PS4 e Xbox One são 'tecnologia velha', diz executivo da Nvidia



Visitantes jogam "Diablo" durante a feira Gamescom em Colônia, na Alemanha. (Foto: Ina Fassbender/Reuters)
Para executivo da Nvidia, videogames de nova geração estarão desde o primeiro dia em desvantagem em relação aos PCs para jogos (Foto: Ina Fassbender/Reuters)
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Bruno Araujo
Do G1, em São Paulo

Americano Rev Lebaredian esteve em São Paulo para evento SB Games.
AMD, fabricante das placas de vídeo dos dois consoles, contesta afirmação.

Os videogames de nova geração PlayStation 4 e Xbox One são o que há de mais avançado em termos de consoles de mesa. Mas isso não convence Rev Lebaredian, diretor sênior de engenharia da fabricante de placas de vídeo Nvidia, de que os novos aparelhos são a melhor opção para os jogadores.

Em entrevista ao G1 durante o Simpósio Brasileiro de Jogos e Entretenimento Digital 2013 (SB Games), realizado entre 16 e 18 de outubro em São Paulo, o executivo afirma que a nova leva de videogames estará desde o primeiro dia em desvantagem em relação aos computadores para jogos, pois são "tecnologia velha".

Rev Lebaredian, executivo da nVidia (Foto: Divulgação/Nvidia)
Rev Lebaredian, executivo da nVidia
(Foto: Divulgação/Nvidia)

"O que acontece agora é que o ciclo de vida dos consoles é muito longo, e a cada seis meses nós temos novas GPUs (graphic processing units, ou unidades de processamento gráfico, em tradução)", exemplifica Lebaredian. "Essa é a primeira vez que os consoles [de nova geração] são notavelmente mais fracos que os computadores da mesma época. Quando o PlayStation 4 for lançado, a diferença para um PC topo de linha será de 2,5 vezes".
Para o executivo, o grande trunfo dos PCs contra os novos videogames é a sua natureza personalizável e capaz de ser melhorada com o passar dos anos. "O custo para produzir consoles melhores que computadores se tornou muito alto, e eles têm de criar artifícios para tentar torná-los atraentes", equaciona o executivo. "Se coisas como comandos por voz se tornarem atraentes [aos jogadores], não é inconcebível dizer que elas vão acabar sendo assimiladas pelos PCs. Existe muito mais competição pela sala de estar hoje. E esses consoles se manterão os mesmos".
Quando o PlayStation 4 for lançado, a diferença para um PC topo de linha será de 2,5 vezes"
Rev Lebaredian
Diretor sênior de engenharia da Nvidia
Mas ao contrário da geração passada, a Nvidia não está presente em nenhum dos novos consoles. A AMD, concorrente direta da companhia no desenvolvimento de GPUs para PCs, é quem fornece o armamento visual tanto do PS4 quanto do Xbox One.
Em conversa com o G1 por telefone, o brasileiro Roberto Brandão, diretor de engenharia da AMD para a América Latina, contesta a afirmação de Lebaredian, garante que os novos consoles têm "a mais recente tecnologia gráfica da empresa" e argumenta que os sistemas operacionais específicos e a oferta integrada do PS4 e do Xbox One – o processador de ambos também é fabricado pela AMD – distinguem o seu desempenho.
Roberto Brandão, da AMD (Foto: Divulgação/AMD)Roberto Brandão, executivo da AMD
(Foto: Divulgação/AMD)
"Os consoles estão todos apontados para a AMD não só pelas melhorias gráficas, mas principalmente pela estabilidade da plataforma. A inteligência dos jogos também vai ser processada pela GPU", conta Brandão. "Os sistemas operacionais dos PCs são genéricos, muito abertos. O dos videogames é mais fechado, otimizado para aquele hardware. E esse maior nível de otimização vai manter as plataformas atualizadas".
Brandão diz ainda que, apesar da grande vantagem dos PCs ser a possibilidade de "upgrades", não é esse o foco do público dos videogames de mesa. "Pode ser que uma pessoa precise de uma placa gráfica de PC que suporte seis monitores 4K (resolução Ultra HD). O jogador de console vai usar uma única tela".
Para o brasileiro, o fato da AMD estar nos dois consoles de nova geração e ter uma forte presença no mercado de GPUs para PCs não atrapalha a companhia. "[As produtoras de jogos] também fornecem para PCs e videogames. Hoje, os consoles usam uma arquitetura parecida com a de computadores. Então a gente vai ter uma questão de compatibilidade mais forte", relata. "Vamos dar a liberdade para o cliente escolher".
Os sistemas operacionais dos PCs são genéricos. O dos videogames é mais fechado, otimizado. E isso vai manter as plataformas atualizadas"
Roberto Brandão
diretor de engenharia da AMD
Steam Machines
Reveladas em setembro pela Valve, criadora do game "Half-Life", as Steam Machines (ou Máquinas Steam, em tradução) são uma tentativa da companhia de disputar território na sala de estar com os videogames de nova geração. Alimentado pelo sistema operacional gratuito e dedicado a games da Valve, o SteamOS, esse híbrido de PC e console promete ter preços acessíveis aos que jogam no computador e querem migrar do quarto para a tela grande.
"Nós já vemos gente plugando máquinas enormes no televisor para ter a melhor experiência de jogo possível. Esses mesmos caras definitivamente estão dispostos a personalizar suas máquinas com o SteamOS e continuar jogando", diz Lebaredian. "Existem pessoas que não querem necessariamente colocar um computador grande na frente do televisor. Mas se elas acharem uma máquina com preço bom, embalada de um modo legal, tudo que eles precisam fazer é plugar no televisor e ter acesso aos jogos. Acredito que haja demanda para isso".
Brandão também acha a proposta interessante, mas tem ressalvas. "O nível de personalização de hardware [das Steam Machines] não é tão grande como nos PCs". No entanto, para o executivo brasileiro, há espaço para todos. "Elas podem entrar para concorrer em um segmento específico, entre PCs e consoles, mas não vai matar nenhum dos dois. O jogo no PC é importante, continua sendo muito forte, mas os videogames vão continuar mandando".
Lebaredian acredita que o fato do SteamOS ser baseado na plataforma Linux pode ajudar o desenvolvimento de games em geral. "A maioria dos jogos grandes não está portada para Linux, mas muitos têm versão para OS X (sistema da Apple). Ir de um Mac para Linux não é tão difícil", comenta. "Vários desenvolvedores com quem eu tenho conversado dizem que isso interessa, algo como uma unificação entre plataformas. Você pode ter praticamente um único código que funciona praticamente em todos os lugares".

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