SP: Por que estatal energética que dá lucro será alvo de privatização, questiona sindicato
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Se algo lhe dá lucro, você é obrigado a privatizar? Quais são as suas motivações? Essas são apenas algumas perguntas que ainda estão sem respostas para funcionários e sindicatos ligados à Companhia Energética de São Paulo (CESP), a mais recente “joia da coroa” prestes a ser privatizada pelo governo paulista.
Uma audiência pública foi realizada nesta terça-feira, na sede da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, a fim de esclarecer dúvidas tanto de trabalhadores e sindicatos, como de membros da iniciativa privada e da sociedade civil interessados no processo que está em curso.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o presidente do Sindicato dos Eletricitários do Estado de São Paulo, Eduardo Annunciato, lamentou a decisão do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em manter o que indicou ser uma tradição de governos tucanos: entregar estatais que dão lucro à iniciativa privada, e a “preço de banana”.
“A CESP representava, até dois anos atrás, 10% da geração de energia do país. Após a entrega de parte disso para empresas chinesas, reduziu para 4% a 5% do parque energético. Eles querem arrasar a joia da coroa. É uma lógica privatista, ideológica mesmo. Querem o Estado mínimo, que não detém empresa de infraestrutura estatal, e vão entregando tudo pelo caminho”, analisou.
ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL
Durante a audiência pública, outros representantes dos trabalhadores da CESP, como o Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo (Sinergia), também se manifestaram contra a privatização. Foi dada ênfase ao fato da empresa dar lucro ao estado, e não prejuízo, o que não justificaria o processo.
“O Estado constrói, desenvolve e entrega de mão beijada. Não sou contra a iniciativa privada investir no setor, mas que ela faça toda a tratativa e ganhe uma concessão, que seja por algumas décadas, para ganhar dinheiro. O que há hoje é essa lógica em que o país deixa de controlar um setor estratégico e vai perdendo a própria soberania nacional”, disse Annunciato.
O departamento jurídico da CESP recolheu algumas perguntas, mas pouco foi esclarecido aos trabalhadores. Aos interessados, a companhia dona de 1.540 megawatts (divididos em três hidrelétricas) foi apresentada a um mês do lançamento do edital. O leilão está previsto para setembro.
De acordo com o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, a venda do ativo vai permitir que São Paulo se foque em outras áreas mais relevantes – um discurso já usado no passado para vender outros ativos, como a distribuidora Eletropaulo, em 1998. Sobre esta companhia, aliás, Annunciato vê muita semelhança com a situação atual.
“Detectamos depois que a Eletropaulo foi vendida por R$ 2 bilhões, mas valia à época R$ 22 bilhões. Ou seja, o estado investe pesadamente para garantir a infraestrutura e, por questão ideológica, resolve entregar de bandeija. É uma maluquice”, completou o sindicalista.
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