Dívida pública, um século de braço de ferro
O fracasso das suas políticas privou os defensores da austeridade do argumento do bom senso económico. Agora, de Berlim a Bruxelas, governos e bancos baseiam cada vez mais o seu evangelho na ética: a Grécia deve pagar, questão de princípio! A história, entretanto, mostra que a moral não é o principal árbitro dos conflitos. Artigo de Renaud Lambert, Le Monde Diplomatique - Brasil. 24 de Abril, 2015 no ESQUERDA.NET Ilustração: Alves. Fonte: Le Monde Diplomatique - Brasil. Houve um tempo em que os Estados se libertavam facilmente do fardo da dívida. Bastava, por exemplo, aos reis da França executar os seus credores para sanar as suas finanças: uma forma imatura, mas comum, de “reestruturação”. i O direito internacional privou os devedores desse tipo de saída. Ele chegou a agravar a sua situação ao impor o princípio de continuidade dos compromissos. Os juristas referem-se a essa obrigação usando uma forma latina – Pacta sunt servanda (As condições devem ser respeitadas) –