Demóstenes e seu “dolce far niente”. Ou de como o moralismo seletivo é imoral
Autor: Fernando Brito
Graças ao Eduardo Guimarães, ficamos sabendo por onde anda o senador Demóstenes Torres, a quem a imprensa “esqueceu”.
Passou o reveillon em Firenze, na Itália.
Com direito a parar com a namorada e admirar a vitrine de uma loja da Louis Vuitton.
Goza de um otium cum dignitate, como diria Cícero, o rival em oratória de seu patrono grego, afastado do cargo de promotor, com seus vencimentos assegurados, R$ 25 mil, nada maus.
Porque é tratado com a dignidade de um nobre pela máquina judicial, tão feroz em outros casos e pela mídia, um coliseu romano quando o deseja.
Os processos contra ele dormitam nos escaninhos da Justiça e do Conselho do Ministério Público.
No final do ano passado, o Conselho Nacional do Ministério Público prorrogou o prazo do inquérito que abriu contra ele, há mais de um ano.
E o Tribunal de Justiça de Goiás, em novembro, adiou o recebimento ou não da denúncia contra ele.
Demóstenes, a quem a imprensa brasileira já apresentou como campeão da moralidade, antes de outro ocupar o papel, não tem uma legião de repórteres a vigiar e cobrar celeridade da Justiça.
Muito menos de cobrar justiça da Justiça.
Justiça à brasileira: Demóstenes Torres curte Ano Novo na Itália
Dois homens, duas acusações, dois pesos e duas medidas.
O ex-senador Demóstenes Torres foi flagrado mantendo relações com um chefe do crime organizado de Goiás. Há fartas provas materiais contra ele, inclusive gravações em que aparece se corrompendo.
Demóstenes foi flagrado por uma fonte deste blog desfrutando das delícias que o dinheiro pode comprar. A foto que o leitor vê acima foi tirada na cidade italiana de Firenze no primeiro dia deste ano.
José Genoino foi acusado de corrupção ativa e formação de guadrilha e condenado a 6 anos e 11 meses de prisão sem uma única prova material ou mesmo testemunhal. Para condená-lo, usaram a teoria de que seria “verossímil” que fosse culpado.
No mesma foto acima, Genoino aparece em prisão domiciliar, em Brasília, no dia 6 último, após a Justiça ter decidido lhe cobrar uma multa que vale mais do que a casa humilde em que reside, num bairro de periferia da grande São Paulo.
Os fatos acima resumem a Justiça brasileira. Abaixo, as fotos de como a elite judiciária trata a elite política deste país, que paira acima das leis enquanto debocha delas.
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