Thierry Meyssan: O afundamento de Israel e dos Estados Unidos
Os Estados Unidos e Israel são vistos como uma única e mesma entidade. Eles deverão responder juntos pelos seus crimes. . |
Por todo o lado — salvo na Europa — os judeus e os árabes se unem para gritar a sua dor e apelar à paz.
Por todo o lado, os povos dão-se conta que este genocídio não seria
possível se os Estados Unidos não estivessem a fornecer em tempo real
bombas ao Exército israelita (israelense-br). Em todo o lado, os Estados
chamam de volta seus embaixadores em Telavive e interrogam-se se
deveriam chamar de volta aqueles que enviaram para Washington.
Escusado será dizer que os Estados Unidos aceitaram este espectáculo a contra-gosto, mas eles não o autorizaram simplesmente, eles tornaram-no possível através de subvenções e de armas. Eles estão com medo de perder o seu Poder depois da sua derrota na Síria, da sua derrota na Ucrânia e talvez, em breve, da sua derrota na Palestina. Com efeito, se os exércitos do Império não mais provocam temor, quem é que continuará a realizar transações em dólares em vez de na sua própria moeda ? E, nessa eventualidade, como é que Washington fará com que os outros paguem aquilo que despende, como é que os Estados Unidos manterão o seu nível de vida?
Mas o que é que se passará no fim desta história ? Será que o Médio-Oriente se revolta ou será que Israel esmaga o Hamas ao preço de milhares de vidas ?
Devemos recordar que primeiro o Presidente Joe Biden apelou a Israel para renunciar ao seu plano de deslocar os Palestinianos para o Egipto ou, na impossibilidade, de erradicar o povo palestiniano da face da Terra, e que Telavive não lhe obedeceu.
Os « supremacistas judaicos » comportam-se hoje em dia como em 1948.
Quando as Nações Unidas votaram a criação de dois Estados federados na
Palestina, um hebreu e um árabe, as Forças Armadas auto-proclamaram o
Estado hebreu antes que se tivessem fixado as fronteiras. Os «
supremacistas judeus » expulsaram imediatamente milhões de Palestinianos
das suas casas (a « Nakhba ») e assassinaram o representante especial
da ONU que tinha vindo criar um Estado palestiniano. Os sete exércitos
árabes (Arábia Saudita, Egipto, Iraque, Jordânia, Líbano, Síria e Iémene
do Norte) que a eles se tentaram opor foram rapidamente varridos.
Hoje em dia, eles já não obedecem aos seus protectores e continuam a
massacrar, sem se dar conta que, desta vez, o mundo os observa e que
mais ninguém virá em seu socorro. No momento em que os xiitas admitem o
princípio de um Estado hebreu, a sua loucura põe em perigo a existência
deste Estado.
Lembramos a maneira como a União Soviética se afundou. O Estado não
tinha sido capaz de proteger a sua própria população durante um acidente
catastrófico. Morreram 4. 000 Soviéticos na central nuclear de
Chernobyl (1986), salvando os seus concidadãos. Então, os sobreviventes
perguntaram-se por que é que continuavam a aceitar, 69 anos após a
Revolução de Outubro, um regime autoritário. O Primeiro Secretário do
PCUS, Mikhail Gorbachev, escreveu que foi quando viu este desastre que
compreendeu que o seu regime estava ameaçado.
Depois foram os motins de Dezembro no Cazaquistão, as manifestações de
independência nos países Bálticos e na Arménia. Gorbachev modificou a
Constituição para afastar a velha guarda do Partido. Mas as suas
reformas não bastaram para deter o incêndio que se propagou no
Azerbaijão, na Geórgia, na Moldávia, na Ucrânia e na Bielorrússia. A
revolta dos Jovens Comunistas leste-alemães contra a Doutrina Brejnev
levou à queda do Muro de Berlim (1989). O desmoronar do Poder em Moscovo
levou à paragem da ajuda aos aliados, entre os quais Cuba (1990). Por
fim, deu-se a dissolução do Pacto de Varsóvia e o desmembramento da
União (1991). Em pouco mais de 5 anos, um Império, que todos julgavam
eterno, ruiu sobre si mesmo.
Este processo inelutável acaba de começar para o « Império Americano ». A questão não é de saber até onde os «sionistas revisionistas» de Benjamin Netanyahu irão, mas até quando os imperialistas norte-americanos os apoiarão. Em que momento, Washington estimará que tem mais a perder em deixar massacrar civis palestinianos do que em corrigir os dirigentes israelitas ?
O mesmo problema se coloca para ela na Ucrânia. A contra-ofensiva
militar do governo de Volodymyr Zelensky falhou. Agora, a Rússia não
busca mais destruir as armas ucranianas, que são imediatamente
substituídas pelas armas oferecidas por Washington, mas sim em matar
aqueles que as manejam. As Forças Armadas russas agem como uma
gigantesca máquina de triturar que, lenta e inexoravelmente, mata todos
os soldados ucranianos que se aproximam das linhas de defesa russas.
Kiev já não é capaz de mobilizar combatentes e os seus soldados
recusam-se a obedecer a ordens que os condenam à morte certa. Os seus
oficiais não têm outra escolha senão a de fuzilar os pacifistas.
Desde já muitos líderes dos EUA, ucranianos e israelitas falam de uma
substituição da coligação « nacionalista integralista » ucraniana e da
coligação «supremacista judaica», mas o período de guerra não se presta a
isso. No entanto, será necessário fazê-lo.
O Presidente Joe Biden deve substituir a sua marionete ucraniana e os seus bárbaros aliados israelitas, tal como o Primeiro-Secretário Mikhail Gorbachev teve que substituir o seu insensível representante no Cazaquistão, abrindo a via à generalização da contestação aos dirigentes corruptos. Assim que Zelensky e Netanyahu forem afastados, todos saberão que é possível obter a cabeça de um representante de Washington e cada um destes saberá que deve fugir antes de ser sacrificado.
Este processo não é apenas inelutável, ele é inexorável. O Presidente Joe Biden pode justamente fazer tudo o que está ao seu alcance para o abrandar, para o fazer durar, mas não para o parar.
Agora, os povos e os dirigentes ocidentais devem tomar iniciativas para sair deste vespeiro, sem esperar ser abandonados, tal como Cuba fez à custa de privações do seu «período especial». Há urgência: os últimos a reagir terão de pagar a conta de todos. Desde logo, inúmeros Estados do «resto do mundo» fogem. Eles fazem fila para entrar no BRICS ou na Organização de Cooperação de Xangai.
Pior ainda que a Rússia, que teve de se separar dos Estados Bálticos, os Estados Unidos devem se preparar para revoltas internas. Quando já não conseguirem impor o dólar no comércio internacional e o seu nível de vida se afundar, as regiões pobres recusarão obedecer enquanto os ricos assumirão a sua independência, a começar pelas repúblicas do Texas e da Califórnia (as únicas que, segundo os Tratados, têm juridicamente a possibilidade disso) [1]. É até provável que a dissolução dos USA dê lugar a uma guerra civil.
O desaparecimento dos Estados Unidos provocará o da OTAN e da União Europeia. A Alemanha, a França e o Reino Unido terão que fazer face às suas velhas rivalidades, à mingua de não as ter resolvido enquanto era tempo.
Em poucos anos, Israel e o «Império Americano» desaparecerão. Aqueles que lutarem contra o sentido da História provocarão guerras e mortes desnecessárias em massa.
TraduçãoAlva
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