Homofobia: Feliciano manda prender garotas por beijaram em culto
Duas estudantes, de 18 e 20 anos, foram presas na noite deste domingo (17), após se beijarem durante evento evangélico realizado em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. O protesto foi realizado enquanto o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC/SP) iniciava sua pregação a cerca de dois mil fiéis.
Para o evento foi montado um forte esquema policial foi montado pelas polícias Civil, Militar e Guarda Civil Municipal (GCM) com intuito de evitar manifestações durante o 5º Glorifica Litoral, que estavam programadas para ocorrer durante o culto com o deputado.
"Essas duas precisam sair daqui algemadas", bradou Feliciano, sob aplausos dos evangélicos, que assistiram à cena por meio de dois telões. Do palco, o deputado instruía os policiais a localizarem as jovens em meio à multidão. (confira o video)
Joana Palhares, 18, e Yunka Mihura, 20, foram cercadas, detidas e algemadas por guardas municipais e encaminhadas para o 1º Distrito Policial de São Sebastião. Elas foram liberadas após prestarem depoimento. A atitude gerou revolta em um grupo de 10 pessoas que acompanhava as duas jovens.
Antes de serem encaminhadas para a delegacia, elas foram levadas para debaixo do palco, onde Joana afirmou ter sido agredida por diversos GCMs. "Só pararam porque a Yunca gritou muito". Segundo ela, Yunca chegou a ser jogada pelos GCMs para o lado da grande que separava o palco do público.
Na delegacia, após passar por exame de corpo delito, Joana, que tem corpo franzino, apresentava diversos hematomas nos braços e nas costas. "Eles (guardas) simplesmente me jogaram na grade e depois nos levaram para debaixo do palco, onde fui agredida por três guardas e ainda levei dois tapas na cara, mesmo algemada. Tudo isso por causa de um beijo", queixou-se Joana.
"Foi uma atitude completamente injusta, me senti impotente enquanto a Joana apanhava e eu não podia fazer nada. Mas vários casais heterossexuais estavam se beijando normalmente no evento", relatou Yunca.
Denúncia
O advogado Daniel Galani, que representou as jovens, disse que irá formalizar uma denúncia contra o deputado na Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Foi uma afronta gravíssima aos direitos humanos e ao direito à livre expressão", avaliou. "Como o deputado tem foro privilegiado, vamos ver como a OAB pode interferir nesta questão".
Um boletim de ocorrência também foi registrado pelas estudantes contra os guardas municipais que participaram da ocorrência. "Vamos apresentar também uma denúncia na corregedoria da Guarda Municipal para que apure o caso". Ainda segundo o advogado, as estudantes não mantêm relacionamento homoafetivo. "Apenas se beijaram para se manifestarem contra a posição preconceituosa do deputado".
Feliciano critica imprensa
"Se os jornais publicarem matérias e derem razão para esses baderneiros, vou convocar uma grande manifestação nas portas desses jornais para protestarmos na próxima terça-feira". Ele se disse "perseguido" e "humilhado" pela mídia.
Fonte: Jornal do Estado de SP e Portal Terra
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