A arte de se autodestruir em dois atos
Fernando Grella chegou na Secretaria de Segurança de São Paulo acompanhado de uma expectativa positiva e outra negativa.
A positiva era o fato de ser um procurador e, como tal, ter conhecimento das engrenagens policiais e - esperava-se -intolerância com abusos de poder. A negativa era a de ter sido Procurador Geral e, obviamente, se valido da funçao para galgar cargos mais elevados no Estado.
O início foi promissor. A proibição da PM e da Polícia Civil transportar feridos reduziu consideravelmente o número de "mortes em confronto".
Depois, passo a passo foi perdendo o controle sobre ambas as corporações. Continuaram as chacinas, a falta de preparo para lidar com manifestações populares, tanto a truculência inicial nas manifestações de junho como o ato deliberado de deixar a Prefeitura de São Paulo sitiada por vândalos.
Dia desses me surpreendi ao ouvir de um militante tucano - que preside conselho de bairro - o desalento com a perda de controle do Estado sobre as policias.
As duas últimas intervenções de Grelha comprovam sua rendição incondicional aos segmentos barras pesadas das Polícias Civil e Militar.
A primeira, o endosso total à operação na Cracolândia. Para esconder a falta de comando, preferiu apresentar-se como co-autor do desastre.
Ontem, o endosso integral ao fuzilamento de um manifestante por dois PMs. Ou seja, o próprio Secretário de Segurança avalizando o porte de armas de fogo em manifestações.
Se vai ser demitido ou se demitir, é detalhe. Moral e politicamente, ontem foi o último dia de sua gestão à frente da Secretaria de Segurança.
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