A crise do PMDB é a volta do plebiscito
Autor: Fernando Brito
Quando a Presidenta Dilma Rousseff propôs, há um ano, um plebiscito para a reforma política, este grupo que agora é conhecido como “blocão” se insurgiu, a começar pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha.
Este, mais que ninguém, tem horror a regras eleitorais transparentes.
Não apenas pelos prejuízos que isso traz à sua eleição como porque limita sua capacidade de, digamos, influir nas campanhas alheias, contribuindo com os “argumentos” que o leitor pode imaginar.
Agora, todos os sinais são de que bateu pavor na turma diante da possibilidade de Dilma crescer aos olhos do eleitorado à medida que diz um “não mais” aos mecanismos de chantagem política de parte expressiva da base aliada do Governo sobre o Executivo.
A declaração dada hoje pelo presidente do PT, Rui Falcão, dá uma pista de que o tema da reforma eleitoral vai ser retomado pela Presidenta e por Lula:
“Não é possível convivermos mais com o princípio do poder econômico para mandar no Congresso Nacional. Nós elegemos três vezes o presidente da República e não fizemos 20% da bancada”, disse. “Se houvesse um alinhamento entre a campanha presidencial e os partidos que dão suporte a presidente, nós teríamos a eleição da presidente com a maioria assegurada no Congresso sem precisar desse jogo que nos impõem e nós não aceitamos que é o toma lá dá cá. É por que a presidente Dilma tem resistido, não cede e não vai ceder a pressões e chantagens que tentam fazer com ela”
Faltam pouco mais de seis meses até a eleição e, ainda que não pudesse formar maioria na Câmara, no essencial, as condições de governabilidade estão relativamente asseguradas ao Executivo.
Além do mais, os prefeitos, grande base eleitoral dos candidatos a deputado federal, não parecem dispostos a, com ainda dois anos e meio de mandato pela frente e um favoritismo expressivo da Presidenta, a acompanhar o brinde suicida proposto por Eduardo Cunha, o Jim Jones de Sérgio Cabral.
Aguardem, porque o tema da mudanças das regras eleitorais para reduzir o poder econômico na escolha do Congresso vai voltar, expressamente.
E vamos ficar com Lula e Dilma de um lado e “os políticos” do outro.
Se perguntarem ao contínuo da agência de propaganda, até ele sabe das consequências disso na campanha.
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