Preço do petróleo desce depois de acordo nuclear com Irão

Alívio das sanções ao Irão poderá ter influência limitada, no imediato, nas exportações petrolíferas, antecipam analistas. Bolsas europeias seguem a negociar com ganhos modestos.
As sanções contra o Irão duram desde 2006 /MORTEZA NIKOUBAZL/REUTERS

O mercado petrolífero seguiu de perto a maratona negocial dos últimos dias em Genebra e a reacção não se fez esperar. Os preços do petróleo estão nesta segunda-feira a negociar em baixa, a reflectir o acordo preliminar sobre o programa nuclear iraniano, alcançado na madrugada de domingo entre o Irão e seis países (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha).

O preço do barril de Brent para entrega em Janeiro, que serve de referência nas transacções para a Europa, descia 1,85% por volta das 10h30, recuando para 109 dólares. Também o preço do barril de crude, referência para os Estados Unidos, caía 1,19%, recuando para os 93,71 dólares.

Segundo o acordo preliminar, que trava a aplicação de novas sanções, Teerão compromete-se a não enriquecer urânio acima de 5%, é autorizada a compra de petróleo iraniano em pequena escala, são suspensos embargos sectoriais (nomeadamente dos metais preciosos) e são impostos limites à progressão da capacidade de enriquecimento.

Se as sanções impostas pela ONU ao Irão estão a limitar as exportações de petróleo iraniano (a Reuters notou a queda de compras com origem em países asiáticos, Turquia e África do Sul), o facto de o acordo prever um alívio das sanções leva vários analistas a apostar que o mercado mundial poderá vir a ter mais um milhão de barris de petróleo por dia. Mas não quer dizer que este aumento aconteça no imediato: tanto porque a suspensão das sanções é limitada e temporária, como pelo facto de se poder registar um abrandamento do ritmo exportador de petróleo da Arábia Saudita.

Para Olivier Jakob, da consultora Petromatrix, que a Reuters cita, o acordo poderá ajudar o Irão a chegar, pelo menos, ao mesmo nível de exportações registado antes de lhe serem aplicadas sanções (desde 2006). No curto prazo, porém, “o impacto do acordo sobre a oferta de petróleo mundial será limitado porque a maior parte das sanções permanece” neste momento, sublinhou à AFP, a partir de Singapura, Victor Shum, responsável da Purvin & Gertz.

Ao mesmo tempo, sendo o Irão um membro da  Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), o aumento da produção terá de ser feito dentro das quotas estabelecidas, segundo referiu à Dow Jones Stuart Ive, da OM Financial.

Uma análise do BPI desta segunda-feira referia que o movimento descendente dos preços do petróleo pode beneficiar as acções das companhias aéreas.

Nas bolsas, os principais mercados asiáticos — os primeiros a abrir depois de conhecido o acordo — negociaram em alta, num movimento que está a ser seguido em várias praças do Velho Continente. De Frankfurt a Paris, de Amesterdão a Bruxelas, os índices seguem com ganhos contidos, todos eles inferiores a 1%. O PSI-20, da bolsa lisboeta, seguia a tendência das congéneres europeias, mas com uma subida mais ténue, de 0,05% por volta das 10h30.
 

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