Grupo invade a Câmara e pede intervenção militar
Carta Capital - por Redação, com reportagem de Renan Truffi — publicado 16/11/2016 16h54, última modificação 16/11/2016 17h32
Cerca de 50 manifestantes ocuparam o plenário para protestar contra o "comunismo" e a favor do fechamento do Congresso
Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Manifestantes tomaram o Plenário da Câmara |
Gritando palavras de ordem a favor do projeto Escola Sem Partido e de uma intervenção militar, um grupo de cerca de 50 manifestantes invadiu o plenário da Câmara dos Deputados na tarde desta quarta-feira 16. Membros do grupo também gritavam que é preciso "fechar o Brasil", "viva Sérgio Moro", em alusão ao juiz da Operação Lava Jato, e "a nossa bandeira jamais será vermelha".
Os integrantes do grupo – que afirmaram não pertencer a nenhuma organização – saíram da Comissão de Educação, dirigiram-se ao Salão Verde da Câmara e adentraram no plenário Ulysses Guimarães. Segundo o deputado Ricardo Izar (PP), os manifestantes estão relutantes a deixar a Câmara por estarem "esperando por um general".
Durante a invasão, houve empurra-empurra e embate com a Polícia Legislativa. A segurança da Câmara também expulsou a imprensa do local durante o tumulto.
Uma parte dos manifestantes segue dentro do plenário e se recusa a sair. O Salão Verde, contíguo ao local de debates e votações da Casa, foi isolado, e a Polícia Legislativa cogita usar a força para retirá-los do local.
Em meio à confusão, quebraram uma porta de vidro do plenário, interrompendo a sessão presidida pelo primeiro vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA). Com gritos de "só um general pode salvar o Brasil" e "general aqui", o grupo também diz protestar contra projetos de lei capazes de "frear" a Operação Lava Jato.
Em entrevista, um homem que se identificou como Jefferson Vieira Alves e empresário da construção civil, disse que o grupo financiou sua ida a Brasília e que confiava nos militares. "Queremos um general que venha para tomar providências”, disse.
10 medidas contra a corrupção
Em parte, os manifestantes se disseram motivados pelo que enxergam como uma tentativa de barrar as investigações da Lava Jato. Nesta semana, um dos focos do trabalho da Câmara é a conversão em projeto de lei das 10 medidas contra a corrupção, iniciativa do Ministério Público Federal que surgiu em meio aos escândalos da Petrobras.
Na segunda-feira 14, a possibilidade de juízes, procuradores e promotores serem denunciados por crime de responsabilidade foi retirada do parecer pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), relator do texto na comissão especial que discute o texto.
O anúncio da modificação no texto foi feito por Lorenzoni após uma reunião com procuradores da República, entre eles Deltan Dallaganol, líder da força-tarefa da Lava Jato. Apesar de defender a sua proposta, Lorenzoni disse que ficou convencido com os argumentos dos procuradores de que o momento não é o adequado para tratar do assunto.
"Não queremos misturar um projeto sério, que busca fechar as brechas por onde escapam corruptos e corruptores, com iniciativas que possam ser usadas para cercear a ação de investigadores”, disse o deputado gaúcho. “Consideramos, portanto, inoportuno discutir a questão do crime de responsabilidade neste momento. Isso deverá ser feito pelo Parlamento em outra oportunidade”, afirmou.
Nesta quarta, a polêmica girou em torno de uma troca de integrantes da comissão especial que analisa o texto por parte de partidos políticos supostamente interessados em conter o avanço das medidas. Pelo Facebook, Dallagnol denunciou a movimentação como um desrespeito a 200 milhões de brasileiros.
Repercussão
Para o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), a manifestação não aparenta ter conexão com uma suposta movimentação das Forças Armadas. "Não tem indício de que o movimento esteja conectado com qualquer ação militar. Não me parece que seja um movimento organizado por Forças [Armadas]. Me parece que é um movimento organizado por pessoas que simpatizam com a ideia e que estão tentando legitimar essa ideia".
Pelo Twitter, parlamentares como Érika Kokay (PT-SP), Maria do Rosário (PT-RS), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Jandira Feghali manifestaram-se sobre o incidente:
Não vou dar audiência para esse grupo que invadiu a Câmara. Lamentável.
Manifestantes pedem "general aqui, general aqui". Grupo invadiu plenário da Câmara e pede intervenção militar no Brasil pic.twitter.com/Xy1kFyL8wZ
— George Marques (@GeorgMarques) 16 de novembro de 2016
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