Papa tira d. Odilo de comissão que monitora o Banco do Vaticano
Outros três cardeais foram substituídos; Francisco já avisou a pessoas próximas que, se não conseguir reformar a instituição, envolvida em escândalos, vai fechá-la
Jamil Chade - O Estado de S. Paulo
GENEBRA - Em um ato para dar início a uma verdadeira reforma no Banco do Vaticano, o papa Francisco tirou da cúpula da instituição financeira o cardeal de São Paulo, d. Odilo Scherer. Outros três cardeais também foram substituídos, no que está sendo considerado na Santa Sé como a principal demonstração de Francisco de que a reforma será profunda. A pessoas próximas a ele, o argentino já avisou: se não conseguir reformar o banco, vai fechar a instituição.
D. Odilo fazia parte do grupo de cardeais que atuava para monitorar as atividades da Instituição para Obras Religiosas, o nome oficial do Banco do Vaticano. Considerado um dos fortes candidatos no conclave de 2013, d. Odilo tinha o apoio dos setores mais conservadores do Vaticano.
Dias antes de deixar o poder, o então papa Bento XVI renovou o mandato do brasileiro e dos demais cardeais do órgão de supervisão por mais cinco anos. Entre as funções do grupo está justamente a nomeação do presidente do banco.
Mas, próximo de cumprir um ano no Vaticano e adotando a austeridade como sua bandeira, Francisco optou por rever a grupo e colocou em seu lugar outros cardeais vistos como aliados em sua busca por reformar a Santa Sé.
Quatro dos cinco cardeais no organismo foram substituídos. Saíram os cardeais Tarcisio Bertone, Telesphore Toppo of Ranchi e Domenico Calcagno, além de d Odilo. O único que permaneceu foi o francês Jean Louis Tauran.
No lugar desse grupo, o papa nomeou o cardeal de Toronto, Thomas C. Collins, Pietro Parolin, Christoph Schonborn de Viena e considerado como um reformador, e o cardeal Santos Abril Castello, amigo do papa.
O grupo liderado por Bertone foi alvo de duras críticas nos últimos anos por não conseguir conter uma série de escândalos financeiros no Banco do Vaticano, inclusive com suspeitas de lavagem de dinheiro do crime organizado.
Em junho, o papa criou uma comissão para estudar uma reforma na instituição. Pela primeira vez em mais de cem anos, a entidade publicou um balanço anual de suas contas.
Na avaliação do papa, o Vaticano deve voltar a se concentrar em sua missão religiosa e, para isso, uma limpeza em sua estrutura precisaria ocorrer. Uma dessas revisões seria repensar a função do Banco do Vaticano.
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