Corinthians e Tite: um casamento à beira do fim

Postado por  em 12/09/2013
Treino do Corinthians

Tite não é Alex Ferguson. Sabe que estabilidade é uma palavra muito vaga no futebol. Ao mesmo tempo, o treinador tem a convicção de que só evoluiu com o passar dos anos e conseguir formar equipes vencedoras. Em 31 de dezembro de 2012, ninguém discutia a capacidade do gaúcho à frente do Corinthians. Alguns realmente apostavam que, meses antes, seria eleito o comandante da Seleção Brasileira.

Mas veio o primeiro golpe. A saída de Paulinho. Foi por ele que Tite se portou como um torcedor comum na arquibancada do Pacaembu lotado. Naquela noite, contra o Vasco, Tite virou uma unanimidade, ainda que com prazos de validade estipulados pelo exigente público. Paulinho era um só, mas, a cada mês, parece ser muitos. Porque o time do Corinthians abriu 2013 sem outras mudanças significativas. Muitos apontavam até melhorias em certos setores, como a zaga, com a chegada de Gil, e o meio de campo, com a contratação de Renato Augusto.

Mas planejamento e cofres cheios não são sinônimos de conquistas ininterruptas. O Campeonato Paulista e a Recopa foram alentos, mas já deram sinais claros de que o ritmo não era mais o mesmo. Apesar da eliminação doída, rodeada de erros grosseiros da arbitragem, o Corinthians fez uma Libertadores preguiçosa, munido simplesmente de um contexto que o colocava como favorito a tudo que disputasse.

Pato demorou a vingar. Na realidade, ainda é uma incógnita. Começou a fazer gols, mas ainda não demonstra regularidade. Guerrero é estável, mas perdeu o faro. Lesões colocaram em dúvida se o elenco do Corinthians era tão completo assim. Romarinho passou de talismã a titular e a mística se foi. Ibson e Maldonado foram contratados e até hoje ninguém entende os motivos. Emerson Sheik não é nem sombra do jogador que fez dois gols contra o Boca Juniors e levou o clube à maior conquista de sua história.

O Corinthians adormeceu. E nem o beijo do Sheik serviu para despertar um clube que jogou a régua lá pra cima e perdeu o cacoete das crises. Desmotivado, previsível, lento, irritante. O torcedor não esconde mais a frustração, pois conhece bem o potencial do time. A urgência é inimiga do homem. E agora as pessoas olham para Tite e apontam a culpa em sua direção. Tite tem enormes responsabilidades sobre essa queda de rendimento, mas, ainda assim, não parece uma sentença justa.

É como aquele casamento que sofre por diversas razões, mas alguém decide acabá-lo alegando um motivo estúpido. Tite é hoje o marido que ronca.


Crédito imagem: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

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