Empresários do setor de óleo e gás se dizem 'traídos' por Temer

"COISA ESTRANHA"
Segundo conselheiro da Abimaq, setor apoiou mudança nas regras de exploração do pré-sal com a promessa de manutenção da política de conteúdo local. Traição do governo deve custar 1 milhão de empregos
por Redação RBA publicado 01/03/2017 
REPRODUÇÃO/TVT
pré-sal
Depois da abertura do pré-sal às multinacionais, veio a mudança na política de conteúdo local
São Paulo – Segundo o presidente do conselho de óleo e gás da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), César Prata, empresários do setor foram instados a apoiar projeto de lei do então senador José Serra (PSDB-SP) que mudou as regras de exploração do pré-sal para ampliar a participação das petrolíferas estrangeiras, com a promessa de que não haveria mudanças na política de conteúdo local.

"Essa promessa não está sendo cumprida. Demos o apoio e agora estamos nos sentindo traídos", afirmou Prata em entrevista ao portal Brasil 247 na última sexta-feira (24). Segundo ele, além de setores do governo Temer, as pressões para excluir a indústria brasileira do jogo partiram também das petrolíferas estrangeiras. 
Na semana passada, o governo federal anunciou as mudanças para o setor, cortando quase pela metade os percentuais de obrigatoriedade de conteúdo local nos empreendimentos de exploração de petróleo. Com a mudança, a Petrobras e as estrangeiras poderão adquirir máquinas e equipamentos no exterior. Segundo Prata, a "traição" pode custar cerca de 1 milhão de empregos. 
O empresário relatou que, antes de se licenciar, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, marcou reunião com os empresários do setor de óleo e gás para debater a política de conteúdo nacional. No entanto, antes disso, o governo já exibia vídeo nos Estados Unidos apresentando aos estrangeiros as oportunidades de negócio sem a obrigatoriedade de conteúdo local.
Para o presidente do conselho de óleo e gás da Abimaq, há algo de "estranho" na relação entre o governo Temer e as grandes petroleiras internacionais como Shell, Exxon, Chevron, Total e Statoil. "Tem aí qualquer coisa errada de fato. O que o mercado está comentando agora é que a relação dessas empresas de petróleo estrangeiras com o governo tem alguma coisa de estranha. Uma relação incestuosa, supõe-se."

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