem mesmo os melhores e mais independentes jornalistas podem escapar de sua
influência.
Que chance a verdade tem quando Abby Martin recebe elogios
de Glenn Greenwald por denunciar a Rússia por uma suposta "invasão"
que não ocorreu, e quando o independente Pat Buchanan abre sua coluna que
discorda da turma que acusa a Rússia aceitando que houve uma invasão?
Toda a história que os presstitutes
têm contado sobre a Ucrânia é uma produção de propaganda.
Urmas Paet |
Os presstitutes
disseram que o presidente deposto, Viktor Yanukovich, ordenou que os atiradores
disparassem contra os manifestantes. Com base nestes relatórios falsos, os
fantoches de Washington, que compõem o não-governo existente em Kiev, emitiram
ordens de prisão para Yanukovich e querem que ele seja julgado em um tribunal
internacional. Em uma ligação telefônica interceptada entre a ministra das
Relações Exteriores da UE, Catherine Ashton e o Ministro das Relações
Exteriores da Estônia, Urmas Paet, que tinha acabado de voltar de Kiev, Paet
relata:
Agora há compreensão mais forte de que por trás dos snipers (franco-atiradores),
não estava Yanukovich, mas alguém da nova coalizão.
Paet passa a relatar que:
(...) todas as evidências mostram que pessoas de ambos os lados foram mortas
por franco-atiradores, tanto policiais como as pessoas das ruas, que eram os
mesmos atiradores matando as pessoas de ambos os lados... e é realmente
preocupante que agora a nova coalizão não queira investigar o que aconteceu
exatamente.
Ashton, absorvida com planos da UE para orientar as reformas
na Ucrânia e preparar o caminho do FMI para obter o controle sobre a política
econômica, não ficou particularmente satisfeita ao ouvir o relatório de Paet de
que as mortes foram uma provocação orquestrada. Você pode ouvir a conversa
entre Paet e Ashton em: “Kiev snipers hired by Maidan leaders
- leaked EU's Ashton phone tape” e a seguir a confirmação
de Paet da veracidade do vazamento:
O que aconteceu na Ucrânia é que os EUA conspiraram contra e
derrubaram um governo legítimo eleito e, em seguida, perderam o controle dos
neonazis que estão ameaçando a grande população russa no sul e leste da
Ucrânia, províncias que anteriormente faziam parte da Rússia. Estes russos
ameaçados apelaram pela ajuda da Rússia e, assim como os russos na Ossétia do
Sul, eles vão receber ajuda da Rússia.
O governo de Obama dos EUA e seus presstitutes vão continuar a mentir sobre tudo.
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[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril
de 1939) é um economista norte-americano,
colunista do Creators Syndicate.
Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor
e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso
em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem
frequentemente publicado em Counterpunch,
escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde
Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a
proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado
posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as
drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel
contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de
Virginia, com pós-graduação na Universidade
da Califórnia, Berkeley e na Faculdade
de Merton, Oxford University.
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