Fernando Brito: O duelo Cunha x Janot e o semimoralismo da mídia
5 de maio de 2015 | 15:29 Autor: Fernando Brito
Eduardo Cunha, como todo aventureiro, aposta sempre na ousadia.
É o que está fazendo, diante da acusação de que teria recebido, por ordem de Alberto Youssef, dinheiro como produto da chantagem sobre um lobista de uma empresa de afretamento de navios.
Joga abertamente com seu poder de Presidente da Câmara para colocar-se na posição de “cidadão acima de qualquer suspeita”.
O segundo, criar um clima de intimidação entre os servidores da Casa, ao demitir o responsável pelo setor de Informática, onde se revelaram os rastros dos requerimentos que mandou fazer para pressionar o lobista Julio Camargo e a Mitsui.
Explico: todos os computadores da Câmara, para serem acessados, exigem nome de usuário e senha e deixam gravados nos arquivos que se gera o gabinete onde foram criados. E o gabinete de onde partiram os tais requerimentos foi o dele, embora tenha sido, depois, assinados eletronicamente pelos que lhe serviram de “laranjas”.
Por último, fez seu lance mais ousado: pretender o arquivamento da investigação.
É lógico que Cunha sabe que não será arquivada assim, sem mais nem menos, mesmo que tenha havido o “sumiço” do ex-policial Jaime “Careca”, que teria sido o portador da “mala” de dinheiro.
O que ele busca é o confronto o mais público possível com o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.
Pretende que, na Presidência da Câmara, peça chave para a mídia que quer demolir o Governo tem, por isso, o delírio alcançar o poder total.
Conta com que, mais cedo ou mais tarde, mesmo que convicto do contrário, Janot desista.
Sabe, também, que conta com a inapetência de parte expressiva dos procuradores, da Polícia Federal e do próprio Juiz Sérgio Moro em investigar aquilo que não contribua para o projeto “Delenda PT” que inspira toda a Lava-Jato.
Se vai conseguir? Não é provável, até este instante, mas está longe de ser impossível.
Mesmo que seja muito útil para enfraquecer o Governo, Cunha está fadado a ser como seu primeiro padrinho político, Fernando Collor.
Útil para derrotar a esquerda, imprestável para governar pela direita.
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