A porta do inferno se abriu. Quem vai fechá-la?
Autor: Fernando Brito
É desesperadora a situação do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, atingido, segundo as informações disponíveis, pelo rojão disparado por um dos “manifestantes” de ontem, na Central do Brasil.
Depois de um negro acorrentado nu a um poste, da Barbie fazendo apologia do linchamento na TV, surge um grupo de idiotas “porradores” no Flamengo.
Tudo em 48 horas.
Será que alguém se toca do mal que isto está fazendo à convivência pública nas nossas grandes cidades e à democracia duramente conquistada?
Será que não se vê que uma parcela da classe média e da mídia legitimou este tipo de ação brutal e fascistóide onde “quebrar tudo” e “baixar a porrada” são aceitáveis ou explicáveis?
Ah, máscara pode, fantasia pode, capacete, máscara de gás, porrete, corrente… Tudo isso faz parte da liberdade de expressão…
A Barbie volta à TV e diz que é contra os linchamentos, mas a favor da autodefesa…
Os facínoras dos bandos de espancadores dizem que defendem a população, como os black blocs dizem que são a defesa dos manifestantes contra a polícia.
Todos são “pura nobreza de intenções”.
E, enquanto isso, baixam o porrete nas pessoas e nas coisas.
São os métodos da reação, não da revolução.
A mídia e a direita liberaram geral para a violência, desde meados do ano passado.
No “vale-tudo” político para atingir o governo, aceitaram chocar estes ovos de serpente.
Aliás, eles só não se criaram com a garotada dos rolezinhos, que sente o cheio de coxinha de longe…
Lamento que muitas pessoas, de boa-fé, ainda arranjassem “explicações sociológicas” para achar que isso era, como diz a Barbie, “compreensível”.
Não é, porque somos, ou deveríamos ser, civilizados.
A foto que encima este post é de Keshia Thomas, então com 18 anos, que se atirou sobre um neonazista participava de uma manifestação a favor da Ku-Klux-Kan, para evitar que ele fosse espancado pelo grupo do qual ela própria fazia parte, de anti-racistas que confrontavam a manifestação dos KKK.
Eles, inclusive Keshia, o puseram para correr, como você vê ao lado.
Mas alguns o acertaram com os cabos dos cartazes que conduziam.
Até Keshia dizer não, isso não.
Com a voz, com as mãos, com o próprio corpo.
A história, contada pela BBC, está reproduzida em um ótimo post de Marcos Sacramento, no Diário do Centro do Mundo.
Mas acho que a ela devo acrescentar o que disse, ao final da reportagem, Mark Brunner, o rapaz que fez a sequência de fotografias que vai abaixo:
“Ela colocou-se em risco físico para proteger alguém que não teria feito o mesmo por ela”, disse ele. “Quem faz isso no mundo?”
Quem acredita na humanidade e na civilização.
É desesperadora a situação do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, atingido, segundo as informações disponíveis, pelo rojão disparado por um dos “manifestantes” de ontem, na Central do Brasil.
Depois de um negro acorrentado nu a um poste, da Barbie fazendo apologia do linchamento na TV, surge um grupo de idiotas “porradores” no Flamengo.
Tudo em 48 horas.
Será que alguém se toca do mal que isto está fazendo à convivência pública nas nossas grandes cidades e à democracia duramente conquistada?
Será que não se vê que uma parcela da classe média e da mídia legitimou este tipo de ação brutal e fascistóide onde “quebrar tudo” e “baixar a porrada” são aceitáveis ou explicáveis?
Ah, máscara pode, fantasia pode, capacete, máscara de gás, porrete, corrente… Tudo isso faz parte da liberdade de expressão…
A Barbie volta à TV e diz que é contra os linchamentos, mas a favor da autodefesa…
Os facínoras dos bandos de espancadores dizem que defendem a população, como os black blocs dizem que são a defesa dos manifestantes contra a polícia.
Todos são “pura nobreza de intenções”.
E, enquanto isso, baixam o porrete nas pessoas e nas coisas.
São os métodos da reação, não da revolução.
A mídia e a direita liberaram geral para a violência, desde meados do ano passado.
No “vale-tudo” político para atingir o governo, aceitaram chocar estes ovos de serpente.
Aliás, eles só não se criaram com a garotada dos rolezinhos, que sente o cheio de coxinha de longe…
Lamento que muitas pessoas, de boa-fé, ainda arranjassem “explicações sociológicas” para achar que isso era, como diz a Barbie, “compreensível”.
Não é, porque somos, ou deveríamos ser, civilizados.
A foto que encima este post é de Keshia Thomas, então com 18 anos, que se atirou sobre um neonazista participava de uma manifestação a favor da Ku-Klux-Kan, para evitar que ele fosse espancado pelo grupo do qual ela própria fazia parte, de anti-racistas que confrontavam a manifestação dos KKK.
Eles, inclusive Keshia, o puseram para correr, como você vê ao lado.
Mas alguns o acertaram com os cabos dos cartazes que conduziam.
Até Keshia dizer não, isso não.
Com a voz, com as mãos, com o próprio corpo.
A história, contada pela BBC, está reproduzida em um ótimo post de Marcos Sacramento, no Diário do Centro do Mundo.
Mas acho que a ela devo acrescentar o que disse, ao final da reportagem, Mark Brunner, o rapaz que fez a sequência de fotografias que vai abaixo:
“Ela colocou-se em risco físico para proteger alguém que não teria feito o mesmo por ela”, disse ele. “Quem faz isso no mundo?”
Quem acredita na humanidade e na civilização.
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