EUA implantaram programa secreto em milhares de computadores

 Edward Snowden

O jornal estadunidense The New York Times revelou - com base em informações divulgadas pelo técnico contratado pelos serviços de inteligência dos EUA, Edward Snowden - que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) colocou um software em quase 100.000 computadores ao redor do mundo que a possibilita realizar operações de vigilância nesses equipamentos e pode servir de caminho para ataques cibernéticos.

A NSA plantou o software, na maioria dos casos, por meio de acesso a redes de computadores, mas também usou uma tecnologia secreta que possibilita a invasão de computadores que não estão conectados à Internet, disse o jornal, citando autoridades dos EUA, especialistas em computação e documentos vazados pelo antigo prestador de serviço à NSA, Edward Snowden.

O New York Times disse que a tecnologia está em uso desde pelo menos 2008 e utiliza um canal secreto de ondas de rádio transmitidas de minúsculas placas de circuito e cartões USB secretamente inseridos nos computadores.

“A tecnologia de frequência de rádio ajudou a resolver um dos maiores problemas enfrentados pelas agências de inteligência norte-americanas por anos: entrar em computadores que adversários, e alguns parceiros dos EUA, tentavam tornar impermeáveis à espionagem ou ataques cibernéticos”, disse o jornal.

“Na maioria dos casos, o hardware de frequência de rádio precisa ser fisicamente instalado por um espião, uma fabricante ou um usuário sem intenção”, acrescentou.

Alvos frequentes do programa, conhecido como Quantum, incluíam unidades militares da China, que é, por sua vez, acusada por Washington de conduzir ataques digitais contra militares e empresas dos EUA.

O jornal informou que o programa também conseguiu plantar o software em redes militares da Rússia, assim como em sistemas utilizados pela polícia e os cartéis de drogas do México, instituições de comércio da União Europeia e em aliados como Arábia Saudita, Índia e Paquistão.

Explicações urgentes

Enquanto pipocam as denúncias em relação à NSA, o Parlamento Europeu convidou, formalmente, o ex-espião americano Edward Snowden para uma audiência sobre as denúncias de espionagem dos Estados Unidos sobre, em essência, todo o mundo. Snowden foi o primeiro a revelar o plano estratégico da agência norte-americana de espionagem.

A proposta, da Comissão de Liberdades Civis, foi aprovada por 36 votos a 2 e uma abstenção na sexta-feira (10) e, agora, segue o curso administrativo para que Snowden seja comunicado em Moscou, onde encontra-se atualmente, ainda sem um destino final para a sua permanência, com asilo diplomático.

Alguns dos parlamentares condicionaram o voto favorável à participação ao vivo e interativa de Snowden, para que pudessem fazer perguntas. O depoimento deve ocorrer por videoconferência, já que o ex-consultor está asilado na Rússia. Snowden ainda não respondeu ao convite.

Nos EUA, o presidente da Comissão de Serviços de Informação da Câmara dos Estados Unidos, o republicano Mike Rogers, já reclamara; trata-se de uma segunda tentativa do Parlamento Europeu, visto que a primeira, em dezembro, teve validade questionada.

“Seria muito negativo para as relações entre os Estados Unidos e a União Europeia” disse o deputado norte-americano.

Mas a vice-presidente da Comissão Europeia e comissária de Justiça, Direitos Fundamentais e Cidadania, Viviane Reding, por sua vez, agradeceu publicamente a Edward Snowden por suas revelações sobre as atividades de espionagem norte-americana na Europa.

A data da nova tentativa de realização de uma audiência – ainda que por teleconferência – precisa ser definida pelo Plenário do Parlamento Europeu nos próximos dias.

Com informações do Correio do Brasil

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