Como a latinha de cerveja que você compra enriquece os megabancos
Ilustração de Victor Juhasz
A lula vampiro ataca novamente: o golpe mais desonesto dos megabancos até hoje
Você pode chamar de rombo na lei que destruiu o mundo. Estamos em 1999, o rabicho final dos anos Clinton. Enquanto o resto dos Estados Unidos está obcecado por Monica Lewinsky, Columbine e pelos bíceps de Mark McGuire, o Congresso desenha febrilmente o que ainda pode vir a ser uma das leis mais transformadoras da história da nossa economia – uma lei que que tornaria possível a concentração mais ampla dos poderes financeiro e industrial como jamais tínhamos visto em mais de um século.
Mas a grande maluquice é que ninguém, naquele momento, entendeu muito bem. A maior parte dos observadores no Congresso achou que a Lei de Modernização dos Serviços Financeiros, de 1999 – também conhecida como a lei Gramm-Leach-Bliley – era apenas a mais recente e arrojada de uma longa lista de benesses de desregulamentação concedidas a Wall Street, lista que começou a ser formulada nos anos Reagan.
Wall Street passou boa parte daquela era argumentando que os bancos dos Estados Unidos precisavam se tornar maiores e mais ferozes para competir globalmente com os gigantes financeiros da Alemanha e do Japão, que supostamente estavam a ponto de engolir todo o negócio bancário do mundo.
Então, através de legisladores lacaios como o republicano entusiasta da desregulamentação Phil Gramm, sempre de rosto vermelho, lobistas dos bancos forçaram a aprovação da nova lei, escrita para demolir o principal alicerce da regulamentação financeira existente por mais de sessenta anos.
A chave era derrubar – ou “modificar”, como defensores da nova lei diziam – a famosa lei Glass-Steagall, que separava banqueiros de corretores, aprovada em 1933 para evitar conflitos de interesse dentro do setor financeiro como os que levaram à Grande Depressão.
Agora, com a derrubada da Glass-Steagall, bancos comerciais teriam permissão para se fundir com bancos de investimento e seguradoras, criando empresas financeiras gigantescas potencialmente muito mais poderosas do que as que até então existiram nos Estados Unidos.
Tudo isso era notícia importante o suficiente, por si só. Mas seria necessário que se passasse meia geração – até agora, basicamente – para entender a parte mais explosiva da lei, que ainda legalizou novas formas de monopólio, permitindo que os bancos se fundissem com indústrias pesadas.
Uma pequena provisão na lei permitiu que bancos comerciais mergulhassem em qualquer atividade que fosse “complementar às atividades financeiras e não apresentasse risco substancial à segurança das instituições, aos depósitos ou ao sistema financeiro em geral”.
Complementar à atividade financeira. Que diabos significava isso?
Os agentes federais contra a Goldman
“De acordo com a perspectiva dos bancos”, diz Saule Omarova, professor de Direito da Universidade da Carolina do Norte, “praticamente tudo pode ser considerado complementar à atividade financeira”.
Quinze anos depois, de fato, agora parece que Wall Street e seus advogados interpretaram o termo como sinônimo de uma campanha sem lei pela dominação do mundo.
“Ninguém sabia o alcance que a lei teria na economia real”, diz o senador de Ohio Sherrod Brown. Hoje ele lidera a briga no Congresso contra essa provisão escondida, mas Brown votou a favor da Gramm-Leach-Bliley quando era deputado, junto com todos os demais representantes da Câmara, com exceção de 72 deputados. “Eu aposto que até mesmo os que defendiam a lei não faziam ideia”.
Hoje, bancos como Morgan Stanley, JPMorgan Chase e Goldman Sachs são donos de petroleiros, administram aeroportos e controlam grandes quantidades de carvão, gás natural, óleo, eletricidade e metais preciosos.
Eles podem também ser encontrados exercendo controle direto sobre a oferta de toda uma galáxia de produtos brutos essenciais para a indústria mundial e para a sociedade em geral, incluindo tudo que existe — desde produtos alimentícios a metais como zinco, cobre, estanho, níquel e até alumínio, como se soube recentemente, graças a um grande escândalo.
E eles não estão fazendo isso apenas aqui mas no exterior também: na Dinamarca, milhares foram às ruas com faixas de lulas-vampiro quando se soube que o Goldman Sachs estava a ponto de comprar 19% da Dong Energy, a empresa de fornecimento de energia elétrica nacional.
O furor inspirou a entrega de cargos ministeriais em massa por parte da coalizão que faz parte do governo enquanto o povo dinamarquês perguntava como um banco de investimentos norte-americano poderia ter tanta influência sobre a distribuição de energia estatal.
Também existem interesses mais ecléticos.
Depois do 11 de setembro, nós passamos a achar preocupante que estrangeiros se metessem em negócios de administração de portos nos Estados Unidos, mas não houve muita controvérsia quando os bancos fizeram o mesmo, ou quando entraram em atividades com implicações para a segurança nacional – o Goldman Sachs, por exemplo, está metido, agora, no negócio de urânio, uma notícia que quase não produziu manchetes.
A Guerra de Wall Street
Mas os bancos não estão apenas comprando coisas, eles estão comprando processos industriais completos. Eles estão comprando petróleo que ainda está no solo, os petroleiros que os transportam pelos mares, as refinarias que transformam o petróleo em combustível e os oleodutos que os levam até a sua casa.
Depois, só de onda, eles também apostam no prazo e na eficiência desses processos industriais no mercado financeiro – comprando e vendendo ações de petróleo nas bolsas, nos mercados futuros, permutas no mercado de swaps, etc.
Permitir que uma empresa controle a oferta de uma commodity física crucial, e também que faça negócios com títulos financeiros ligados a esses mercados, é um convite direto à manipulação em massa.
É como permitir que os donos de casinos que anotam as apostas nos jogos da liga de futebol americano durante a semana também treinem os times aos domingos.
A situação abriu uma caixa de Pandora de novas possibilidades de corrupção, horripilantes, mas tem sido difícil para o público perceber, já que os agentes reguladores têm sofrido para sequer tocar nas trapaças mais antigas e familiares de Wall Street.
Apenas nos últimos anos assistimos a uma explosão de escândalos – da saga multitrilionária no mercado de dólar-Libor (grandes bancos internacionais manipulavam as taxas de juros mundiais) ao mais recente fiasco no mercado de câmbio (muitos dos mesmos bancos suspeitos de acertar cotações no mercado de câmbio, onde giram US$ 5,3 trilhões por dia), a escândalos menores envolvendo manipulações da taxas de juros, preços do ouro e da prata.
Mas essas são trapaças puramente financeiras. Nesses novos e mais assustadores tipos de manipulação, bancos que são donos de cadeias completas de negócios físicos foram pegos manipulando os preços nessas indústrias.
Por exemplo, somente nos últimos dois anos multas de mais de US$ 400 milhões foram impostas ao JPMorgan e ao Barclays por manipulação da distribuição de eletricidade em vários estados, incluindo a Califórnia.
No caso do Barclays, que está contestando a multa, os agentes reguladores argumentam que os preços foram manipulados para ajudar o banco a vencer apostas financeiras que fez nestes mesmos mercados de energia.
No verão passado, o New York Times descreveu como o Goldman Sachs foi flagrado sistematicamente adiando a entrega de metais fora da rede de depósitos que possui para forçar a alta dos aluguéis e elevar os preços artificialmente.
Você pode não ter se surpreendido ao saber que o Goldman foi flagrado passando todo mundo para trás novamente, mas certamente foi novidade para muitas pessoas descobrir que um banco de investimentos sem experiência industrial, que há apenas cinco anos foi socorrido pelo governo federal dos Estados Unidos, estoca e controla uma quantidade da oferta de alumínio dos Estados Unidos a ponto de afetar os preços mundiais do metal.
Como isso tudo foi possível? E quem aprovou isso?
Explorando brechas em uma legislação financeira densa de mais de uma década e meia, Wall Street foi capaz de produzir uma mudança revolucionária que os cidadãos norte-americanos nunca discutiram, debateram ou para a qual se prepararam, e certamente nunca permitiram explicitamente de alguma forma significativa: a fusão das altas finanças com a indústria pesada.
Essa reorganização da nossa economia deixou milhões de norte-americanos diante de uma coleção de novos problemas, assustadores. Nós por acaso ao menos temos uma estrutura reguladora para vigiar essas novas formas de manipulação? (Resposta: não temos).
E dado que o setor bancário — que chegou muito perto de arruinar a economia mundial há cinco anos — conseguiu agora expandir imensamente seu poder, quem está encarregado de impedir a nova crise?
Neste Admirável Mundo Novo, ninguém está. E mais, não importa o que fizemos, agora é tarde para ter um referendo.
Garret Wotkyns, um advogado do Arizona especializado em ações coletivas que passou mais de um ano investigando o envolvimento dos bancos com o mercado de metais e está processando o Goldman e outros por conta do caso do alumínio, em nome de dois grandes fabricantes, descreve a situação assim: “É como essa fala do filme The Dark Knight Rises”, diz ele. “O temporal não está vindo. O temporal já está aqui”.
Até hoje, a procedência da brecha das “atividades complementares” que detonou boa parte desse desastre continua sendo um mistério.
Sabemos, através de documentos do Congresso, que o vice chairman do JPMorgan, Michael Patterson, foi um dos primeiros a promover a ideia em depoimento na Câmara em fevereiro de 1999 e que, mais para o fim daquele ano, uma primeira versão da lei apresentada no Senado por Phil Gramm já tinha aquela provisão.
Mas mesmo um dos autores da versão final da lei, o congressista republicano Jim Leach, não consegue se lembrar exatamente de quem foi a ideia de acrescentar a frase sobre as “atividades complementares”.
“Eu não conheço a história legislativa da provisão”, diz ele. “Provavelmente veio do Senado”.
Além do mais, Leach ficou chocado ao ouvir que agentes reguladores apontaram para esta seção da lei, que leva o nome dele, como sendo a autorização legal para que os bancos ganhassem controle sobre os mercados físicos de commodities.
“Isso é novidade para mim”, diz o ex-congressista, mortificado, hoje professor de direito da Universidade de Iowa. “Eu presumo que ninguém naquela época teria pensado que ela se aplicaria aos negócios com commodities da maneira que tem se falado ultimamente”.
Uma coisa que fica clara nos documentos públicos é que ninguém na época falava, ao menos abertamente, sobre os bancos um dia serem donos de petroleiros ou controlarem a oferta de metais industriais.
A testemunha do JPMorgan, Michael Patterson, disse ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, no depoimento de 1999, que a interpretação dele de “atividades complementares” era, digamos, uma empresa de cartão de crédito publicar um guia de restaurantes. “Um exemplo é o American Express, que publica revistas”, depôs.
“Uma revista de viagem e lazer complementa o negócio de viagens. A Food&Wine promove restaurantes… o que pode levar a um uso maior do cartão do American Express”.
“Isso era o quão insignificante supostamente seria”, diz Omarova. “Eles falavam em publicar revistas”.
Mesmo à parte da provisão “complementar”, na calada da noite Gramm adicionou outra bomba do tempo à lei, uma cláusula que dizia que qualquer empresa que se tornasse a holding de um banco, depois da aprovação da Gramm-Leach-Bliley, em 1999, poderia participar de (ou controlar as ações da empresa engajada em) transações com commodities – mas apenas se já estivesse fazendo isso antes de uma data tão arbitrária quanto a outra: setembro de 1997.
Isso significava que se você fosse a holding de um banco quando a lei foi aprovada e você quisesse entrar no negócio de commodities, você era um azarado porque a lei federal proibia os bancos de se envolverem com as commodities físicas ou qualquer outra forma de indústria pesada. Mas se você já fosse um operador de commodities em 1997 e de alguma forma se tornosse uma holding bancária, poderia fazer o que quisesse.
Era uma maluquice. Era um pouco como passar uma lei que obrigasse você a deixar o Exército se fosse gay em novembro de 1999 – mas se você fosse um soldado heterossexual em setembro de 1997 e de alguma maneira se tornasse gay depois de 1999, você poderia ficar no Exército.
Até hoje, ninguém entende direito o que a cláusula significa. Se uma empresa fazia transações com estanho antes de 1997 e se tornasse uma holding bancária em 2015, ela teria que permanecer no estanho? Ou o fato de ter negociado contratos de estanho em 1997 significa que a empresa poderia comprar petroleiros e oleodutos em 2020?
Em 2012, o Federal Reserve de Nova York – o braço mais poderoso do Fed, o principal agente regulador das empresas bancárias e a autoridade máxima nesses assuntos – publicou um documento dizendo que não tinha a menor ideia a respeito do real significado da provisão. “O escopo legal da exceção”, escreveu um trio de oficiais do Fed de Nova York em julho daquele ano, “é amplamente vista como ambígua”.
Há poucas semanas, o diretor de supervisão bancária do Fed, Michael Gisbon, disse ao Senado: “Eu não sou advogado”, e isto está “sob revisão”.
Quase já não importa. Por quase uma década, essa obscura provisão da Gramm-Leach-Blilley efetivamente se aplicou a ninguém.
Então, na terceira semana de setembro de 2008, enquanto a economia estava explodindo após o colapso da Lehman e da AIG, dois bancos de investimento norte-americanos, Goldman Sachs e Morgan Stanley, se viram desesperados por financiamento de emergência.
Tarde da noite de um domingo, no dia 21 de setembro, para ser exato, os dois bancos anunciaram que tinham solicitado junto ao Federal Reserve [o Banco Central dos Estados Unidos] o direito de se tornarem holdings bancárias, o que daria a eles acesso a um salva-vidas, o dinheiro de emergência da janela de desconto do Fed.
O Fed concedeu o pedido da noite para o dia. O gesto salvou as duas empresas, e teve um benefício a mais: transformou o Goldman Sachs e o Morgan Stanley, que tinham operações no mercado de commodities significativas antes de 1997, nas duas primeiras e últimas empresas que se qualificaram na exceção da lei Gramm-Leach-Bliley.
“Conveniente, não?”, diz um assessor do Congresso. “É quase como se a lei tivesse sido escrita especificamente para eles”.
A ironia era incrível. Depois de se foderem tão profundamente que o governo teve que dar rios de dinheiro para salvar o pescoço deles, os feds deram ao Goldman e ao Morgan Stanley passes para se tornarem espécies híbridas, poderes monopolísticos quase sem limite de atuação em todos os setores da economia.
E eles não foram os únicos beneficiários acidentais da crise. O JPMorgan Chase comprou as operações de compra e venda de commodities da Bear Stearns no começo de 2008, depois que o Fed prometeu bilhões em garantias para ajudar o Chase a socorrer o banco de investimento fadado ao fracasso.
Nos dois anos seguintes, o Chase também comprou as operações de commodities de outro banco à beira da falência, o recém nacionalizado Royal Bank of Scotland, que incluía a Henry Bath, uma empresa com sede no Reino Unido que é dona de uma vasta cadeia de armazéns na Europa.
Como resultado, no começo de 2010, essas três empresas estavam poderosamente fortalecidas para saírem a campo e começarem a duplicar investimentos na indústria física.
Através de circunstâncias fortuitas, o custo de financiamento para holdings bancárias despencou como uma pedra até o fim de 2009, já que o Fed reduziu a quase zero as taxas de juros em uma tentativa desesperada de estimular a economia e fazê-la reagir depois do crash.
A abertura repentina dessa torneira de dinheiro barato parece ter sido um fator importante na decisão dessas três empresas de ir às compras de commodities logo em seguida.
O Morgan Stanley, por exemplo, alegou ter apenas US$ 2,5 bilhões em ativos na forma de commodities em março de 2009. Até setembro de 2011, esses ativos tinham quadruplicado para US$ 10,3 bilhões.
Goldman e Chase – além da Glencore e da Trafigura, uma dupla de conglomerados gigantes com base na Suíça que se desmembraram de uma firma fundada pelo notório operador de commodities e conhecido manipulador do mercado Marc Rich, já falecido – coincidentemente compraram empresas donas de armazéns de metais em 2010.
A presença dessas entidades do Marc Rich é particularmente interessante.
De acordo com o famoso repórter da Forbes Paul Klebnikov, que foi assassinado em 2004 depois de anos denunciando a corrupção na Rússia, Rich fez fortuna no começo dos anos 90 fechando negócios escusos com os chefes soviéticos que controlavam a oferta de matérias primas da União Soviética – em particular, commodities como zinco e alumínio.
Esses negócios ajudaram a criar uma classe de aproveitadores entres os chefões do império soviético em decadência, uma classe que anos depois ajudaria a empurrar a Rússia do seu passado comunista para o seu presente cleptocrático.
“Ele fechava um negócio com os chefões locais, ou com o diretor de uma empresa pública”, disse Klebnikov em 2001. “Ele dizia, ok, você vai me vender a commodity for 5 a 10% do valor de mercado… em troca, vou te dar parte do lucro que eu tiver vendendo por 10 vezes mais no mercado mundial, vou depositar a propina na conta de um banco suíço”.
Rich fechou esses negócios enquanto estava exilado, pois fugiu dos Estados Unidos em 1983 depois que o governo norte-americano o indiciou por sonegação de impostos, transferência fraudulenta de dinheiro, crime organizado e por fazer negócios com o inimigo pois foi flagrado fazendo negócios com governos trapaceiros como o do Irã, entre outros.
O governo dos Estados Unidos fez uma lista de acusações suficiente para prendê-lo para o resto da vida, e ele viveu como fugitivo até janeiro de 2001, quando um pouco conhecido funcionário do Departamento de Justiça da administração Clinton, Eric Holder, recomendou que Rich fosse perdoado.
Um levantamento do Comitê de Reforma Governamental da Câmara mais tarde concluiu que Holder não apresentou explicações convincentes para defender o perdão a Rich e que ele deveria ter “outros motivos” que não informou ao Congresso.
Entre outras coisas, o comitê especulou que Holder tinha os olhos no cargo de ministro da Justiça em um potencial governo Al Gore.
Em todo caso, em 2010, uma década depois do perdão a Rich, Holder se tornou ministro da Justiça, mas sob Barack Obama, e duas empresas criadas por Rich, além de dois bancos que foram dos maiores doadores do Partido Democrata, se mobilizaram para comprar galpões de metais.
Quase simultaneamente, Goldman, Chase, Glencore e Trafigura compraram empresas que controlam armazéns no mundo inteiro para a LME, a London Metals Exchange. A LME é uma bolsa particular para trocas de metais do mundo todo. É o hub principal para definir os preços dos metais e para as operações de futuros de metais, de opções, trocas e outros instrumentos.
“Se eles estivessem interessados apenas em faturar com o aluguel da armazenagem dos metais, eles teriam comprado todo tipo de armazém”, diz Manal Mehta, co-fundador do Sunesis Capital, um fundo hedge que fez pesquisa extensiva sobre a investida dos bancos no mercado de commodities. “Eles parecem se concentrar nestas instalações oficiais da LME”.
O negócio do JPMorgan parece violar diretamente uma ordem enviada ao banco pelo Fed em 2005, que declarava que o banco não estava autorizado a “ser proprietário, operar ou investir em negócios de extração, transporte, armazenagem ou distribuição de commodities”.
A maneira pela qual o Fed explicou isso mais tarde ao Senado foi que a compra do Henry Bath estava ok porque o Fed considerou apropriada a aquisição desta empresa de commodities dentro de um contexto de uma venda mais ampla, com a qual o Fed estava tranquilo – “se o conjunto da compra é uma atividade permitida, eles podem incluir uma pequena parte de uma atividade não permitida”.
E ainda por cima, de acordo com as regras da LME, nenhuma empresa de armazéns pode também ser dona de metais ou realizar operações de compra e venda de metais.
Enquanto estavam seguindo a letra da lei, os bancos estavam violando o espírito da regra: o Goldman absurdamente parece ter atuado em três atividades ao mesmo tempo, trocando de chapéu toda vez que queria mudar de papel.
Ele conduziu suas operações com metais através da subsidiária de commodities J.Aron, depois botou a Metro, sua empresa de armazéns, como encarregada do armazenamento e, de acordo com especialistas da indústria, o Goldman também era dono de uma quantidade do metal em si, apesar da empresa ser vaga sobre o assunto.
Se você está imaginando porque a LME permitiria tamanha violação óbvia de suas próprias regras, um bom lugar para começar a procurar respostas é ver quem era o dono da LME nessa época.
Apesar de eventualmente ter se vendido para uma empresa de Hong Kong em 2012, em 2010 a LME era propriedade de um consórcio de bancos e companhias financeiras. Os dois maiores acionistas? Goldman e JPMorgan Chase.
Comicamente, outra acionista era a Koch Metals (com 2,2%), uma empresa de commodities que é parte do império dos irmãos Koch.
Os Koch foram pegos em sua própria trama de manipulação de commodities, incluindo um episódio em 2008 no qual eles alugaram dois tanques gigantescos e os usaram para estocar excesso de petróleo no exterior como se fossem verdadeiros armazéns flutuantes, retirando óleo barato do mercado e forçando alta nos preços. Outros bancos também foram acusados de operações semelhantes no armazenamento de petróleo.
O motivo para os Koch, ou qualquer um, guardar uma commodity como o petróleo pode ser quase bonito de tão simples. Basicamente, um banco ou uma empresa de compra e venda quer comprar commodities por preço baixo no presente e vender por preço mais alto no futuro.
Essa troca funciona melhor se o custo de estocagem do seu óleo ou metal — ou qualquer que seja o produto com o qual você está trabalhando — for muito baixo. Você faz mais dinheiro nas transações futuras se não tem que pagar aluguel enquanto espera para fazer a entrega.
Então, quando uma empresa financeira repentinamente começa a comprar petroleiros ou armazéns, ela pode estar fazendo isso para que as suas apostas deem lucro, como parte de uma estratégia especulativa – e é por isso que a compra repentina de empresas de armazenagem de metais, por parte dos bancos, em 2010, chama tanto a atenção.
Estes não eram pequenos projetos. As empresas colocaram essas operações a cargo de altos executivos.
A compra da Metro por parte da Goldman foi um projeto de Isabelle Ealet, na época chefe das operações globais de commodities do banco. (Coincidência curiosa que várias fontes desta matéria comentaram foi que muitos dos funcionários mais graúdos do Goldman, entre eles o CEO Lloyd Blankefein e o presidente Gary Cohn, começaram suas carreira no Goldman na divisão de commodities).
Enquanto isso, o cabeça das operações de commodities do Chase, Blythe Masters – uma figura ainda mais famosa de Wall Street, muitas vezes descrita como a inventora do credit default swap – admitiu que o interesse de sua empresa pelos armazéns não era apenas algo casual.
“Poder apenas negociar commodities financeiras é uma séria limitação porque as commodities financeiras representam apenas uma minúscula fração da realidade, do grande quatro das commodities reais”, disse ela em 2010.
Traduzindo em miúdos, Masters estava dizendo que havia um volume de dinheiro limitado a ser feito simplesmente negociando commodities da forma tradicionalmente legal. A solução? “Precisamos ser ativos no mercado físico de commodities”, disse ela, “para que possamos entender e estabelecer preços”.
Nós temos que fazer os preços. A cabeça da divisão de commodities do Chase realmente disse isso, em alto e bom som, e isso diz muito sobre a improbabilidade genérica da existência de Deus e sobre o consistente baixo nível de competência dos agentes reguladores dos Estados Unidos, porque ela não foi imediatamente atingida por um raio entre as sobrancelhas quando disse isso. Ao invés disso, o governo ficou sentando, olhando, enquanto um fenômeno curioso se desenvolvia em todos esses armazéns de propriedade dos bancos, especialmente no mercado de alumínio.
Como foi detalhado pelo repórter do New York Times, David Kocieniewski, em julho passado, o Goldman também comprou armazéns e logo começou a transferir estoques de alumínio de um armazém a outro. “Era um carrossel de metal”, como disse um ex-operador de empilhadeira, uma tramoia para provocar atrasos, aparentemente desenhada para forçar a alta nos preços do metal usado para fazer os objetos que nós todos compramos – como latas de cerveja, lanternas e peças de automóveis.
Quando o Goldman comprou o Metro, em fevereiro de 2010, o tempo médio para a entrega de uma encomenda de alumínio era de seis semanas.
Sob o domínio do Goldman, o tempo de entrega do Metro rapidamente aumentou dez vezes, para uma média de 16 meses, influenciando, em parte, a explosão da sobretaxa chamada premium do meio-oeste, que representa não o custo do alumínio propriamente dito, mas o custo de estocagem e entrega, algo facilmente manipulável quando você controla a entrega.
Então, apesar do preço do alumínio na LME ter caído nessa época, os valores no Meio-Oeste seguiram na direção contrária. Em 2008, isso representou 3% do preço do alumínio na LME. Em 2013, estava 15% acima do valor de referência (e já disparou para 25%).
“Em termos simples, eles estavam aumentando artificialmente os preços de armazenagem e entrega”, diz Mehta.
As demoras internacionais nos armazéns eram apenas uma parte do jogo anticapitalista que os bancos estavam jogando. Como incentivo para terem metais sob seu controle, eles na verdade pagaram produtores industriais de alumínio um dinheiro extra pela estocagem do metal em seus armazéns, taxas supostamente de US$ 230,00 por tonelada métrica.
Mas o Goldman e o Glencore supostamente ofereceram esses incentivos não apenas para permitir às empresas coletar mais aluguel (o Goldman estava cobrando uma taxa diária de 48 centavos por tonelada métrica) mas também para desencorajar produtores industriais como Alcoa ou a gigante indústria russa Rusal (que tem o CEO do Glencore, Ivan Glasenberg, no seu conselho diretor) de venderem diretamente aos fabricantes.
O resultado disso tudo foi a criação de um gargalo na oferta de alumínio. Um material industrial crucial que existia em quantidade e até mesmo em excesso agora estava estocado no carrossel especulativo das trocas financeiras bancárias.
Toda vez que você comprou uma latinha de refrigerante em 2011 e 2012, você pagou uma pequena taxa a mais, graças a empresas como o Goldman.
Mehta, cujo fundo tem interesse financeiro no negócio, insiste que existe aqui uma ironia que deve deixar todo mundo furioso. “Os bancos usaram subsídios financiados pelo contribuinte”, disse ele, “para forçar a alta de produtos para esses mesmos contribuintes que os salvaram (da falência)”.
David Smith, administrador de compras estratégicas da Coca-Cola, disse aos jornalistas no começo do verão de 2011 que “a situação foi organizada de forma a aumentar os preços artificialmente”.
Nick Madden, o chefe de compras da Novelis, líder na fabricação de carros, disse, mais ao menos ao mesmo tempo, que os atrasos em Detroit estavam custando mais US$ 20 ou US$ 40 por tonelada métrica de alumínio.
A Coca-Cola foi a primeira a apresentar queixa contra o Goldman por conta do problema dos armazéns, na metade de 2011, e muitas pessoas ligadas à indústria não se espantaram nem um pouco ao ver a maior e mais poderosa corporação que consome alumínio no mundo ser a primeira a reclamar.
Outros fabricantes, muitos acreditam, ficaram de boca calada com medo de serem punidos pelos bancos.
“É bem provável que empresas comerciais deliberadamente tenham evitado um confronto com o Goldman porque ele era uma empresa poderosa de Wall Street com a qual eles tinham — ou tinham esperanças de estabelecer – relações de assessoria financeira e de crédito”, diz Omarova.
Um representante do governo que investigou o assunto para o Congresso disse que mesmo alguns dos maiores usuários de alumínio do pais relutaram em reclamar. “Quando algumas das maiores empresas transnacionais não querem falar sobre o assunto, dá o que pensar”, disse o assessor.
Ainda assim, poucos dias depois que o Times publicou sua denúncia sobre a estocagem de alumínio no fim de julho de 2013, o senador Brown presidiu uma audiência para investigar as causas da alegada manipulação. (O executivo Tim Weiner, da MillerCoors, testemunharia que os custos do alumínio para os fabricantes, no mercado global, foi inflado em US$ 3 bilhões apenas no ano anterior).
Depois dessas audiências, e depois que vazou a informação de que agências reguladoras lançaram uma investigação, o Goldman anunciou novos planos para reduzir o tempo de entrega de seus estoques de alumínio.
O banco manteve, consistentemente, que seu interesse na empresa de armazéns Metro não é “estratégico”, que comprou a empresa apenas “como investimento”, e que vai vendê-la dentro de 10 anos.
O JPMorgan Chase e outros bancos anunciaram que podem abandonar de vez o negócio físico das commodities. Enquanto isso, a LME já tinha feito um plano para obrigar seus armazéns membros a aumentar as ofertas de alumínio.
Poucas semanas depois, em 9 de agosto de 2013, uma empresa chamada CME Group – uma das líderes nas operações com derivativos – anunciou que passaria a vender, de ali em diante, um novo contrato futuro de swap de alumínio. O novo instrumento, disse a firma, seria o “primeiro produto da bolsa a permitir administrar o prêmio do alumínio do Meio Oeste”.
O que isso sinalizou foi que até aquele momento ninguém do setor financeiro queria chegar perto da venda de seguro contra o prêmio Meio Oeste porque ele era obviamente corrupto.
Mas aí o Times deixou o gato escapar do saco e a próxima coisa que se ficou sabendo foi que agora que todo mundo estava olhando, um grande fornecedor de derivativos se sentiu confiante o suficiente para vender um seguro hedge contra o prêmio Meio Oeste, considerando que ele agora estava, supostamente, livre das manipulações e sujeito às forças de mercado.
“Isso deve te dizer muito sobre como as pessoas desse negócio entenderam completamente que o mercado de metais estava quebrado”, disse Wotkyns.
Um outro pé de página bizarro do escândalo do alumínio: de acordo com a Lei Bank Holding Company, de 1956, toda empresa que se torna uma holding bancária tem que se desfazer de certas posses comerciais dos últimos dois anos. A esse período de dois anos o Fed pode somar até outros três anos.
Isso não foi feito para o Goldman nem para o Morgan Stanley. O escândalo do alumínio veio à tona, coincidentemente, poucos meses depois que o período de cinco anos para o Goldman estava prestes a terminar. Existia alguma expectativa de que o Fed exigisse que os bancos se desfizessem de alguns de seus interesses comerciais.
Mas havia um pulo do gato. “O Congresso, em sua sabedoria infinita, deixou algo ambíguo”, diz Omarova.
Apesar da lei Bank Holding Company determinar que as empresas fiquem dentro dos parâmetros até o fim do período de revisão, ela não especifica o que o Fed deve fazer caso a empresa não esteja dentro dos padrões. Quando terminou o período de revisão do Goldman, “o Fed decidiu que nada devia acontecer”, diz Omarova. “Então, nada aconteceu”.
Os atrasos nas entregas de alumínio não foram apenas um caso isolado de bancos manobrando para incrementar suas receitas.
Recentemente surgiram provas de que o mesmo tipo de comportamento talvez tenha se alastrado a outras áreas da LME. Para que uma partida de metal seja negociada na LME, ela tem que ser o que se chama de “em garantia”.
Se você é o dono do metal que você não quer mais que seja negociado, você pode “cancelar a garantia” – essencialmente você tira a mercadoria do sistema. Ela ainda está no armazém, mas em um certo limbo administrativo.
Quando a oferta mundial da LME de um metal apresenta uma alta percentagem de ações canceladas, isso tipicamente significa que alguém está mexendo muito com o metal mesmo depois que ele foi depositado no armazém – talvez no estilo do carrossel do Goldman, talvez por algum outro motivo, mas historicamente é algo que não se costuma ver com frequência em mercados de metais sadios e que funcionam bem.
Em janeiro de 2009, antes dos bancos grandes demais para quebrar dos Estados Unidos e das sombrias empresas gigantes de commodities da Suíça comprarem todos esses armazéns, menos de um por cento do total da oferta global de alumínio da LME era “garantia cancelada”. Hoje, quando a oferta mundial de alumínio é o dobro do que era naquela época, 45,2% do total do estoque é classificado como cancelado.
Em Detroit, onde o Goldman está supostamente arrumando as coisas, a percentagem é ainda mais louca: 76,5% dos estoques de alumínio são garantia cancelada.
Pode-se ver indicações do fenômeno em outros metais da LME.
Há cinco anos, apenas 1,3% do estoque de cobre da LME eram garantias canceladas. Hoje, 59% são. Em janeiro de 2009, apenas 2,3% dos estoques de zinco eram cancelados, hoje está em 32%.
O zinco por acaso tem algo mais em comum com o alumínio – um prêmio para o armazenamento e a entrega chamado o prêmio zinco U.S. nos Estados Unidos, que disparou nos últimos anos, aumentando 400% do verão de 2021 ao verão de 2013, quando o preço estabilizou assim que explodiu o escândalo do alumínio.
E então temos o níquel: 35% do estoque global de hoje é classificado como cancelado. Há cinco anos, era apenas 0,5%.
Uma fonte da indústria que tem muita familiaridade e recorre ao mercado de níquel, diz que apesar do fato de existir um excesso mundial de oferta do metal, os preços estão artificialmente mais altos em torno de 20 a 30%.
Ele culpa as estações especulativas de pesagem dos bancos dizendo que os produtores de níquel, apesar da baixa demanda mundial, estão vendendo seus estoques alegremente para armazéns administrados por bancos, que estão pagando preços acima do mercado para colocar o material bruto em seus carrosséis. “Eles estão felizes de vender para os bancos e para os armazéns enquanto rezam para que a demanda reaja”, disse a fonte.
Isso nos leva ao próximo aspecto potencialmente desastroso dessa história: o que acontecerá se o Fed repentinamente elevar as taxas de juros e os bancos, vendo cortado o acesso ao dinheiro livre, não puderem mais ficar sentados sobre a pilha de metal por outros 16 meses?
“Considere o níquel”, diz Eric Salzman, um analista financeiro que pesquisou a manipulação dos metais para várias empresas de advocacia. “Você pode ver o preço cair 20 ou 30% de repente. Seria o estouro clássico da bolha”.
Mas o potencial para uma manipulação de grande escala e/ou um novo desastre financeiro é apenas parte do pesadelo que essa nova fusão de bancos e indústrias criou.
O outro, talvez um problema ainda maior, envolve a nova existência de perigos tanto para o meio ambiente quanto para a estabilidade do sistema financeiro.
Muito antes do Goldman e do Chase começarem a comprar armazéns de metais, o Morgan Stanley já havia comprado um império substancial de negócios físicos – plantas de eletricidade em vários estados, uma empresa que faz negócios em óleo para aquecimento, combustível de jatos, fertilizantes, asfalto, produtos químicos, oleodutos e um operador mundial de petroleiros.
Quanto tempo falta para que um desses barcos monstruosos, abarrotados, transborde e o Morgan Stanley se torno a próxima BP, não apenas matando um zilhão de aves e mamíferos marinhos na costa de algum país azarado mas também levando consigo o sistema financeiro, quando processos na Justiça levarem a uma falência com as repercussões de um Lehman?
O CEO do Morgan Stanley, James Gorman, chegou a admitir o risco que as novas compras da empresa no último ano representam quando disse ao staff que um hipotético vazamento de petróleo é “um risco que não podemos correr”.
Os agentes reguladores são quase piores. Lembre-se que o colapso de 2008 aconteceu quando órgãos do governo como o Fed, o Comptroller of the Currency e o Office of Thrift Supervision – que supostamente têm toda a experiência para monitorar a segurança e a saúde das empresas financeira – não perceberam que metade das empresas de Wall Street estava, na prática, falida.
Agora que muitas dessas empresas financeiras foram socorridas, os mesmos agentes reguladores que não puderam ou simplesmente não sentiram o cheiro de fumaça em um incêndio violento da última vez, estão de repente encarregados de decidir se empresas como o Morgan Stanley estão assegurando suficientemente seus petroleiros ou se bancos como o Goldman Sachs estão cuidando corretamente de seus depósitos de urânio.
“O Fed não é o regulador mais entusiasmado nos melhores momentos”, diz Brown. “E agora estamos pedindo a eles que cuidem disso?”
Nunca foi função dos bancos norte-americanos controlar indústrias. Esse princípio faz parte da nossa cultura praticamente desde o começo de nossa história.
As restrições originais ao envolvimento dos bancos com o comércio têm raízes no medo clássico norte-americano de permitir a formação de um super poder governamental – no começo dos anos 1800s os cidadãos estavam preocupados com o potencial abuso monopolístico de bancos patrocinados pelo Estado.
Mais tarde, no entanto, os norte-americanos também se viram forçados a empurrar para trás o movimento de monopólios privados, em particular as grandes estradas de ferro e cartéis de energia construídos por ladrões magnatas do tipo Rockefeller que, no final dos anos 1800s, estavam a ponto de engolir todo o mercado e ditar ao público os preços de tudo, dos produtos aos salários.
Foi necessário um longo período de revolta e lutas prolongadas por novas leis antitruste como Sherman and Clayton, antes que esses monopólios fossem derrotados.
Os bancos, no entanto, nunca foram submetidos à regulamentação destas leis.
Somente a Grande Depressão e anos de batalhas legislativas brutais os forçaram a se submeter aos mesmos conceitos de antitruste que barraram os ladrões magnatas através de leis como a Glass-Steagall e a lei Bank Holding Company, de 1956.
E depois, com algumas poucas frases que ninguém conhecia até agora, lançadas em uma lei de 1999, toda essa briga virou fumaça e aqui estamos, na selva de Hobbes, esperando pela próxima completa catástrofe legal acontecer.
Quando começa a parte divertida?
Tradução de Heloisa Villela
Do Viomundo
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