Polícia não é para atirar na cabeça de crianças, governador Pezão. E nem bater em quem protesta contra isso

Autor: Fernando Brito
alemao
É inconcebível que a Polícia Militar tenha recebido ordens de reprimir os protestos dos moradores do Areal, localidade do Complexo do Alemão onde, ontem, um garoto de 10 anos foi morto com um tiro de fuzil na cabeça.
Não pode haver “cobertura” do poder público para um ato de violência contra uma criança, mesmo que tenha sido involuntário por parte de um policial.
E, a crer no que diz o pai do menino, em O Dia, não foi:
“Quando fui socorrer meu filho, o PM falou que eu era vagabundo que nem ele. Falou que matou um vagabundo que era filho de um vagabundo”, declarou o ajudante de pedreiro José Maria Ferreira de Sousa, pai de  Eduardo de Jesus Ferreira”

O mínimo que poderia ser feito, além do dever de investigar, seria recuar e permitir que as pessoas manifestassem sua dor sem afrontas.
Mas a PM reprimiu com violência, segundo os jornais, um protesto pacífico dos moradores, como já haviam feito na véspera (foto).
Alguém consegue imaginar uma ação semelhantes se o protesto fosse pela morte, ainda que involuntária, de uma criança de dez anos, se isso tivesse ocorrido em Copacabana, Ipanema ou na Barra?
O episódio não pode estar sendo tratado por um capitão de plantão na Semana Santa.
É, depois do episódio de ontem, uma atribuição do próprio Governador do Estado, que não se pode aceitar ausente do caso.
Ouvi o comandante das Unidades de Polícia Pacificadora, hoje, na CBN, antes do conflito.
Tem de ser afastado, de imediato, porque não mostrou nenhuma compreensão da delicadeza do momento.
Em lugar de compreender e responder à dor da família e da comunidade, só o que disse é que “se não fossem os bandidos, isso não aconteceria”.
Ora, dos bandidos não se vai cobrar prudência ou respeito, não é?
Vivi algo assim há mais de 30 anos.
Dois policiais militares subiram o Morro do Chapéu Mangueira, no Leme, atirando contra um homem que havia roubado uma bolsa.
Uma menina de oito anos, sentada à porta de casa, levou um destes tiros e morreu.
Brizola determinou que os dois soldados ficassem presos em seu batalhão, até que o caso fosse esclarecido.
Foi o que bastou para dizer que ele não permitia que “a polícia subisse morro”.
Dilma está certíssima em exigir apuração do caso e Pezão erradíssimo em se escafeder do problema, até agora.
Está se tornando cúmplice.
Segurança pública não é atirar na cabeça de crianças.

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