Suíça, Maluf e as denúncias que deixam tucanos aloprados




“Depois, os tucanos fritaram Maluf para assumir o eleitorado conservador”, observa o autor deste texto
por  Antônio de Souza Lopes da Silva, especial para o Viomundo
Todos sabem que durante anos Paulo Maluf  foi acusado com veemência de ser corrupto. Os movimentos populares em várias eleições usaram o símbolo “ratuf“ para vinculá-lo a corrupção.
Maluf resistiu às denúncias o quando pode. Até que um belo dia as contas na Suíça foram abertas por pressão dos judeus que buscavam recuperar seu dinheiro confiscado pelos nazistas. Oficialmente, a Suíça ficou neutra durante a Segunda Guerra, isso favorecia  que o dinheiro roubado dos judeus fosse depositado aí.
Foi nessa operação que a conta blue diamond, que seria de Maluf e seus familiares, acabou sendo revelada.

A conta na Suíça combinada ao péssimo governo do ex-prefeito Celso Pitta e às denúncias de sua ex-mulher  Nicéa desembocaram na derrocada eleitoral do malufismo, que não teve mais força para eleger prefeito e disputar o governo estadual.
Esses fatos favoreceram o PSDB em São Paulo. Ajudaram tanto que os tucanos se enraizaram na máquina pública e resolveram fritar Maluf para assumir o eleitorado conservador.
Com a oposição enfraquecida, o PSDB só enfrentou dificuldades fortes em 2002, quando por muito pouco José Genoíno, ex-presidente nacional do PT, não se elegeu governador de São Paulo.
Ou seja, o fator Suíça ajudou – e muito — a consolidar a hegemonia tucana.
Agora, ironicamente, o “fator Suíça” começa a ameaçar o governador Geraldo Alckmin, entre outros tucanos.
O engenheiro João Roberto  Zaniboni,  velho conhecido do senador  Aloysio Nunes, foi condenado por lavar dinheiro de propina  na Suiça. Ele recebeu, via esquema Alstom, R$ 1,9 milhão de reais.
Zaniboni trabalhou na Fepasa (Ferrovia Paulista S/A). Depois, em agosto de 1993, foi trabalhar na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), sendo indicado em uma reunião presidida por Aloysio Nunes.
Voltou à Fepasa, onde trabalhou até a sua privatização.  Em 1999, retornou à CPTM, ficando até 2003. Aí, fundou a Getran junto com Oliver Hossepian, que coincidentemente tinha sido, em 1991, adjunto do secretário de Transportes Metropolitanos Aloysio Nunes.
A Getran também recebeu do esquema Alstom, via Procint e Constech, empresas dos lobistas Arthur e Sérgio Teixeira, que faziam a ponte entre dirigentes das empresas estatais e as do cartel da corrupção, que tiveram R$ 40 milhões bloqueados por decisão judicial.
Segundo matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, Zaniboni e Ademir Venâncio receberam R$ 33 milhões do esquema entre 2008 e 2013.
Zaniboni e Venâncio dirigiam a Focco Engenharia, empresa que assinou mais de R$ 200 milhões de contratos com o governo paulista, segundo O Globo.
Em vários deles, o cartel era pago pelo governo paulista para, em tese, vigiar os contratos ganhos por empresas do próprio cartel. Entre eles, um dos lotes de reformas dos trens que causaram R$ 800 milhões de prejuízo ao erário público e a PPP da linha 8 da CPTM, vencida por empresa do cartel por mais de R$ 2 bilhões.
Zaniboni, porém, continua livre no Brasil. Uma situação, no mínimo esdrúxula, que indica a seletividade do Ministério Público e da Justiça brasileira.
Calcula-se que apenas na Suíça existam aproximadamente R$ 160 milhões de recursos bloqueados. Eles fazem parte do propinoduto tucano.
Esses recursos só voltarão ao Brasil quando Zaniboni e outros membros do esquema forem condenados pela justiça brasileira.
Aliás, dois outros tucanos em maus lençóis são Robson Marinho e Jorge Fagali.
Marinho foi chefe da Casa Civil no Mário Covas e atualmente é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Tucanos querem que as provas produzidas contra ele na Suíça sejam anuladas e ele fique impune.
Felizmente a Justiça derrubou estes recursos. As provas contra Marinho e Sabino Indelicato só aumentam, uma vez que os dois continuam sócios, apesar de desmentirem isso na Justiça.
Fagali, ex-secretário dos Transportes de São Paulo, é outro tucano com fortes relações com o senador Aloysio Nunes. Ele movimentou, pelo menos, R$ 28 milhões de recursos que foram desviados para a Europa.
Esperamos, com serenidade, que a Justiça brasileira aja com presteza e confirme os crimes detectados pela Justiça da Suíça. Do contrário, mais uma desmoralização para as nossas instituições.
Esperamos também que as instituições sejam eficientes para recuperar, pelo menos, R$ 160 milhões do propinoduto tucano e punam os responsáveis o mais rápido possível. Estes recursos possibilitariam construir 2 mil casas ou três hospitais de 200 leitos.
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