Nova lente para a economia
22/01/2014
Nova lente para a economia
Agências de classificação financeira de países emergentes se unem como alternativa às três maiores do setor
Agências de classificação financeira do Brasil, África do Sul, Malásia, Índia e Portugal anunciaram uma aliança em resposta às “mudanças na ordem econômica mundial”. A Companhia Portuguesa de Rating (CPR), a indiana CARE, a sul-africana GCR, a malásia MARC e a brasileira SR Rating oferecerão, sob o nome ARC, uma alternativa a Moody’s, Standard and Poors e Fitch, que dividem praticamente a totalidade do mercado e que, constantemente, são acusadas de serem regidas exclusivamente por uma concepção neoliberal da economia.
As tradicionais têm sua sede nos Estados Unidos – a Fitch também em Londres – e suas avaliações foram objeto de duras críticas durante a crise financeira, particularmente as que declaravam solventes alguns dos protagonistas da posterior crise do “subprime”, as hipotecas junk nos Estados Unidos.
A ARC dará respostas à “nova economia mundial multipolar em concorrência direta com as agências atuais”, afirma o comunicado anunciando o surgimento da nova empresa. ”O mundo mudou drasticamente desde a queda do mercado das subprime em 2008 que provocou a queda do crédito”, disse em comunicado o presidente da ARC, o economista português José Poças Esteves.
A ARC “acredita que os velhos métodos e estratégias não são suficientes para a paisagem do setor financeiro posterior à quebra do Lehman Brothers”, acrescentou Poças, fazendo alusão à entidade norte-americana varrida do mapa em 2008 pela crise.
A nova agência apresentará novidades em relação às tradicionais, mas manterá alguns dos sistemas conhecidos, como o triplo A para as emissões de títulos da dívida soberana. ”Introduziremos uma nova classificação”, disse o diretor de classificações da ARC, Uwe Bott, em coletiva de imprensa realizada na semana passada em Londres. “Trata-se de uma classificação de risco sistêmico (SRR)”, acrescentou.
“Entre esses riscos estará, por exemplo, o de flexibilização quantitativa do Federal Reserve e o impacto que poderia ter nos mercados”, disse em referência aos estímulos adicionais à economia do Banco Central norte-americano.
Bott acrescentou que pretendem avaliar riscos à margem dos tradicionais, como a possibilidade de um ciberataque. Outra novidade é que a ARC descarta o termo “lixo” (junk) para se referir às emissões de muito risco.
A ARC já está registrada na Europa e espera a aprovação dos entes reguladores nos mercados como China e Estados Unidos. No momento, se concentrará na avaliação de empresas médias. As cinco agências que compõem a ARC atendem a um total de seis mil clientes.
Em resposta ao lançamento da ARC, um porta-voz de Standard and Poor’s disse que a empresa “dá as boas-vindas à concorrência que aporte alta qualidade, avaliações independentes e que ofereça uma diversidade de perspectivas sobre o risco dos créditos para os investidores. A trajetória de nossas avaliações de empresas e governos, como indicadoras de riscos de suspensão de pagamentos, é muito sólida e o foi durante a crise financeira”, concluiu.
Agência France Presse
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