Lula diz que Obama deve desculpas a Dilma e ao Brasil sobre espionagem

Ex-presidente da República alertou que 'a soberania dos Estados está sendo colocada em risco com o comportamento americano' e cobrou que Obama 'humildemente' peça desculpas

05 de setembro de 2013 | 17h 23

Fernando Gallo - O Estado de S. Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como muito graves as denúncias de espionagem do governo americano sobre as comunicações eletrônicas e telefônicas da presidente Dilma Rousseff (PT) e cobrou um pedido de desculpas do presidente americano Barack Obama. "A resposta americana não pode ser via diplomacia, porque a espionagem não foi via diplomacia. Cabe ao Obama, humildemente, pedir desculpas à presidenta Dilma e ao Brasil", afirmou Lula após almoço em São Paulo com a bancada de deputados estaduais do PT.
Ex-presidente Lula classificou como muitos graves denúncias de que governo americano espionou Dilma - Epitácio Pessoa/AE
O ex-presidente opinou que "a soberania dos Estados está sendo colocada em risco com o comportamento americano".

"Os Estados Unidos não foram nomeados para serem xerifes do mundo. Ninguém pediu. Se querem saber alguma coisa da Dilma, que perguntem. Não tem que ficar bisbilhotando. Foi grave, muito grave. Os americanos passaram os limites do respeito à soberania dos países."

Lula disse ter lido na imprensa que Obama iria explicar ao presidente da Suécia que a espionagem serviria para proteger outras nações. "Ninguém está pedindo proteção. O que os americanos não suportam é o fato de o Brasil ter virado um ator global".

Lula disse que não poderia opinar sobre o possível cancelamento da viagem de Dilma aos Estados Unidos por se tratar de uma  decisão que, segundo ele, cabe exclusivamente a ela. Contudo, brincou ao falar de sua expectativa em relação ao comportamento da presidente. "Espero que a Dilma dê um 'guenta' democrático no Obama."

O ex-presidente disse que é importante que o Brasil desafie as universidades, os cientistas e os pesquisadores em geral a apresentarem ao governo um programa que permita a segurança nas comunicações e admitiu que o Brasil está "vulnerável" nas telecomunicações.

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