Como se prepara o “espontâneo”: a “nova política” e o golpismo
Autor: Fernando Brito
Está cada vez mais evidente, até para a generosa miopia da grande mídia, que a oposição aposta, desesperadamente, numa onda de manifestações na Copa que lhe dê chances eleitorais em outubro. Um artigo do secretário de Redação da Folha, Rogério Gentile, hoje, descreve sem meias-palavras, a expectativa da dupla Eduardo Campos – Marina Silva por protestos à porta dos estádios, de preferencia descambando para confrontos.
É o “presente de Papai Noel” que pediram Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardemberg, já que não conseguem convencer, mesmo com toda a mídia a seu dispor, que o Brasil ruma ao desastre.
Alguém ainda duvida de como serão cuidadosamente preparadas as manifestações espontâneas?
À espera da Copa
Rogério Gentile
Com a recuperação gradativa de Dilma Rousseff nas pesquisas, a
Copa do Mundo passou a ser tratada por Marina Silva e Eduardo Campos
(PSB) como a principal oportunidade, talvez a única, de reverter o
favoritismo da petista na eleição presidencial de outubro. A
despeito da economia manca, dos mensaleiros presos, das suspeitas contra
tucanos em São Paulo, Marina e Campos não conseguiram avançar no
discurso da “nova política”, da “terceira via”, lançado por ocasião da
aliança feita em outubro, embaralhando-se com o oposicionismo puro e
amarelado do PSDB. Qual é a diferença entre o governador pernambucano e o
senador mineiro? Sem saber muito bem como seguir em frente,
aguardam uma segunda onda de indignação. “Desejo [a essa multidão que
foi às ruas] mais força e criatividade para renovar a democracia no
Brasil em 2014″, escreveu a ex-ministra, na Folha, na sexta-feira
passada, citando o “país do futebol”. Copa e eleição não
costumam se misturar, mas o fato de a competição ocorrer aqui pode
modificar as coisas. Um eventual fracasso na organização, problemas nos
aeroportos ou na segurança têm potencial para despertar um sentimento de
vergonha nacional. Mas torcer por isso é mais estúpido do que desejar o
insucesso de Neymar e cia. A repetição dos protestos de junho
também é uma possibilidade, afinal sempre há motivo para se revoltar no
Brasil, e muitos estarão interessados em aproveitar a janela de
exposição da Copa. Mas é necessário lembrar que os atos de 2013 só
ganharam dimensão, levando multidões às ruas, quando a polícia de
Alckmin usou de violência irracional contra manifestantes e jornalistas,
indignando o país. Até então o aumento da tarifa mobilizara uma meia
dúzia. Haverá um novo estopim em junho? Pode até acontecer, mas
apostar nisso agora, como fazem Marina e Campos, submetendo-se a essa
expectativa, é mais arriscado do que tentar adivinhar o vencedor da
Copa.
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