A vitória frágil de Bolsonaro, que expressa o sentimento de apenas 10% do país
Por Marcos Coimbra - no 247 - 15/03/2019 . Um erro comum na análise politica é interpretar as vitórias eleitorais como sinal da superioridade dos mais votados e da inferioridade dos derrotados. Os ganhadores seriam “melhores” porque souberam “se dar bem”. O tempo passa e, muitas vezes, chega-se ao oposto. Quem ganhou se apequena e o derrotado fica maior. Ri melhor quem ri mais tarde. Sessenta dias depois da posse, Bolsonaro já está menor, antes sequer que o desgaste inevitável do governo produza efeitos. Não está sendo necessário aguardar para que a realidade frustre as expectativas da população. Em seu caso, essa tendência à entropia é acelerada e agravada pelo discurso de campanha. Tomando emprestada a ficção, disseminada nas elites e nas classes médias, de que todos os problemas nacionais são “culpa do PT”, Bolsonaro dispensou-se de fazer qualquer diagnóstico sério e adotou o antipetismo como bandeira fundamental. De própria, apenas uma ideia: “matar bandido”.