STF é refém do Moro

“Fale num tucano grosso, de privilegiado foro, e seu depoimento será interrompido” – ​Advogado a delator seletivo, segundo navegante do C Af.



O Conversa Afiada reproduz trechos de entrevista do advogado Alberto Zacharias Toron a Mario Cesar Carvalho, na Fel-lha, que se locupleta com os “vazamentos seletivos” da Vara do Moro.

Toron é advogado de Ricardo Pessoa, da UTC, uma das vítimas do encarceramento televisivo promovido por Moro.  

NAS PROVAS, LAVA JATO SE PARECE COM GUANTÁNAMO, DIZ ADVOGADO

(…)

A Lava Jato teve os cuidados exigidos pela delação?

Acho que não. Vamos pegar o caso da UTC. Há dois meses nós pedimos vista ao conteúdo das delações, porque houve um vazamento, dando conta de que a UTC e outras empresas estavam envolvidas em pagamento de propina e em cartel. Tenho o direito de saber do que sou acusado para me defender.

Os processos de Guantánamo tinham provas secretas. Do ponto de vista das provas, a Lava Jato é semelhante a Guantánamo. É inadmissível que haja processos ou inquéritos com acusações gravíssimas, prisões, sem que os acusados tenham noção completa do que foi dito.

(…)

Eu não posso dizer que o Supremo é refém do [juiz federal Sergio] Moro. Mas até este momento o Supremo coonestou com uma verdadeira farsa. Nós vimos pela TV que o delator, ao prestar suas declarações, ia citar o nome de político e o juiz dizia”não”. É uma farsa.

(…)


Por quê?

Para conservar a competência de primeiro grau, o juiz impede a pessoa de citar o político que recebeu dinheiro. Vejo uma perigosa leniência. Isso fragmenta artificialmente o fato, de modo a não deslocar a competência ao Supremo, onde o caso inteiro deveria estar. Não se pode impedir a pessoa de mencionar quem está no circuito do crime.

(…)


Por que as empreiteiras querem tirar o juiz do caso?

Nós, advogados que temos experiência com o juiz Moro, temos uma profunda reserva em relação à forma como ele conduz as investigações. Você vai dizer que o juiz não conduz as investigações, mas neste caso o juiz muitas vezes está à frente do Ministério Público. Não queremos ter um juiz acusador. Queremos ter um juiz equidistante da polícia e do Ministério Público.


O juiz tomou partido?

Acho que não temos esse juiz equidistante. É triste e me pesa dizer isso, mas ele perdeu a imparcialidade. Acho que, apesar da retórica, ele já julgou o caso e nós vamos cumprir tabela. É por isso que decreta as prisões, num prejulgamento dos empreiteiros.

Navalha
Clique aqui para ler a resposta do senador Humberto Costa, uma das vítimas do Juiz Moro.
Paulo Henrique Amorim

Comentários