Dilma relata conversa com Obama e dá sinais de que não vai aos EUA
A declaração mais importante dada por Dilma em São Petesburgo, Rússia, onde participa do encontro do G20, foi a de que Obama "assumiu responsabilidade direta e pessoal pela investigação das denúncias de espionagem". Segundo a presidenta, "Obama se comprometeu a responder ao governo brasileiro até quarta-feira [11] o que ocorreu".
Da Redação
Brasília - A presidenta Dilma Rousseff concedeu na manhã desta sexta-feira (8 horas em Brasília, 14 horas em S. Petersburgo) entrevista em que relatou parte da conversa mantida com o presidente Barack Obama. A declaração mais importante foi a de que Obama "assumiu responsabilidade direta e pessoal pela investigação das denúncias de espionagem". Segundo Dilma, "Obama se comprometeu a responder ao governo brasileiro até quarta-feira [11] o que ocorreu".
A presidenta deixou clara sua posição: "A minha viagem a Washington depende das condições políticas a serem criadas pelo presidente Obama".
Embora a conversa tenha sido reservada, Dilma dá sinais claros de que a situação se inverteu. A viagem que era certa agora depende das respostas a serem dadas. Obama, pelo que foi relatado pela imprensa norte-americana na quinta-feira (5), apenas repetiu a versão oficial sobre o caso que já foi dada por ele mesmo, pelo vice-presidente, Joe Biden, pelo secretário de Estado, John Kerry, e pelo embaixador no Brasil, Thomas Shannon.
Documentos mostrados por Glenn Greenwald, tendo como fonte o ex "soldado digital", Edward Snowden, comprovam que todos mentiram: as agências do serviço de espionagem dos EUA monitoram não apenas os fluxos de informação, mas os conteúdos. Hoje, em todos os jornais, são reproduzidas novas provas de que as agências quebraram os códigos de criptografia das mensagens de internet. Na prática, como dizem fontes do Itamaraty, eles transformaram os e-mails em cartão postal. Isso deixa Obama a um passo de ter praticado, ao contrário do que declarou, abuso de poder.
Viagem aos Estados Unidos subiu no telhadoSobre a viagem prevista inicialmente para outubro, aos Estados Unidos, de fato, ninguém sabe dizer exatamente se Dilma vai ou não aos Estados Unidos. Nem Obama e nem mesmo a própria Dilma. Mas os sinais de que a viagem "subiu no telhado" já estão dados. Isso ficou claro quando Dilma mandou cancelar a ida da equipe que iria preparar a viagem. Essa equipe é tradicionalmente chamada de "precursora".
Se não surgir nada de novo na explicação a ser dada por Obama, não haverá motivo para que Dilma esteja nos Estados Unidos apertando a mão e sorrindo ao lado de Obama, no dia 23 de outubro. A expressão "condições políticas" deixou isso muito claro. Assessores próximos à presidenta entendem que a frase pode ser entendida também como algo que envolve a situação da Síria. Até outubro, Obama terá lançado um ou mais ataques à Síria, a depender das consequências de uma escalada de violência provocadas por uma ingerência militar direta dos Estados Unidos no conflito.
Dilma avisou hoje que "o Brasil não reconhece uma ação militar na Síria sem a aprovação da ONU".
Brasil espera por dois pedidos de desculpasA posição do governo brasileiro é a de esperar dois pedidos de desculpas de Obama: um, pessoal e reservado, à própria presidenta, e outro ao Brasil, de forma pública. Ontem, não veio nem uma coisa, nem outra. Por escrito, se considera improvável que venha, tais as implicações políticas de Obama admitir a espionagem sobre o conteúdo de mensagens de um chefe de Estado.
A ideia do vice-presidente, Joe Biden, de trocar o pedido de desculpas por agrados ao Brasil já é encarada como ofensa por autoridades brasileiras. A sinalização de que os Estados Unidos, no dia 23 de outubro, anunciariam um apoio à presença do Brasil no Conselho de Segurança da ONU é vista como conversa para boi dormir. Seria uma declaração bem vista, mas não avança na discussão e desmoralizaria a presidenta, que deixou clara sua irritação com a violação da soberania do país.
Dia D é o 24 de setembroA presidenta deve fazer um discurso duro no dia 24 de setembro, quando falará à Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Este momento tem sido visto como o definitivo ("deadline") para uma decisão sobre o assunto da viagem de outubro.
Conforme Carta Maior antecipou (leia a matéria de 16 de agosto), o Brasil vai propor normas internacionais de regulação da internet para garantir a liberdade de expressão e o direito à privacidade. A presidenta oficializou, em sua entrevista em S. Petersburgo:
"Irei à ONU propor uma nova governança contra invasão de privacidade".
As declarações citadas da entrevista da presidenta em S. Petersburgo estão disponíveis no perfil do Blog do Planalto no Twitter.
A presidenta deixou clara sua posição: "A minha viagem a Washington depende das condições políticas a serem criadas pelo presidente Obama".
Embora a conversa tenha sido reservada, Dilma dá sinais claros de que a situação se inverteu. A viagem que era certa agora depende das respostas a serem dadas. Obama, pelo que foi relatado pela imprensa norte-americana na quinta-feira (5), apenas repetiu a versão oficial sobre o caso que já foi dada por ele mesmo, pelo vice-presidente, Joe Biden, pelo secretário de Estado, John Kerry, e pelo embaixador no Brasil, Thomas Shannon.
Documentos mostrados por Glenn Greenwald, tendo como fonte o ex "soldado digital", Edward Snowden, comprovam que todos mentiram: as agências do serviço de espionagem dos EUA monitoram não apenas os fluxos de informação, mas os conteúdos. Hoje, em todos os jornais, são reproduzidas novas provas de que as agências quebraram os códigos de criptografia das mensagens de internet. Na prática, como dizem fontes do Itamaraty, eles transformaram os e-mails em cartão postal. Isso deixa Obama a um passo de ter praticado, ao contrário do que declarou, abuso de poder.
Viagem aos Estados Unidos subiu no telhadoSobre a viagem prevista inicialmente para outubro, aos Estados Unidos, de fato, ninguém sabe dizer exatamente se Dilma vai ou não aos Estados Unidos. Nem Obama e nem mesmo a própria Dilma. Mas os sinais de que a viagem "subiu no telhado" já estão dados. Isso ficou claro quando Dilma mandou cancelar a ida da equipe que iria preparar a viagem. Essa equipe é tradicionalmente chamada de "precursora".
Se não surgir nada de novo na explicação a ser dada por Obama, não haverá motivo para que Dilma esteja nos Estados Unidos apertando a mão e sorrindo ao lado de Obama, no dia 23 de outubro. A expressão "condições políticas" deixou isso muito claro. Assessores próximos à presidenta entendem que a frase pode ser entendida também como algo que envolve a situação da Síria. Até outubro, Obama terá lançado um ou mais ataques à Síria, a depender das consequências de uma escalada de violência provocadas por uma ingerência militar direta dos Estados Unidos no conflito.
Dilma avisou hoje que "o Brasil não reconhece uma ação militar na Síria sem a aprovação da ONU".
Brasil espera por dois pedidos de desculpasA posição do governo brasileiro é a de esperar dois pedidos de desculpas de Obama: um, pessoal e reservado, à própria presidenta, e outro ao Brasil, de forma pública. Ontem, não veio nem uma coisa, nem outra. Por escrito, se considera improvável que venha, tais as implicações políticas de Obama admitir a espionagem sobre o conteúdo de mensagens de um chefe de Estado.
A ideia do vice-presidente, Joe Biden, de trocar o pedido de desculpas por agrados ao Brasil já é encarada como ofensa por autoridades brasileiras. A sinalização de que os Estados Unidos, no dia 23 de outubro, anunciariam um apoio à presença do Brasil no Conselho de Segurança da ONU é vista como conversa para boi dormir. Seria uma declaração bem vista, mas não avança na discussão e desmoralizaria a presidenta, que deixou clara sua irritação com a violação da soberania do país.
Dia D é o 24 de setembroA presidenta deve fazer um discurso duro no dia 24 de setembro, quando falará à Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Este momento tem sido visto como o definitivo ("deadline") para uma decisão sobre o assunto da viagem de outubro.
Conforme Carta Maior antecipou (leia a matéria de 16 de agosto), o Brasil vai propor normas internacionais de regulação da internet para garantir a liberdade de expressão e o direito à privacidade. A presidenta oficializou, em sua entrevista em S. Petersburgo:
"Irei à ONU propor uma nova governança contra invasão de privacidade".
As declarações citadas da entrevista da presidenta em S. Petersburgo estão disponíveis no perfil do Blog do Planalto no Twitter.
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