Presidente do Chile culpa Allende pelo golpe de 1973

Em uma cerimônia para lembrar o 40º aniversário do golpe de Estado de 11 de Setembro de 1973, realizado no Palácio de La Moneda, o mesmo em que Salvador Allende foi bombardeado e terminou por suicidar-se, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou que parte da responsabilidade pelo golpe foi do presidente socialista que teria quebrado “a lei e o Estado de Direito”.


Piñera realizou a cerimônia ao lado de membros de partidos de extrema-direita, que reúnem setores que defendem o ditador Augusto Pinochet.



Durante o ato realizado na segunda-feira (9), o presidente se recusou a falar sobre a ditadura, porém mencionou que Allende "quebrou a lei e o Estado de Direito", razões que originaram o golpe.



"O colapso da democracia e das más políticas públicas foram gerando um crescente caos político, econômico e social. Isso não significa, é claro, que todas as responsabilidades são equivalentes, mas sim, foram muito mais compartilhadas do que alguns sustentam" afirmou o presidente.

De acordo com Piñera, "alguns gostariam de acreditar que toda a responsabilidade recai sobre aqueles que cometeram ou ordenaram as violações aos direitos humanos (...) também tem responsabilidade aqueles que não respeitaram o Estado de Direito e promoveram a intolerância, o ódio e a violência", disse referindo-se ao presidente constitucional Salvador Allende.

Depois, atenuou as declarações afirmando que "nenhum dos fatos, causas, erros ou responsabilidades que levaram à quebra da nossa democracia justifica os inaceitáveis abusos com relação à vida e integridade das pessoas".

A responsabilidade é daqueles que cometeram os crimes

Enquanto isso, a candidata favorita na corrida presidencial, Michelle Bachelet, que realizou um evento no Museu da Memória e dos Direitos Humanos, ressaltou que "as responsabilidades da implantação da ditadura, os crimes cometidos por agentes do Estado, a violação de direitos humanos não são justificadas, não são inevitáveis, e são de responsabilidade daqueles que os cometeram e os justificaram".

Ela acrescentou que "não é justo falar do golpe de Estado como um destino inevitável. Não é justo dizer que houve uma guerra civil latente porque para dar continuidade e apoio à democracia era necessário mais democracia, não um golpe de Estado".

Bachelet e sua mãe, Ângela Jeria, foram torturadas e seu pai, um general da Força Aérea que se opôs ao golpe, morreu na prisão em março de 1974

O golpe contra Allende matou mais de três mil pessoas, entre eles os 1.200 desaparecidos, além das 38 mil pessoas vítimas de tortura e repressão política. Nos tribunais tramitam cerca de 250 mil processos, por meio dos quais 911 ex-agentes da força de ordem pública foram julgados, delesm 263 receberam condenação definitiva.

Uma investigação da jornalista Monica Gonzalez revelou que a ditadura de Augusto Pinochet desenvolveu armas químicas para matar adversários, planejou o primeiro ataque terrorista em Washington e se aliou a ex-nazistas.

Com TeleSUR


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