Pode não ser nada disso. Por Marco Aurélio Mello

foto: Victor Iglesias/Free Images
por Marco Aurélio Mello - no VIOMUNDO - 19/06/2018

Pai e filho estudam para a prova.
É sexto ano do ensino fundamental II.
Para os coroas, como eu, equilavale à quinta série do primário.
A disciplina? História.
O tópico? Roma.
Estudar as civilizações depois de tantos anos é interessante.
E chocante, por constatar que pouca coisa mudou nestes últimos 3 mil anos.
Veja só:
Quem tinha terras produtivas tinha fortuna e poder político.
Quem não tinha terras, mas tinha um padrinho rico, intermediava as relações entre quem mandava e quem obedecia.
Quem não tinha terras servia a quem tinha.
E quem tinha, ou dívida, ou era prisioneiro de guerra, virava escravo, incluindo seus dependentes.
Portanto, pela ordem havia: patrícios, clientes, plebeus e escravos.

Trazendo para o Brasil de hoje:
Há a plutocracia, que controla o poder político.
Há os prepostos: com cargo eletivo, funcionários públicos concursados ou de alto escalão e setores da classe média servil, que juntos fazem o “serviço sujo”.
Há os pequenos comerciantes e trabalhadores intelctuais e braçais “livres”.
E há os escravizados, quase todos pretos.
Só para relembrar, rapidamente:
A capital do império surgiu no cento da bota, a penílsula itálica, por volta de 750 anos antes do nascimento do redentor, Jesus Cristo.
Diz a lenda que a origem do que veio a ser o império Romano deveu-se aos irmãos Remo e Rômulo, dois bebês abandonados, alimentados por uma loba que, adultos, tomaram o poder.
O crescimento de Roma teria se dado na base da propaganda.
Muito em função da aptidão pelo comércio e pelas boas relações com os fenícios do norte da África.
Além dos etruscos, considerados povos originários, foram atraídos à região os úmbrios, latinos, sabinos, samnitas e gregos.
Depois do curto período monárquico, veio a República, regime que lá desembocou no império e que inspirou as democracias modernas.
Mas como funcionava aquele regime?
Quem governava era o Senado.
Só quem podia ser senador eram os patrícios mais velhos.
De tanto a plebe (soldados e comerciantes) reclamar, abriram espaço para dois representantes destes.
Em situações de ameaça interna ou externa o Senado nomeava um único representante.
Assim nasceu a figura do imperador.
A simplificação se deve ao fato de que trata-se de uma prova de sexto ano.
Quando ele crescer vai ver que não é nada disso, hehehe….
Hoje o Império é outro: o da América do Norte.
A Itália, a quem devemos parte de nossa miscigenação, cultura e culinária também nos deu o anarquismo, o trabalhismo, o fascismo, a República, as relações clientelistas (entre patrícios e clientes), a corrupção, a Operação Mãos Limpas, o Belusconi, o Sérgio Moro e, ao que tudo indica, nos dará em breve um Supremo Soberano, na figura de um imperador, ou imperadora.
Muito em breve.
Minha aposta? Carmén, a bizarra.

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