O caminho da fartura
As novidades anunciadas no Plano Agrícola e Pecuário para o ciclo 2013/2014 geraram respostas dos produtores com uma rapidez incomum
por Delfim Netto
Passados pouco mais de 90 dias desde o seu lançamento, em 6 de junho, as reações do meio rural ao Plano Agrícola e Pecuário para o ciclo de produção 2013/2014 aumentaram o meu entusiasmo inicial: trata-se de um programa com a abrangência necessária para desobstruir os maiores gargalos que retardam o desenvolvimento do agronegócio brasileiro.
É o caso do tratamento dado às duas questões cruciais que receberam o merecido destaque no Plano: o seguro de safra e a deficiência da capacidade estática de estocagem das colheitas. A repercussão foi imediata, com respostas muito positivas, especialmente das cooperativas do Sudeste e das organizações de produtores do Centro-Oeste do País. O programa vai muito além. Ele não se restringe ao processo de produção e distribuição, pois envolve toda a cadeia de serviços como transporte, pesquisa, suporte à inovação, produção de sementes e renovação dos sistemas de assistência técnica.
Seguramente o melhor em muitos anos, o Plano Agropecuário mostra que está atento à necessidade de acelerar o desenvolvimento do setor, garantindo: 1. Substancial elevação dos limites do crédito de investimento e custeio, com aumento de prazos e redução da taxa de juros real. 2. Pela primeira vez, recursos de financiamento num vasto programa para enfrentar o trágico problema da capacidade estática de armazenamento das safras, que não permite ao produtor aproveitar as melhores “janelas” para a venda de sua colheita. 3. Suporte à inovação e tecnologia. 4. Aumento da atenção à irrigação. 5. Estímulo à agricultura de baixo carbono. 6. Aumento do seguro da safra, que um dia amenizará os enormes riscos climáticos e os das pragas sobre a renda da agricultura. 7. Apoio à formação de estoques, que reduzem os efeitos dos “choques de oferta”, que tanto comprometem a taxa de inflação. 8. A ampliação da assistência técnica e a recuperação da extensão rural. 9. Por fim, mas não menos importante, o decidido apoio à ação cooperativista na agricultura.
Todas essas novidades anunciadas no Plano Agrícola produziram respostas de uma rapidez incomum, com diversas organizações de produtores retomando projetos de ampliação da rede de armazenagem, como foi o caso da paranaense Coamo, de Campo Mourão, a maior cooperativa agroindustrial brasileira, que em uma semana convocou reunião para aprovar um importante programa de aumento da capacidade de estocagem da produção de seus associados.
A agropecuária brasileira é reconhecidamente eficiente, com alguns setores sofisticadíssimos, mas por natureza é uma atividade de alto risco que depende da disponibilidade de crédito e da vontade de São Pedro. E está submetida a um terrível sacrifício por causa da falta de estrutura adequada de transportes, de instalações portuárias, pela deficiência da armazenagem e pela falta de uma política de seguro.
Cresce de importância, nesse aspecto, o destino dos leilões que serão realizados até o fim deste ano para as concessões da construção e administração de rodovias, uma boa parte interligando regiões da produção agropecuária. O sucesso desses projetos será fundamental para a expansão da agroindústria que hoje responde por 25% do PIB brasileiro. Alguém pode ter dúvida de que o problema da capacidade estática de armazenagem tem tudo a ver com o abandono do planejamento da malha rodoviária? Ou que o congestionamento nos portos, quando se sabe que um navio está sendo obrigado a aguardar 50 dias para depositar sua carga de fertilizantes no Porto de Paranaguá, não tem as mesmas causas?
Por atentar para todas essas questões, o atual plano nos faz acreditar que podemos evoluir muito nos pontos mais críticos. Está havendo consciência, por exemplo, de que o País precisa fazer chegar o progresso da tecnologia à pequena e média propriedade, mediante a reconstrução do sistema de assistência técnica que já foi muito eficiente no Brasil. Se ele conseguir mobilizar a pequena agricultura com os avanços da tecnologia que estão na gaveta, vai produzir uma revolução.
Se a evolução do clima for benigna, a resposta da agroindústria ao Plano Agrícola e Pecuário de 2013/2014 será um estímulo importante para a disseminação do aumento da sua participação como alavanca do crescimento do PIB
por Delfim Netto
Passados pouco mais de 90 dias desde o seu lançamento, em 6 de junho, as reações do meio rural ao Plano Agrícola e Pecuário para o ciclo de produção 2013/2014 aumentaram o meu entusiasmo inicial: trata-se de um programa com a abrangência necessária para desobstruir os maiores gargalos que retardam o desenvolvimento do agronegócio brasileiro.
É o caso do tratamento dado às duas questões cruciais que receberam o merecido destaque no Plano: o seguro de safra e a deficiência da capacidade estática de estocagem das colheitas. A repercussão foi imediata, com respostas muito positivas, especialmente das cooperativas do Sudeste e das organizações de produtores do Centro-Oeste do País. O programa vai muito além. Ele não se restringe ao processo de produção e distribuição, pois envolve toda a cadeia de serviços como transporte, pesquisa, suporte à inovação, produção de sementes e renovação dos sistemas de assistência técnica.
Seguramente o melhor em muitos anos, o Plano Agropecuário mostra que está atento à necessidade de acelerar o desenvolvimento do setor, garantindo: 1. Substancial elevação dos limites do crédito de investimento e custeio, com aumento de prazos e redução da taxa de juros real. 2. Pela primeira vez, recursos de financiamento num vasto programa para enfrentar o trágico problema da capacidade estática de armazenamento das safras, que não permite ao produtor aproveitar as melhores “janelas” para a venda de sua colheita. 3. Suporte à inovação e tecnologia. 4. Aumento da atenção à irrigação. 5. Estímulo à agricultura de baixo carbono. 6. Aumento do seguro da safra, que um dia amenizará os enormes riscos climáticos e os das pragas sobre a renda da agricultura. 7. Apoio à formação de estoques, que reduzem os efeitos dos “choques de oferta”, que tanto comprometem a taxa de inflação. 8. A ampliação da assistência técnica e a recuperação da extensão rural. 9. Por fim, mas não menos importante, o decidido apoio à ação cooperativista na agricultura.
Todas essas novidades anunciadas no Plano Agrícola produziram respostas de uma rapidez incomum, com diversas organizações de produtores retomando projetos de ampliação da rede de armazenagem, como foi o caso da paranaense Coamo, de Campo Mourão, a maior cooperativa agroindustrial brasileira, que em uma semana convocou reunião para aprovar um importante programa de aumento da capacidade de estocagem da produção de seus associados.
A agropecuária brasileira é reconhecidamente eficiente, com alguns setores sofisticadíssimos, mas por natureza é uma atividade de alto risco que depende da disponibilidade de crédito e da vontade de São Pedro. E está submetida a um terrível sacrifício por causa da falta de estrutura adequada de transportes, de instalações portuárias, pela deficiência da armazenagem e pela falta de uma política de seguro.
Cresce de importância, nesse aspecto, o destino dos leilões que serão realizados até o fim deste ano para as concessões da construção e administração de rodovias, uma boa parte interligando regiões da produção agropecuária. O sucesso desses projetos será fundamental para a expansão da agroindústria que hoje responde por 25% do PIB brasileiro. Alguém pode ter dúvida de que o problema da capacidade estática de armazenagem tem tudo a ver com o abandono do planejamento da malha rodoviária? Ou que o congestionamento nos portos, quando se sabe que um navio está sendo obrigado a aguardar 50 dias para depositar sua carga de fertilizantes no Porto de Paranaguá, não tem as mesmas causas?
Por atentar para todas essas questões, o atual plano nos faz acreditar que podemos evoluir muito nos pontos mais críticos. Está havendo consciência, por exemplo, de que o País precisa fazer chegar o progresso da tecnologia à pequena e média propriedade, mediante a reconstrução do sistema de assistência técnica que já foi muito eficiente no Brasil. Se ele conseguir mobilizar a pequena agricultura com os avanços da tecnologia que estão na gaveta, vai produzir uma revolução.
Se a evolução do clima for benigna, a resposta da agroindústria ao Plano Agrícola e Pecuário de 2013/2014 será um estímulo importante para a disseminação do aumento da sua participação como alavanca do crescimento do PIB
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