Com invasão da Cracolândia, Alckmin insiste em demonstrar que São Paulo é o túmulo da política
Luis Nassif
São Paulo não merece um governante da pequena estatura de Geraldo Alckmin. Não adianta os detratores do estado argumentarem que ambos se merecem. Definitivamente não se merecem.
São Paulo é a cidade dos movimentos de saúde mental, a cidade que abriga brasileiros e estrangeiros de todos os lugares, a cidade de movimentos e organizações sociais relevantes, de grupos de opinião modernos, o estado que abriga as melhores consultorias, universidades, institutos de pesquisa, as maiores e melhores empresas, a melhor estrutura de cidades médias, as mais amplas estruturas sindicais, da Fiesp-Ciesp, Fecomercio à CUT.
Se o potencial de São Paulo estivesse sob o comando de um Antonio Anastasia, Eduardo Campos, Ciro Gomes, até de um Sérgio Cabral, de um Fernando Haddad, mudar-se-ia o país a partir daqui.
Mas Alckmin pertence a um outro mundo paulista, provinciano, desinformado, atrasado. É filho direto da ignorância e do preconceito. Nao se trata apenas de um conservador: seu caso é de ignorância crassa sobre avanços sociais mínimos.
Alckmin não entendeu que o movimento de recuperação da Cracolândia tornou-se suprapartidário; que os gestos de paz trouxeram à tona o melhor do paulistano: a generosidade que abriga brasileiros de todos os lugares, sobrepondo-se ao preconceito ainda existente. O pacto entre prefeitura e governo do Estado enobrecia a ambos.
Ontem, quando se anunciou que ele receberia as lideranças do Movimento dos Sem Teto, julgou-se que uma réstia de informação havia penetrado em sua couraça. Poderia emergir dali um novo perfil de governante, aquele que finalmente acordou para os novos tempos.
Ledo engano
A ação irresponsável de Alckmin não atingiu apenas o prefeito Fernando Haddad. Foi um tiro no estômago dos que ainda apostam que São Paulo é humano.
Alckmin insiste em comprovar que aqui é o túmulo da política.
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