A “inflação do verão” e a “fria” dos pessimistas

Autor: Fernando Brito
praia
O Globo, naqueles seus fantásticos malabarismo para cumprir, todo dia, a dura missão de dizer que o Brasil está se acabando, apela hoje para uma supercriativa “inflação de verão”, um mix de cerveja, refrigerantes, academias de ginástica, sorvete e vinho (?), entre outros produtos que têm a procura aumentada nos primeiros dias de verão e nas festas.
Sugiro já ir preparando, também, a “inflação do Carnaval”, a da Semana Santa e a da Copa.
Isso é tão científico quando medir os preços do varejo na rodoviária do Tietê, em São Paulo, onde acabo de pagar R$ 12,40 por uma esfirra e um refresco de laranja, é obvio.

Mas a matéria de O Globo traz um dado interessantíssimo.
Diz que há falta de aparelhos de ar condicionados, ventiladores e circuladores de ar nas lojas.
As fábricas têm pouco ou nenhum estoque para atender a demanda e muitas, como deram férias coletivas, nem mesmo têm como correr para fabricá-los.
A razão?
O varejo não fez pedido.
Há muita mentira nisso aí, embora de fato tenha gente de pé atrás.
Diz o jornal que as vendas explodiram em janeiro, num “calor atrasado” que não veio em dezembro.
Conversa fiada: se não tivessem vendido em dezembro estariam estocadas para vender na primeira semana de janeiro, é evidente.
E, depois, duvido que alguém estivesse prevendo um clima glacial para janeiro ou fevereiro.
O que havia, mesmo, era pessimismo com as vendas.
Afinal,os jornais e os “especialistas” estão dizendo todo santo dia que as vendas cairão, os preços subirão e o poder de compra da população está frito.
Existe – e é claro que as altas temperaturas do verão o catalizaram – um processo de recuperação do consumo.
E não apenas o consumo leve, de ocasião, como o de sorvetes, bebidas e ventiladores menores como o de bens de valor mais alto, como os aparelhos de ar condicionado, que têm valor suficiente – além da complexidade de instalação, que o encarece ainda mais – para uma decisão de compra mais ponderada.
O que está acontecendo – é cedo ainda para dizer – é semelhante ao que se passou em 2009, quando os jornais anunciavam que o Brasil estava em recessão na mesma edição em que falavam que faltavam lavadoras e fogões nas lojas, com o crescimento da demanda provocado pela redução do IPI.
O setor estava ciente deste crescimento.
Em setembro, na abertura da feira do setor de ventilação e climatização, os dirigentes do setor já estivavam um crescimento de 8% em 2013 e atribuíam isso à “ alta da construção civil, as políticas de incentivo e ao aumento de renda da população”, como você pode ler aqui.
Se falta produto é sinal de que as vendas não estão altas por causa do calor – de resto, nenhuma novidade nesta época – mas porque estão, por causa do calor, excepcionalmente altas.
Quem for na conversa catastrofista dos jornais vai perder dinheiro.

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