Surge uma nova urubóloga: “Marina Leitão”
10 de setembro de 2013 | 16:10
“No aspecto do controle da inflação: temos o risco de retorno da inflação. Temos um problema que sinaliza uma série de dificuldades que comprometem alguns dos instrumentos mais importantes para o equilíbrio, que são o tripé meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário”.
O comentário não é da Miriam Leitão, é da candidata Marina Silva, na entrevista que deu à Folha, hoje.
Questionada se a questão econômica não seria o ponto fraco de sua candidatura, disse que a ideia de sustentabilidade a tornou preparada em economia. E defendeu, tintim por tintim, a agenda econômica liberal, numa avaliação que podia ser subscrita integralmente, por qualquer economista tucano.
Marina, infelizmente, se junta ao coro catastrofista, tentando assustar as pessoas com um perigo de uma explosão inflacionária que não existe, mas que serve para justificar as pressões pelo aumento dos juros, inibe os investimentos públicos e rema contra expansão da economia, da produção e do emprego.
Se Marina criticasse o Governo Dilma por se aferrar demais aos preceitos neoliberais que, há quase 20 anos, vêm manietando este país, se falasse no absurdo que é a economia dos países centrais nos envolver no torvelinhos de seus fluxos de capital especulativo, se falasse ao menos, desse uma palavrinha contra este escândalo que é a tentativa de controle de nossas riquezas petrolíferas pela espionagem, ou sobre a discriminação aos médicos estrangeiros e a crueldade que é querer privar o povo pobre de assistência médica…
Mas nada, nadinha…
Marina, de olho no vácuo criado na direita pela fraqueza de Aécio Neves e pelo expurgo de José Serra, tirou de vez a indignação social de seu discurso, substituindo-a por um discurso afetado, udenista, moralista e…frio, extremamente frio.
O Brasil já teve muitos governos de gente fria, sem emoções. Se a paixão não resolve tudo, a falta dela não permite resolver nada.
Das profundezas da floresta acreana, de uma vida de dificuldades e discriminações, surge uma Marina Silva que ficou igual a todos eles.
E, portanto, querendo ou não, servindo aos mesmos propósitos.
Por: Fernando Brito
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