Fraqueza da oposição é o combustível do golpismo

Autor: Fernando Brito
atocopa
No mesmo dia em que noticia que os candidatos da oposição, somados, mal conseguem alcançar 60% das intenções de voto de Dilma Rousseff (e teriam de igualar essa marca, para haver segundo turno), a Folha noticia a arruaça em São Paulo como “Segundo Grande Ato Contra a Copa”.
Assim mesmo, com as iniciais em maiúsculas.
É obvio que a garotada de classe média que estava lá não é o eleitorado não o eleitorado de  Aécio Neves ou de Eduardo Campos.

Mas são os bonequinhos da mídia para um processo de desestabilização que, mesmo desmoralizado perante a população, continua servindo de cenário para mostrar- citando outra “vinheta da Folha –  um “país em protesto”.
Um país de 150, 200, trezentos ou, quando muito,  mil “protestantes”.
Claro que não tenho ódio ou horror àquela molecada.
Já fui “riponga” e, mesmo velho, não há um de nós que não tenha tido uma filha de cabelos roxos ou um filho de prego espetado na orelha, e os amasse.
Mesmo enchendo o saco deles dizendo que aquilo era tolice, aceitando que os cabelos e as orelhas eram deles.
Mas não é ocaso de uma rebeldia de expressão, equívoca ou não, que diga respeito apenas a um indivíduos.
Pessoalmente, não tenho nada contra – muito pelo contrário – em andar na contramão (tanto que ando até hoje), mas politicamente não posso deixar de ver que eles, hoje, são a maior fonte d´água do moinho da direita.
Direita que anda numa seca maior que a da Cantareira.
Pode-se não gostar ou aprovar a ideia de fazer a Copa aqui – embora há cinco ou seis anos, todos delirassem com a ideia –  e se pode dizer isso, porque finalmente temos uma democracia.
Mas é esse o problema do Brasil?
Mesmo o Black Bloc mais cerebralmente desoxigenado não há de concordar com isso.
As sete ou oito Copas que nos roubam, todo ano, com os juros a que obrigam o Estado brasileiro, jamais vi merecerem uma faixa.
A submissão, do Brasil e do mundo subdesenvolvido, ao poder do capital internacional, também não valeram um cartaz.
Não vi uma placa com “salário padrão Fifa”.
O  autointitulado “poder popular” anarquista está igual a Marina com o PSDB.
Não dá beijo na boca, mas andam de mãos dadas.
O “não vai ter copa”  é o preâmbulo do “não vai ter eleição”.
Ou os Black Blocks e os anonymous as querem?
Ou só querem matar a democracia que lhes tem sido condescendente?
Ou só querem fazer – e olha que é o único que estão conseguindo – fazer com que se espalhe a ideia de que a brutalidade e ação violenta é  a única  ” política” que merece respeito?
O Brasil ficou mais violento depois de suas traquinagens, todos sabemos.
A voz das ruas deve ser ouvida? Sim.
Mas não é a maior, nem a única.
Serra teve 44 milhões de votos no segundo turno.
Se 10% de seus eleitores fossem  protestar nas ruas, teríamos uma multidão de quatro milhões em confronto.
E a voz desta multidão não seria a da democracia.
Que dirá, então, a de 150, 200 ou até a de mil pessoas?
Será que ela tem o direito de matar a democracia?
Nós sabemos o que vem quando se mata a democracia e o que vem no lugar dela.
Mas tem gente que acha que está num “happening”.

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