'Não vai ter copa' é um chute de rosca


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Li a entrevista de um suposto black bloc supostamente chamado Pedro, no Estadão, que diz que supostamente não é contra a Copa nem futebol, mas... 
 
 Chute de rosca é aquele em que o jogador bate de raspão na bola, que sai para cima ou para om lado, rodopiando que nem pião, e pode dar tanto na vidraça do vizinho, como no próprio gol ou ainda na cabeça de quem chutou.

É que está acontecendo com o chute chamado ‘Não vai ter Copa’, que prepara mais uma edição no sábado, dia 22.

O que chama a atenção na proposta é a construção de hipocrisias e desinformação que vem animando o movimento.

Li a entrevista de um suposto blackblock supostamente chamado Pedro, no Estadão, que diz que supostamente não é contra a Copa nem futebol, mas que é a favor de educação e serviços públicos de qualidade. Grande hipocrisia. Porque o que lhe interessa é dizer que vai jogar molotov em “ônibus de gringo” (aliás, uma expressão, no contexto, racista), para que eles tenham medo de ficar no Brasil e vão embora.

Se isto é ser a favor de educação, etc., somos todos os outros micos de circo. Além do mais, quem é a favor de educação, etc., faz manifestação, mata a cobra e mostra a cara – porque pau não tem, já que vai desarmado para a praça pública.

Tudo está baseado no argumento de que o dinheiro público “gasto” (na verdade, investido, com retorno no futuro) com os estádios, deveria ser usado em escolas e hospitais. O argumento desconhece a natureza e os labirintos de um orçamento público ou de um bando como o BNDES. Mas não importa: é repetido ad nauseam por inocentes-úteis (onde a inocência bordeja  - ou poreja – a má-fé) e cobras-criadas.

Aí entra o papel das velha mídia e dos arautos do caos. Como as oposições midiáticas e extra-midiáticas não podem expor o seu programa verdadeiro (ver, a propósito, post no meu Blog do Velho Mundo), o que lhes resta é apostar no caos, numa catástrofe que detenha o governo Dilma, a melindre nacional e internacionalmente. Nada melhor do que a Copa. Nada melhor do que o fracasso da Copa. Nada melhor do que a violência durante a Copa. Até porque aionda crêem que a Copa possa “eleger” ou “deseleger” a Dilma. Caramba, cambada, vai ser a economia e a política, talvez na ordem inversa.

Os arautos na mídia dizem que são contra, que não pregam a violência. De fato: não pregam. Mas chamam. Esperam.

O problema é que das últimas vezes, o chute deu uma de rosca e caiu-lhes na cabeça. Foi o fusquinha queimado do trabalhador; foi a trágica morte do cinegrafista da Band. “Fatalidade”, diz o arrogante ‘Pedro’ entrevistado pelo Estadão, com o turvoso e clandestino ego infatuado pela recepção na mídia. ‘Fatalidade”? Crônica de uma morte anunciada, isto sim.

Daí vem o clima de violência que entra em anexo, e que não é desejável de nenhum lado. O blackblock que voi incomodar o show do Paulinho da Viola em São Paulo, atacado pelos assistentes com direito até a paulada na cabeça e sendo salvo pelos seguranças. Depois o apresentador dizendo que iam ‘quebrar a cara’se eles aparecessem de novo. As torcidas do Inter e do Corinthians prometendo arrebentar com  eles caso apareçam nos seus estádios. Para culminar o coió do manifestante ameaçando um cinegrafista dizendo que “ele ia ser o próximo”e levando com a câmera na cabeça, uma nova versão do dito do Cinema Novo: ‘Câmera na cabeça e nenhuma idéia’.

Para completar o entrevistado non Estadão dizia que ‘foram abandonados pelo Movimento Passe Livre’. Mas é o contrário: a presença destes caras e do movimento ‘Não vai ter Copa’é que esvazia as manifestações, as impede, como já  aconteceu com  a manifestação suspensa dos motoristas e cobradores no Rio de Janeiro, pelo temos diante da possibilidade da incontrolável violência.

Por fim, lembremos que a direita agradece penhorada estes esvaziamentos de manifestações que poderim transcorrer legitimamente, com suas justas reivindicações. Por exemplo: quem tiver alguns neurônios em ordem sabe que o que vai garantir mais verbas para a educação, saúde, transporte público, etc., é o corte na taxa de juros, nos juros da dívida pública, no superávit primário, é a adoção de um sistema mais progressivo de impostos e não mais regressivo, e não o abandono do investimento em estádios, também – hipocritamente – definidos como inúteis pelos arautos do caos.

O capital especulativo, portanto, agradece estes movimentos bola-de-rosca.

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