Como José Serra deu o abraço do afogado em Roberto Freire

Eles

José Serra deu o abraço do afogado em Roberto Freire, o presidente do PPS, seu amigo de fé e irmão camarada.

Serra era a grande esperança branca de Freire e do PPS. Depois que JS voltou para o lugar de onde nunca saiu, o PSDB, Freire tentou a qualquer custo trazer Marina Silva para sua legenda. Era sua chance de permanecer respirando politicamente. Fez questão de deixar público seu apelo: “Estou à disposição. Ela [Marina] diz o que quer fazer. Temos abertura. Não tem problema vir a Rede apenas em um período. Não há impedimento nenhum”.



Marina optou pelo PSB. Restou a Freire dizer que aquele foi “um grave equívoco”.

Freire foi trazido para São Paulo por Serra. Acabou se elegendo deputado federal por SP, mas é uma espécie de desterrado. É criticado por seus colegas paulistas por não ter ligação histórica com o estado (toda sua carreira foi construída em Pernambuco) e pelos conterrâneos por ser considerado um desertor.

O PPS é, hoje, uma linha auxiliar do PSDB. “O Serra joga xadrez político com as pessoas e só leva em conta as enormes ambições dele. Se, para chegar onde quer chegar, tiver de se livrar de alguém, ele não tem dúvida”, disse um ex-pessedebista histórico ao DCM. (Freire não é o único náufrago serrista em São Paulo. Soninha, candidata à prefeitura e ao governo pelo mesmo PPS, também tornou-se uma sombra).

Freire foi acomodado em cargos de conselho na EMURB e na SPTuris. Era uma maneira de Serra costurar apoios futuros. Freire continua, aparentemente, fiel. “Serra é líder democrático de esquerda. Não tem apoio de banqueiros e grande capital”, escreveu no Twitter, onde passa o tempo batendo boca com pessoas que pegam em seu pé por conta de seu antigovernismo maluco beleza (a coisa chega a tal ponto que ele caiu numa pegadinha segundo a qual a frase “Lula Seja Louvado” seria impressa nas cédulas de real).

Abandonado, folclórico, uma saída para Freire seria, finalmente, trabalhar — por São Paulo, que o colocou em Brasília, ou por um projeto que não dependesse de um salvador da pátria. Mas isso está fora de questão. Como diz o Zé Simão, Roberto Freire é “um Fernando Henrique sem chantilly”.


Sobre o Autor

Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

Comentários