Barbara Melo: ousar mudar o país deve ser a sina de todo jovem
O Portal da UJS publicou entrevista com Barbara Melo, militante da entidade e candidata do movimento #VemPraRua à presidência da Ubes. Ela tem 19 anos de idade e começou a militar em 2010 na escola técnica Oscar Tenório. Em 2011 participou da sua primeira atividade no movimento estudantil, o encontro de grêmios da União Estadual de Estudantes Secundaristas (Uees-RJ).
Em seguida participou da sua primeira passeata, pelo passe livre claro, foi assim que em pouco tempo Barbara Melo se tornou uma das principais lideranças estudantis na cidade do Rio de Janeiro, tornando-se presidenta da histórica Associação Municipal de Estudantes Secundaristas do Rio (Ames-Rio).
Leia abaixo entrevista da Barbara Melo concedida ao Portal da UJS:
Quais foram as principais vitórias do movimento estudantil brasileiro nesta gestão da Ubes, na qual você participou como presidenta da Ames-Rio?
Sem dúvida a aprovação dos 10% do PIB para a educação e os 75% dos royalties do petróleo para a educação! Isso significa o maior investimento de toda história brasileira. Além da expansão de vagas no ensino técnico, pelo Pronatec, que aliás também temos nossas críticas, o salto na democratização do acesso ao ensino superior, 50% das vagas das universidades federais destinadas a estudantes provenientes das escolas públicas. E a aprovação do estatuto da juventude e da garantia da lei nacional de meia-entrada, neste ultimo quesito os empresários querem restringir nosso direito.
Você é presidente da Ames-RJ, qual foi o papel da entidade nas grandes mobilizações do Rio de Janeiro?
Com diversos setores do movimento social, a Ames é fundadora do Fórum de Lutas do Rio de Janeiro, que organizou as manifestações contra o aumento da passagem. A AMES organizou em diversas escolas a saída dos estudantes para as passeatas além de fazer debates a cerca dos rumos e pautas das passeatas, mantendo posição firme na defesa da diminuição das tarifas de ônibus e na transformação radical da educação no Estado do Rio de Janeiro.
As manifestações do rio foram e são marcadas por um alto grau de repressão do Estado.
Infelizmente o comportamento da polícia, especialmente no Rio, é muito truculento. Todos os dias em comunidades há abuso de poder e descaso com as reais necessidades da população. Nas ruas não foi diferente. Eu mesma já tomei muito spray de pimenta na cara só pelo fato de estar erguendo uma bandeira.
Nas comunidades eles atiram primeiro pra depois perguntar, não da mais, das manifestações às comunidades, de Edson Luis (estudante assassinado em 1968) a Douglas Rodrigues (assassinado recentemente em São Paulo) todos nós perguntamos: porque os senhores atiraram em nós? Precisamos desmilitarizar a polícia, um resquício da ditadura!
Qual a sua opinião sobre o movimento black bloc’s?
A tática black block não vem de hoje. Mas esse movimento tomou muito destaque nas passeatas pelo seu comportamento de elencar alvos como bancos e lojas que representem símbolos capitalistas. Em minha opinião o movimento é legítimo, porém, nesses atos de ação direta tem que tomar cuidado para não ferir nenhum inocente.
Há um questionamento de setores da sociedade sobre a realização da copa e das olimpíadas no Brasil. Qual é a sua opinião esses megaeventos esportivos?
Tenho orgulho de pertencer ao país do futebol! E sou convicta da capacidade do Brasil de ser palco dos mega-eventos. Porém, a Copa e as Olimpíadas são elitistas no mundo todo, e no Brasil o futebol é um esporte de todas as classes sociais. O projeto da Copa e das Olimpíadas traz muitos investimentos gerando milhares de empregos, mas, precisamos pensar no depois, no que estes eventos vão deixar de positivo para o país. Não caio no slogan fácil da direita que quer destruir a importância destes grandes eventos, mas, também não podemos achar que está tudo bem, precisamos ficar atentos.
Quais desafios você acha que a Ubes terá de enfrentar na próxima gestão?
Efetivar a conquista dos 10% do PIB para a educação, e garantir a reformulação do atual modelo arcaico de ensino médio.
O congresso da Ubes começa na quinta feira (28), porque é importante a participação dos estudantes neste congresso?
Porque o congresso da Ubes reunirá milhares de estudantes pelo país para traçar os rumos do movimento estudantil secundaristas pelos próximos dois anos, e construir a Ubes deve ser a sina de todo jovem brasileiro que ousa mudar o país.
Fonte: Portal da UJS
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