Polícia da Islândia descobriu pela primeira vez o que é matar alguém
O caso "inédito" abalou o país. Polícia já lamentou o sucedido e enviou condolências à família do homem que ameaçava os vizinhos com uma arma.
Pela primeira vez, um agente da polícia matou uma pessoa na Islândia. O homem vivia nos arredores da capital, Reiquejavique.
Sem razão aparente, na madrugada de segunda-feira, com uma arma na mão, ameaça as famílias dos apartamentos vizinhos e estes são retirados, de emergência, pela polícia chamada ao local, pouca habituada a situações deste tipo. As operações policiais acontecem raramente na pacata ilha.
Os primeiros disparos ouvem-se às 5h da manhã — vindos do apartamento do homem, que estaria sozinho, segundo informações da imprensa local e da AFP. A polícia dispara de volta, a partir da rua, na tentativa de dissuadir o suspeito, sem êxito. Tenta depois neutralizar o homem lançando gás lacrimogéneo para o seu apartamento. Da janela, o homem continua a disparar.
Uma unidade da polícia SWAT — a única que na Islândia tem autorização para usar armas — decide entrar no apartamento. Dois polícias são atingidos sem gravidade. Continuam a responder aos disparos, o homem é ferido e levado numa maca para o hospital, onde viria a morrer.
O incidente é “inédito”, disse, citado pela AFP, o comandante nacional da polícia, Haraldur Johannessen, numa conferência de imprensa em Reiquejavique, na segunda-feira. “A polícia lamenta este incidente e quer deixar condolências à família” da vítima, acrescentou. Um inquérito foi aberto para perceber por que foi a vítima baleada e se o homem estava sob o efeito de drogas ou álcool.
O caso abalou a polícia e os islandeses e veio lembrar aquilo que investigadores, como o estudante Andrew Clark, dos Estados Unidos, a trabalhar sobre a quase inexistente de criminalidade na Islândia, escrevem sobre este país: a ilha no meio do Atlântico Norte tem uma das mais baixas taxas de ocorrências de crimes violentos do mundo. Os crimes raros — quando ocorrem — não envolvem armas, apesar de muitas pessoas terem uma. Muita gente gosta de caça.
Um terço da população tem armas
São cerca de 322 mil habitantes com 90 mil armas registadas, escreve osite da Bloomberg, que nota que, excluindo as crianças, cerca de um terço da população terá uma arma. Porém, para se poder ter uma licença, num país onde poucos polícias andam armados, são feitos controlos apertados, incluindo exames médicos e testes escritos, escreve o site da Bloomberg a propósito do artigo que Andrew Clark publicou em Maio na BBC, com o título Por que é o crime violento tão raro na Islândia?.
São cerca de 322 mil habitantes com 90 mil armas registadas, escreve osite da Bloomberg, que nota que, excluindo as crianças, cerca de um terço da população terá uma arma. Porém, para se poder ter uma licença, num país onde poucos polícias andam armados, são feitos controlos apertados, incluindo exames médicos e testes escritos, escreve o site da Bloomberg a propósito do artigo que Andrew Clark publicou em Maio na BBC, com o título Por que é o crime violento tão raro na Islândia?.
A Islândia é também um país sem classes sociais muito distintas, lembra o estudante Andrew Clark. Só 3% da população se revê como pertencente às classes alta e baixa. A grande maioria — 97% — pertence à classe média.
Neste quadro, a tensão social é praticamente inexistente e esta é uma das prováveis razões para a baixa criminalidade, diz o estudante da Universidade de Suffolk, em Boston, que nota também o baixo consumo de drogas no país. Menos de 1% da população adulta consome ou consumiu, por exemplo, cocaína, refere com base num estudo para 2012 da Agência das Nações Unidas para a Droga e o Crime (UNODC).
A taxa de criminalidade violenta é baixa em valor absoluto mas tambémper capita. Nos Estados Unidos, onde há quase 90 armas para cada 100 habitantes, há três vezes mais probabilidades de uma pessoa ser vítima de um crime violento, segundo Andrew Clark, que cita o Estudo Global sobre Homicídio no mundo. Na Islândia, a taxa nunca subiu acima dos 1,8 homicídios por 100 mil pessoas entre 1999 e 2009, enquanto nos Estados Unidos essa taxa variou, nos mesmos dez anos, entre cinco e 5,8 por 100 mil pessoas.
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