Milhares vão às ruas de Berlim contra a ascensão da extrema-direita — e #BOL卐ONARO é lembrado como um perigo
, |
O Brasil está à beira de uma grande ruptura. Ficamos chocados como o fato de que, com Jair Bolsonaro, uma pessoa que tornou socialmente aceitável um discurso de ódio tenha chegado à liderança. Do lado alemão, não vejo nenhuma base para uma parceria estratégica com um presidente Bolsonaro. Yasmin Fahimi, presidenta do Grupo Parlamentar Teuto-Brasileiro
Ato contra intolerância reúne milhares em Berlim
Bolsonaro é lembrado em protesto contra extrema direita e por sociedade sem preconceitos. “Não nos deixemos dividir, muito menos por populistas de direita”, diz ministro alemão, sobre a ascensão do extremismo.
Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas do centro de Berlim neste sábado (13/10) protestar contra o racismo e a favor de uma sociedade mais tolerante. Os organizadores afirmaram que cerca de 240 mil pessoas compareceram à manifestação, que é apoiada por numerosas organizações, associações, partidos e personalidades alemãs de destaque.
O ato foi convocado pela aliança Unteilbar (indivisível, em alemão), sob o lema “Por uma sociedade aberta e livre: solidariedade em vez de exclusão”. Entre as metas da passeata está chamar a atenção para o perigo da ascensão da extrema direita, combater a discriminação racial e a xenofobia, além de protestar contra a morte de imigrantes no Mediterrâneo e cortes nas políticas sociais.
O Brasil também foi lembrado durante a marcha. Participantes levaram cartazes e faixas com dizeres de protesto contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Um placar trazia estampada, em inglês, a frase “Não use seu voto para matar direitos”, acompanhada da hashtag #Elenão.
Também foi realizado um ato de capoeiristas em homenagem ao mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê, assassinado na segunda-feira em Salvador, supostamente por um seguidor de Bolsonaro.
Em redes sociais, brasileiros convocaram alemães e conterrâneos para se juntarem à passeata em protesto pela “democracia no Brasil”, a cerca de duas semanas do segundo turno das eleições, no qual Bolsonaro disputa a Presidência contra Fernando Haddad (PT).
O protesto começou na praça Alexanderplatz e seguiu por ruas e praças do centro de Berlim, como a Potsdamer Platz, o Portão de Brandemburgo, até chegar na Coluna da Vitória, onde era previsto um ato de encerramento incluindo discursos e shows de música.
O ministro alemão do Exterior, o social-democrata Heiko Maas, qualificou como “uma mensagem extraordinária que tantas pessoas saiam à rua e mostrem uma postura tão clara” de que a sociedade é indivisível.
“Não nos deixaremos dividir, muito menos pelos populistas de direita”, disse o político, em entrevista à mídia alemã.
Ele afirmou que a maioria das pessoas na Alemanha é a favor da tolerância. “Um novo nacionalismo não soluciona nem um só problema”, acrescentou Maas. Ele ressaltou que a diversidade numa sociedade em que “são respeitados origem, cor de pele, religião e modo de vida é um enriquecimento, e não uma ameaça”.
Vista aérea de passeata em avenida que divide o parque Tiergarten, no centro de Berlim
Passeata por sociedade pluralista encheu ruas no centro de Berlim, como a avenida do parque Tiergarten
Passeata por sociedade pluralista encheu ruas no centro de Berlim, como a avenida do parque Tiergarten
Entre os que também anunciaram apoio à manifestação estão organizações como a Anistia Internacional, o Conselho Central dos Muçulmanos, grupos locais de ajuda a refugiados e personalidades alemãs como o grupo de rock Die Ärzte e o cantor pop Herbert Grönemeyer, que participam do show de encerramento do protesto. Também compareceram ao ato políticos do Partido Verde e da sigla A Esquerda.
O sentimento anti-imigrantes tem sido uma preocupação na Alemanha, assim como a crescente popularidade do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), após a chegada de mais de um milhão de refugiados ao país desde o início da crise migratória europeia, em 2015.
MD/dpa/efe
Leia também:
Comentários