A oposição caça Dilma

A criação da CPI para investigar a Petrobras é um pretexto para tentar atingir diretamente a presidenta e enfraquecê-la para a eleição
por Mauricio Dias 
A oposição não disfarça mais seu verdadeiro objetivo. É político e não econômico e, muito menos, preocupado com truísmos morais. O que se quer, na verdade, é a cabeça de Dilma e não apurar supostas irregularidades na Petrobras.
Nessa toada, os adversários bateram prontamente às portas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para responsabilizar judicialmente a presidenta por propaganda eleitoral antecipada em razão de um discurso habitualmente feito pelos presidentes no Dia do Trabalho.

O pronunciamento, transmitido em cadeia de rádio e televisão, não poderia fugir do contexto do tema do 1º de Maio. A presidenta, entre outras, falou da política de valorização do salário mínimo já na mira dos candidatos oposicionistas e de outras questões de interesse dos trabalhadores.
Em busca da cabeça de Dilma, a oposição, PSDB e DEM, anunciou que também recorreria ao Ministério Público Federal para pedir investigação de Dilma por improbidade administrativa. Tentaram o golpe contra Lula. Não deu certo.
“O interesse todo nessa história sou eu”, disse a presidenta, após tudo isso, a um grupo de jornalistas mulheres que recebeu para jantar.
A referida história tem na criação da Comissão Parlamentar de Inquérito a fantasia política exata. Para alcançar a opinião pública é preciso fazer barulho ,como disse, recentemente, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). A CPI faz barulho e ajuda a consolidar a hipocrisia. Historicamente tem sido assim.
A falecida UDN, ancestral da oposição de agora, tentou derrubar Getúlio Vargas com  a formação de uma CPI para apurar a criação da Última Hora, o único jornal que defendia o presidente. Os udenistas fizeram força igual, no governo JK, para instalar uma CPI com a suposta finalidade de conferir o uso de vidros na construção dos edifícios de Brasília.
O Partido dos Trabalhadores, no seu nascedouro, também agiu assim. Leonel Brizola colou naquele PT o apelido de “UDN de macacão”.  Em 1992,  a CPI foi instalada para apurar supostas corrupções no governo de Fernando Collor de Mello. Isso determinou o impeachment do presidente. Fez-se muito barulho e não se apurou nada com consistência.

Agora, 22 anos depois do acontecido, baseados na precariedade das provas, os ministros do Supremo Tribunal Federal absolveram o ex-presidente. Essa situação traz à mente do colunista a reação do advogado criminalista Evaristo de Moraes Filho. Numa tarde nublada, diante do repórter que o importunava no escritório, ele fechou os volumes do processo que consultava, e, com branda contrariedade, interrompeu a entrevista.
“Muito bem. Você insiste. Saio dos meus cuidados e, na intimidade desta sala, confesso a você que nunca votaria nele para presidente. Nesta maçaroca de papéis não existem provas convincentes”, falou ele, um dos maiores criminalistas brasileiros, para um repórter que argumentava sem bons argumentos.
O advogado estava certo. A prova é o resultado da votação no STF. Naquela ocasião nunca o PT foi tão bem acolhido pela mídia conservadora. O partido, interessado nos objetivos imediatos, alimentou a cobra que hoje pode picá-lo. A guerra, ensinou Clausewitz, é a continuidade da política por outros meios. Guerra e política. Para os dois casos pode-se usar, sem medo de errar, o velho bordão: a primeira vítima é a verdade.

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