Hackers russos, interferência americana e robôs virtuais: conheça as estratégias de Bolsonaro para enganar você

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Se ele está do lado das grandes corporações e dos interesses externos, ele não pode estar do lado do Brasil

16/10/2018

Ainda hoje você já deve ter recebido um tweet, visto algo no Facebook, ou uma corrente no WhatsAppque tenha tentado te confundir. Na maior parte das vezes, a informação era pura mentira, ou impossível de ser apurada. As mensagens não se preocupam com o português, nem com a estética, mas, mesmo assim, provocam em você alguma (qualquer uma) sensação; que nunca é positiva.
A infestação de mensagens de extrema-direita na internet é mais do que uma chatice coletiva dos apoiadores extremistas do deputado Jair Bolsonaro; é um projeto para tentar abalar a democracia, mexer com a esperança do eleitor e incitar o ódio e a violência a favor de candidatos que nunca estiveram ao lado do povo.
Nem seu tio, nem sua avó, nem aquele seu amigo de escola são culpados pela onda de fake news e ataques que estão manchando o processo eleitoral.

Bolsonaro tem um projeto articulado com grandes empresários internacionais para ganhar a eleição e recriar um Brasil no qual você não caiba.


Entenda o caso:

1. Bolsonaro tem quase meio milhão de bots para promover sua imagem em redes sociais

De acordo com levantamento feito em setembro, ⅓ dos seguidores de Bolsonaro nas redes sociais eram bots (contas falsas criadas para criar mais relevância para os candidatos). Essa foi a mesma tática usada por Trump para influenciar as eleições dos Estados Unidos no ano passado. Os bots disparam apenas mensagens programadas, com uso combinado de palavras-chave, com o intuito de fazer ideias – favoráveis ou contrárias, verdadeiras ou falsas – chegar a mais pessoas. O assunto, repetido milhares de vezes, fica “parecendo verdade” na cabeça do eleitor.

2. E, por falar em Trump… Steve Bannon inclui o Brasil na rota de movimento internacional de ultradireita

Steve Bannon foi o estrategista que usou de técnicas duvidosas, como fake news e ataques machistas e racistas, para bagunçar as eleições dos Estados Unidos e promover ondas de extrema-direita no país. Em entrevista recente, Bannon revelou que montou um plano global para levar aos maiores países do mundo as mesmas táticas que venceram nos EUA, e que isso inclui o Brasil.
E o que isso tem a ver com o candidato do PSL? Em agosto, Bannon veio ao Brasil para ensinar o filho de Bolsonaro a mesma cartilha que elegeu Donald Trump. As eleições do Brasil seguem o mesmo ritmo calunioso e instável que marcou o pleito norte-americano no ano passado.

3. Dados de agências de análise digital se combinam a antigas táticas militares para gerar caos no país

O marqueteiro Bannon deve boa parte do seu sucesso nos Estados Unidos ao trabalho da agência Cambridge Analytica. A Cambridge usou os dados particulares de milhões de usuários do Facebook (o que inclui likes, comentários e mensagens privadas) para criar algoritmos que separava os usuários em perfis psicológicos apurados. Após esse trabalho, a empresa usou diversos mecanismos para provocar um clima de “teorias da conspiração” no país. Rapidamente, um comportamento caótico politicamente e descrente da verdade, muito mais resistente a se convencer de algo diferente do que acredita.
A tática de guerrilha digital é, para o antropólogo Piero Leirner, uma adaptação de antigas táticas militares. A ideia é criar um efeito chamado de “guerra híbrida”, baseado em ataques de informação por meios não tradicionais, como o WhatsApp, onde a privacidade permite que as informações circulem sem nenhum compromisso com a realidade. A tática visa “fabricar operações psicológicas com grande poder ofensivo” para distorcer as eleições.

4. Por fim, ataques articulados por hackers russos favorecem Bolsonaro ao pôr em dúvida a própria democracia

A ação de hackers russos foi fundamental para mexer com o resultado das eleições nos Estados Unidos, favorecendo Donald Trump ao atacar sua oposição. Invasões de hackers russos à internet brasileira já foram registradas este ano, com o intuito de influenciar as eleições. Aqui, em vez de vazar documentos, os russos questionam o processo democrático e eleitoral, jogando dúvidas sobre o que está acontecendo no país e balançando a convicção das pessoas.
Bolsonaro se beneficia dessa tática porque tem uma vida pública de declarações antidemocráticas e ações antipovo. O candidato sempre lança dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral, a confiabilidade das urnas eletrônicas e tem o costume de exaltar o período da ditadura militar, que cassou a liberdade de expressão dos brasileiros por duas décadas. O caos articulado por Bolsonaro e seus apoiadores tem a intenção de trazer mais pessoas para seu lado ou, pelo menos, convencê-las a desistir de participar do processo eleitoral.

Ele se articula com agências de marketing, com a ultradireita e com hackers mal intencionados porque não pode se articular com o povo. Não deixe que as ações de Bolsonaro manipulem as suas opiniões e a de seus conhecidos. O Brasil não vai se deixar mergulhar no caos.

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